A casa onde o pai da capoeira regional Mestre Bimba morou no Nordeste de Amaralina abriga há dois anos um dos mais criativos projetos artísticos e sociais de Salvador, o Quabales. Criado pelo músico e dançarino baiano Marivaldo dos Santos, um dos componentes do grupo Stomp, o Quabales é voltado para jovens e crianças e tem como proposta mesclar as referências da música baiana e da companhia de origem britânica.
Este ano, a performance dos garotos e garotas poderá ser conferida pelo público baiano e turistas durante o Carnaval em sua apresentação na abertura da festa ao lado do Stomp, do Olodum e Orquestra Sinfônica da Bahia, em palco na Barra, na quarta-feira, e nos desfiles que farão no Circuito Osmar/Campo Grande, na sexta e no sábado. O grupo estará também na terça-feira de Carnaval do Nordeste de Amaralina. Antes disso, o Quabales participa, no dia 9 de fevereiro, do projeto que o cantor Saulo Fernandes está promovendo no Parque da Cidade, no bairro do Itaigara.
Morando há 20 anos nos Estados Unidos, Marivaldo cresceu no Nordeste de Amaralina e, ao se consolidar profissionalmente, decidiu ajudar seu antigo bairro a partir da arte. Hoje, o Quabales atende a cerca de 60 jovens que, além de aprenderem a tocar os instrumentos, muitos deles feitos a partir de material reciclado, também é responsável pela sua fabricação e manutenção.
“Usamos de todo tipo de material como galões e tonéis de plásticos, latões de lixo e vassouras e também os instrumentos de percussão tradicionais”, conta Marivaldo. Como ele passa a maior parte do ano fora do país nas apresentações com o Stomp, no dia a dia, o trabalho do Quabales é acompanhado por dois professores: Deny Conceição, que toca com grupo brasiliense Natiruts, e Marquinhos Show, conhecido por sua atuação com artistas da música baiana.
Mais apoio - Segundo o criador do Quabales, a meta é ampliar o número de professores e de oficinas. O problema é que, no momento, ele é único patrocinador de todo o projeto. “Para começar, precisamos de um espaço mais adequado para as aulas. Onde estamos hoje temos alguns problemas como o barulho que incomoda os vizinhos e falta de melhor estrutura. Com mais professores, poderíamos ampliar as oficinas oferecidas à comunidade”, coloca Marivaldo dos Santos.
Uma das primeiras pessoas a se inscrever no projeto foi Alana Gabriela da Conceição Santos, 14 anos. Este ano, ela começa no ensino médio e quer fazer vestibular, mas, com sua experiência no grupo, já pensa em considerar a música na sua futura vida profissional. Para Alana, até agora a performance que mais a emocionou aconteceu no Hospital Sarah. “Foi muito bom, porque fizemos um carnaval para os pacientes que não podiam sair de lá”, lembra.
Seu colega de projeto Wesley Vinícius Celestino, 14 anos, já tocava no Olodum quando conheceu o Quabales. Hoje faz parte dos dois grupos. “Gosto de participar dos dois. A diferença aqui é que os instrumentos são diferentes”, diz Wesley.
Fonte : Agecom Salvador (03/02/2014) - fevereiro 2014
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