G.R.C.S.E.S. UNIDOS DO PERUCHE
Fundação: 04/01/1956
Cores: verde, amarelo, azul e branco
End.: Av. Ordem e Progresso, 1061 Bairro do Limão
Site: www.unidosdoperuche.org.br
Enredo: O povo da floresta está em festa. A tribo da Peruche vai passar.
Classificação 2012: 5ª colocada – 178,6 pontos
A Agremiação conta os mistérios que irá desfilar na avenida em 2013 :
" Em nosso enredo vamos falar de um povo ora relegado pela história e muitas das vezes, como numa ironia, classificados aos olhos dos colonizadores como exóticos em seu próprio habitat. Vamos falar de nosso ÍNDIO, os verdadeiros donos dessa terra, por eles chamada de PINDORAMA apelidada pelo invasor de BRASIL.
Faremos uma grande festa em homenagem a esse povo tão peculiar e de cultura tão sublime em seu modo de viver, seus rituais e sua arte. Evocando os deuses da floresta numa ode de respeito aos povos indígenas vamos unir sotaques, e vozes de um povo que até hoje resiste, brigando e lutando em defesa de sua sobrevivência, seu espaço e suas tradições. Como num rio caudaloso vamos desaguar na avenida de desfiles Anhembi: paisagens, lendas, mitos, rituais, folclore e influencias de um povo que bravamente contribuiu na formação dessa Aldeia chamada BRASIL.
O índio só sobrevive na sua própria cultura – Irmãos Villas Boas
ABERTURA - MISTÉRIOS DA CRIAÇÃO DO MUNDO - O SURGIR DA VIDA E A MORTE NO ALTO XINGU
Eu sou Índio… Sou Brasil. Sou verdadeiro dono dessa terra…
Sou da Floresta… E junto a Unidos do Peruche convidamos a todos para uma grande festa.
E os tambores anunciam… A festa vai começar!
Pareats vão de tribo em tribo, convidar todos para esta festa.
De inicio… O mito da criação do mundo na tradição dos índios xinguanos.
Xingu – Surge a vida – Matas, águas, mistérios, festa de louvor a vida e o surgimento do mundo e seus viventes no coração do Brasil. Xingu é Paraíso de Mavuttsinim – O deus Criador do Sol e da Lua. Foi usando de toras de madeira que ele criou os viventes e seu universo. Criou as tribos Kamayurá – a tribo do arco preto – Kuikuru – tribo do arco branco – Waura – a tribo da panela. Mavuttsinim é o criador de todo universo mitológico no mundo xinguano.
Morte e ressurreição – É Kuarup… Festa e ritual – Troncos de madeiras que outrora ganharam vida, agora representam os mortos. Os maracá-êp entoam cânticos. Celebração dos ancestrais em rito de ressurreição. Índios mortos na busca dos caminhos de Ivat. Para louvar seu Deus e os mortos os índios cantam, dançam, bebem e lutam o huka-huka ao som das aruás em ritual de tamanha beleza.
Assim é a crença de criação do mundo, vida e morte das tribos do Alto Xingu.
1º SETOR - INDIOS DO BRASIL – LENDAS INDÍGENAS
Tantas lendas para contar…
A oca é a morada, cacique é o guerreiro, a taba é a aldeia, pagé o feiticeiro, Tupã é o Sol e Jaci é a Lua
Sou lendas, mitos sonhos e ilusões.
Máscaras rituais escondem meus mistérios e enfeitam o baile da selva. Lendas, mitos e mistérios. Cobras de asas, mulheres metade gente metade peixe… Seres sobrenaturais.
No amazonas – Mulheres guerreiras, lendas da vitória régia, do boto cor de rosa e tantos segredos a desvendar.
Ao sul do Brasil Deus MBoy – Lenda das cataratas do Iguaçu – MBoy protetor da Cachoeira Grande – Sou o supremo Deus e criador. Sou uma cobra grande temida, sou gente, sou mistério.
De norte a sul, de leste a oeste deste país. Sou índio criança. Um curumim dançante embrenhado no matiz verde de nossas matas.
2º SETOR - SOU NAÇÃO… SOU TRIBO BRASILEIRA - RESISTÊNCIA, PASSADO, PRESENTE E FUTURO – DA NATUREZA E DA ARTE
Sou Tupi… Sou Guarani… Sou de cultura tradicional
A natureza é meu santuário. Respeito a fauna e a flora que meus deuses me deram.
Faço arte de belas tramas, trançados e fiados. Talho e esculpo o barro que vem do chão dando forma a minha criação. Da palha e do mato tranço, fio minhas invenções.
Vivia em paz num paraíso tropical… Pindorama. Uma população de aproximadamente cinco milhões de habitantes.
Homem branco aqui chegou. Vorazes… Covardes e sem piedade. Tive que lutar. Lutas constantes. Desrespeito a minha cultura, hábitos e maneira de viver. Diziam querer em nome de Deus e da Cruz de Jesus nos Civilizar. Tentaram…
Me defendi com resistência e ritual – canibalismo. Em nome da vitoria: matar, comer, festejar. Ser escravo jamais – fogo nesse chão, plantações inteiras em destruição.
Na história fui índio herói. Muitas das vezes omitido. Poucos relatos de minhas façanhas. Nem mesmo nossas vitórias que ajudaram os portugueses a ampliar esse território, são lembradas. Tibiriçá salvou São Paulo (SP), Araribóia venceu os franceses, Felipe Camarão, derrotou os holandeses. Fui usado, matei, lutei guerreie.
Na guerra do Paraguai, Kadiuew, – cavaleiros e boiadeiro – presença marcante em defesa do território brasileiro.
Lutei… Brigo e resisto… Infelizmente… Luta na qual somente existe um ganhador. A vitória daquele que se julga civilizado.
