O OUTRO FILHO DO BRASIL

Aprendi a conjugar o verbo caetanear desde que aprendi a roçar a minha língua com a de Luís de Camões. Desde que me senti a filha da Chiquita Bacana, não entrando em cana porque sou família demais.

Aprendi a conjugar o verbo caetanear desde que descobri que tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem, pois a Bahia tem um jeito.

Aprendi a conjugar o verbo caetanear desde que aprendi que atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Desde que percebi que meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer. Que o amor é um bálsamo benigno, meu signo, meu guru.

Aprendi a conjugar o verbo caetanear muito antes de admirar Alexandre, o grande, que nasceu no mês de leão, sua mãe uma bacante, e o rei, seu pai, um conquistador tão valente que o príncipe adolescente pensou que já nada restaria pra, se ele chegasse a rei, conquistar por si só.

Aprendi a conjugar o verbo caetanear desde que o sol nas bancas de revistas me encheu de alegria e preguiça, andando sem lenço e sem documento, nada nos bolsos ou nas mãos. Desde que senti que o ciúme e sua flecha preta me acertariam no meio exato da minha garganta.

Aprendi a conjugar o verbo caetanear desde que aprendi que tudo é divino e maravilhoso, mas ATENÇÃO, é preciso estar atento e forte.

Aprendi a conjugar o verbo caetanear desde que descobri que é proibido proibir.

“Vocês não estão entendendo nada. Nada!”

Texto : Manno Góes - Janeiro 2010
Baixista e Vocalista banda Jammil e Uma Noites



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