O tema busca homenagear os mestres Prego e Neguinho do Samba e será executado pelo artista plástico Ray Vianna Em 2011, a decoração do Carnaval do Pelourinho vai fazer uma homenagem póstuma aos mestres da percussão Prego e Neguinho do Samba – falecidos, respectivamente, em julho deste ano (2010) e em outubro de 2009. A decoração será realiada através do trabalho do artista Ray Vianna, vencedor do Concurso Público para a Decoração do Carnaval do Pelourinho 2011 com o projeto Batuque no Pelô. A homenagem aos referidos músicos se deve ao fato de que eles desenvolveram em vida um importante trabalho social no Centro Histórico de Salvador (CSH), proporcionando a inclusão de diversos jovens, crianças e adultos, através de projetos que integram música a valores de qualidade de vida. O edital para o referido concurso esteve à disposição de empresas e artistas desde o dia 25 de setembro do corrente ano e seu resultado foi anunciado em 12 de novembro. A festa carnavalesca do Centro Histórico de Salvador é uma realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, por meio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e do programa Pelourinho Cultural.
Através do projeto de Vianna, elaborado em parceria com o artista João Teixeira, o Centro Histórico será transformado em um set de percussão em forma de orquestras de agogôs, xequerês, timbaus, surdos, zabumbas, pandeiros, cuícas, tambores e tantos outros que serviram de inspiração para os artistas. Vianna destaca que a tridimensionalidade está presente na maioria das peças que comporão o cenário. “A linguagem gráfica e alegre de onomatopéias propaga o som e o volume que vem dos instrumentos através das imagens variadas de mãos e baquetas”, afirmou Vianna, que complementa: “Nossa inspiração está na alegria da música percussiva baiana e na beleza do impacto visual causado pela diversidade de formas e cores dos próprios instrumentos dispostos em um set de percussão, onde os mesmos são organizados em conjunto, facilitando o trabalho do músico no momento do show”. O projeto Batuque no Pelô, que tem como marca a imagem do apito – o abre-alas e regente das diversas orquestras de percussão, e traz como novidade a já citada linguagem tridimensional, que incentivou os artistas a pesquisar novos materiais que possibilitassem volumetria, modelagem, leveza e maleabilidade na montagem das peças. Vianna destaca ainda que o Batuque no Pelô inova também na distribuição dos elementos decorativos que ornamentarão toda a extensão das ruas, não limitando-se somente aos pontos das cordoalhas. Segundo o artista, os temas e técnicas utilizadas em cada um de seus trabalhos são diferentes, variando de acordo com a situação e com as características de cada projeto, no entanto, tudo que produz é influenciado pela cultura baiana-africana. “As cores vibrantes, os contrates da luz da cidade, a mistura de todas as coisas, do barroco ao candomblé, do tropicalismo ao axé. Além disso, a contemporaneidade das linguagens virtuais me atrai e traduz a minha expressão”, sublinhou.

TRAJETÓRIA
Ray Vianna tem uma forte ligação com o carnaval de Salvador, desde os anos 70, quando iniciou sua carreira participando dos projetos de Juarez Paraíso e Renato Vianna, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Vianna conta que, naquele período, havia grande concorrência e a disputa era acirrada entre os artistas. “Depois disso o carnaval continuou na minha vida através do envolvimento com a música, com as bandas e artistas da cidade, me levando a assinar decorações de trios, carros alegóricos, instrumentos musicais e cenários de shows”. Segundo o artista este universo foi direcionando seu trabalho para a rua e ao mesmo tempo para o design gráfico, resultando na elaboração de trabalhos como premiadas capas de CDs. Ele afirma ainda que, durante o desenvolvimento dos projetos de sua autoria, o design, a cenografia, a comunicação visual, a decoração, a parte estrutural das peças e a volumetria estão intrinsecamente integradas, compondo a expressão que caracteriza suas obras. Entre os diversos trabalhos realizados pelo artista, Vianna destaca o envolvimento com Carlinhos Brown. “Fizemos muitas coisas juntos, a começar pela Timbalada e toda a sua identidade visual, o Guetho, o Camarote Andante, o Museu du Rítmo, a Decoração da Festa de Yemanjá e muitos carnavais”. Paralelo a este universo, Ray Vianna tem desenvolvido projetos pessoais em artes plásticas, como esculturas de grande porte em metal – a exemplo da “Odoyá” no Rio Vermelho, telas com linguagem tridimensional e computação gráfica, além de participar de exposições como Open Art Brasil França em Paris, de 04 de setembro a 02 novembro de 2010.

CARNAAL DO PELOURINHO
Tradicionalmente conhecido por atrair famílias e foliões das mais variadas faixas etárias, em 2011 o Carnaval do Pelourinho será realizado de 03 a 09 de março e contará com programação artística diversificada a fim de atender aos gostos musicais, de baianos e turistas. Serão mais de 50 atrações de música, dança, teatro, performances, poesia e recreação infantil, nas ruas, praças e largos nos turnos da manhã, tarde e noite em meio ao casario chancelado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade oferecendo, por isso, mais charme e um cenário diferenciado para a festa. O diretor de Patrimônio do IPAC, Paulo Canuto, destaca que, dentre os circuitos carnavalescos de Salvador – Dodô, Osmar e Batatinha – o Pelourinho tem o melhor acesso e conforto para os foliões. “O Centro Histórico é circundado por três importantes terminais da cidade – Barroquinha, Aquidabã e Terminal da França – e importantes vias de veículos, que são as avenidas da França, Contorno, Jequitaia, Joana Angélica, Heitor Dias e Bonocô, além da Baixa dos Sapateiros, que facilitam acesso para o leste, sul e norte da cidade”, explica. Além disso, as 32 ruas de acesso ao Pelourinho, mil vagas de estacionamentos privados – Pelourinho e Comércio -, três mil vagas em zonas azuis nas ruas próximas e 96 linhas de ônibus na malha viária dos bairros do entorno, garantem mais conforto, segurança e melhor acesso aos foliões em todos os dias do festejo. Elevador Lacerda, planos inclinados Gonçalves e Pilar, ladeiras da Conceição, Carmo, Montanha e Taboão também são apontados como outros facilitadores.

Fonte : Pelourinho Cultural in Lara Vital Prado - dezembro 2010

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