As “Plásticas Sonoras” do músico suíço Walter Smetak – que marcou a história da música brasileira, influenciando movimentos como a Tropicália – estão em exposição no Centro Cultural Solar Ferrão, Pelourinho, Salvador BA.
O músico suíço-baiano Anton Walter Smetak completaria 101 anos de vida em 12 de fevereiro. Seus instrumentos, “As Plásticas Sonoras”, são considerados obras de arte por críticos e pesquisadores, e podem ser conferidos na mostra de longa duração “Smetak – O Alquimista do Som”, no Solar Ferrão (Pelourinho). A mostra apresenta as peças do acervo da família do músico suíço que viveu na Bahia entre 1937 e 1984 – restauradas e expostas anteriormente apenas no Museu de Arte Moderna da Bahia e no de São Paulo, em 2007 e 2008, respectivamente. O acervo está tombado provisoriamente, em estudo para composição do dossiê.
WALTER SMETAK
Professor, artista visual, místico, violoncelista, criador de instrumentos-esculturas, filósofo, utopista, profeta, visionário… Anton Walter Smetak era mesmo alguém difícil de ser captado. Mais ainda quando se esperava dele alguma justificativa ou explicação sobre a vida ou o trabalho: “Falar de música é uma besteira (…)”, dizia.
Ele nasceu na Suíça em 1913 (filhos de ciganos tchecos), e radicou-se no Brasil em 1937, falecendo em Salvador no ano de 1984, por conta dos efeitos de um enfisema pulmonar. Lecionou na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, influenciando toda uma geração de artistas, a exemplo de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rogério Duarte, Tom Zé e Tuzé de Abreu. Também têm Smetak como inspiração grupos como o mineiro Uakti e Adriana Calcanhoto, que em uma de suas músicas toca o “Piston Cretino” de Smetak. Sua obra abordou questões relevantes para a produção musical do século XX, ligadas à experimentação, aos microtons, ao não temperamento da escala musical, à improvisação, etc.
Recebeu o prêmio de Personalidade Global do ano para música, da Rede Globo de Televisão, em 1974 e, neste mesmo período, fez as peças Vir a Ser, A Caverna, A Quadratura do Círculo, O Erotismo do Canhoto, A Corrente, Akwas, Dois Mendigos e Sarabanda. Recebeu a Ordem do Mérito Cultural na classe de Grã-Cruz, em reconhecimento a sua contribuição à cultura brasileira, ao lado de nomes como Abdias do Nascimento, Cartola, Dodô e Osmar, Glauber Rocha, Grande Otelo, Hélio Oiticica, Lina Bo Bardi, Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
Smetak deixou também trabalhos na área da Educação, Antropologia e Sociologia. Escreveu os livrosRetorno ao Futuro (1982) e Simbologia dos Instrumentos (2001). Também foram lançados os discosWalter Smetak (1973), pela Philips, produzido por Caetano Veloso e Interregno (1980), patrocinado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.
ARTE E MISTICISMO - A ALQUIMIA DO SOM SMETAK
Tamanha era a busca interior de Smetak que suas obras misturavam a pesquisa dos microtons e a espiritualidade, a música e a escultura. Na ideia do artista, alguns instrumentos eram mesmo criados com o objetivo de domar o ego e unir as pessoas, como no caso de “Pindorama”, um instrumento de sopro que era tocado por 28 pessoas ao mesmo tempo.
Desse modo, diante de peças raras, criadas a partir de reflexões ligadas à Eubiose (grupo que faz uma síntese de filosofia, religião e ciência na busca da evolução humana) o público poderá adentrar num universo paralelo criado por Smetak, que buscava estabelecer um “equilíbrio dentro do caos”. Expor suas criações é, ainda, uma forma de dar prosseguimento aos seus ideais, quase sempre sustentados em uma postura humana de consciência, evolução e desapego. “Sou como a própria natureza, crio abundantemente. Presenteio os homens e as mulheres e prefiro não cobrar nada”, explicava o “guru”.
Solar Ferrão
Quando: terça à sexta, de 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 17h
Onde: Rua Gregório de Matos, 45, Pelourinho, Salvador
Entrada Gratuita
Fonte : SECULT BA (07/02/14 | 15H02) - fevereiro 2014
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