Mas de 500 anos se passaram… Muitas perdas. Tribos dizimadas em sua maioria. As que restam agonizam… Mas minha semente ainda vive nesse chão… Sou índio, sou tribo, sou aldeia, sou Brasil. Sou Nação.
3º SETOR -
PRESENÇA E IMAGEM – POÉTICA E MÍTICA DO ÍNDIO EM NOSSAS
ARTES E CULTURA – INDIANISMO – ANTROPOFAGIA – RELIGIÃO
Fui tema de diferentes movimentos literários. Fui a idealização de um Brasil. Muitos escritores falaram sobre mim. Fui herói, fui inocente e Inspirei muitos romances. Nas páginas de José de Alencar símbolo de mitologia e brasilidade. Pelas mãos de Carlos Gomes virei ópera e no Teatro de Milano na Itália como O Guarani me apresentei.
Das gotas de tintas e pincéis; em todos os estilos: do clássico ao moderno. Minha alma e beleza natural enfeitaram e me denunciaram expondo quem eu sou.
No Movimento Modernista – Inspiração Antropofágica. Ali estava o sentido de quem sou. (aba = homem e poru = que come). Como engulo e degluto. Faço festa e quero liberdade. Sou afirmação de nossa cultura dando alma a brasilidade. Sou índio. Inocente e brincalhão. Sou Sim! Ma também sou valente e brigão.
Dizem que sou a invenção do Brasil. Só sei que me inventam e reinventam, em tantas versões contadas e encantadas. Como personagem desta história eu estou nos palcos e telas de cinema. Alma, costumes e memórias traduzidas em tantas estórias.
O Oké, caboclo!, Xeto, marromba, xeto!. Sou dono da floresta. Conhecedor das ervas e suas curas. Sou caboclo raizeiro. Sou sete flechas, sou pena branca, Ubirajara, sou Cobra Coral… Sou religião. To na umbanda e no candomblé. Trago a cura e fé.
Também sou fantasia, sou alegria, brinco carnaval. Sou Cacique de Ramos, blocos de Recife, das ruas e tantas folias mais. Índio quer apito. Mim só quer brincar. Sou da Paz. Sou Brasil. Estou no carnaval. Sou liberdade. A pura felicidade.
4º SETOR - DANÇA E FESTAS DO POVO DA FLORESTA
Danço, canto e faço festas… Danço para o sol e para a lua. Celebro a vida! Em meus rituais e crenças, a dança e a música não podem faltar.
Danço para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos meus costumes. Para preparar a guerra e quando volto dela também danço. Danço para celebrar um cacique, colheitas, uma boa pescaria, assinalar a puberdade de adolescentes, espantar doenças, epidemias e outros flagelos. Danço para a vida e para morte.
Sou Cacique Bororó, guerreiro, corajoso mato a onça com as mãos. Sou dançarino… Cubro o rosto, pés e mãos com a pele da onça morta e palha de palmeira. Bato forte o pé no chão, representando a alma da onça que se foi.
Sou índio potiguar bailo… Toré, meu ritual sagrado para não esquecer antepassados. Símbolo maior de resistência, memória… Lembranças e união entre os índios do nordeste. Bailado que rememora um elo em comum. Somos todos irmãos.
Já dancei até para Corte Francesa. Foi em Ruão na França – 1550. Era uma Festa à Brasileira. Lindos corpos, coragem beleza sem igual. Nas margens do Rio Senna… Ares do Renascimento, sonho e poesia a magia da floresta eu apresentei. Encenei e dancei. Cultura, arte e o esplendor do novo mundo eu mostrei.
Pindorama virou Brasil… Brasil tornou-se Brasis. Misturei… Miscigenei… No bailado da miscigenação, balancei, pulei, pisei forte neste chão. Deixei: cateretê, caiapós, cururu, e tantas heranças mais.
Inspirados em mim, brancos, negros, mulatos, cafuzos, mamelucos e todas etnias desse Brasilzão se fantasiam de índios e dançam caboclinhos. Dançando, simulam a caça e o combate, e no carnaval invadem ruas, praças e avenidas do nordeste.
Em muitas festas, e folguedos oriundos da miscigenação, personagem também eu sou. Bois Bumbás! Português… Negro… Índios… E na mistura cultural sou personagem principal. Teve origem no nordeste. Espalhou-se por todo Brasil. Chegou a Ilha de Parintins. Lendas e mitos indígenas foram cada vez mais adicionados em suas apresentações. No seio da floresta hoje sou Festival de Parintins. Uma grande Festa. Síntese que traduz a alegria, sinergia e força das festas coletivas indígenas.
Amazônia – a Floresta é a tela – Parintins em festa – 2013 – Boi Garantido e o Boi Caprichoso, um século de história. De lendas, alegria, mistérios e folia.
Das Matas fechadas para o Rio dos Anhambus ou Anhembi a Selva de Pedra, essa é a homenagem da Peruche para o Povo da Floresta.
Hoje esqueço as mágoas e o desrespeito. Brinco, protesto, canto e danço. O samba e minha voz… Traduzindo uma luta que ecoa pelo mundo dizendo quem eu fui quem eu sou. A Peruche a Bandeira representando minha garra de fé e resistência.
Sou índio… Sou Brasil! Sou arte e cultura! Sou Guerreiro! Sou identidade!
Sou Peruche! Sou Aldeia! Sou tribo! Sou Tupi. Sou Guarani Sou Pataxó, Sou Xavante, Cariri, Ianomâmi… Sou Carajá, Pancararú. Sou Carijó, Tupinanjé, Potiguar, Tamoio, Caeté, Tupinambá… Somos o Brasil!
Liga das Escolas de Samba – SP - setembro 2012
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