A beleza e o colorido das máscaras e o segredos dos caretas do Carnaval deMaragojipe são revelados nas imagens que o fotógrafo Álvaro Villela reúne no livroCareta, quem é você? que será lançado na próxima segunda-feira (24/02), a partir18h, no Ciranda Café, Cultura e Artes, na Rua Fonte do Boi 131, Rio Vermelho. Com tiragem de 2.000 exemplares, o livro reúne 108 fotografias em 132 páginas, registradas pelo fotógrafo, de 2006 a 2012, durante o famoso Carnaval na cidade do Recôncavo baiano. Careta, quem é você? será vendido por R$50,00 no dia do lançamento e por R$100,00 nas livrarias. O coquetel será aberto ao público. O livro tem o patrocínio da Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia – Secult.
Às margens do Rio Paraguaçu e cercada de manguezais, Maragojipe tem seu Carnaval comparado ao de Veneza, na Itália. Mas nada se compara ao seu colorido, a alegria, o humor e, principalmente, a arte das máscaras, que ganham mais personalidade e espontaneidade na folia do Recôncavo. De forma artesanal, elas surgem nas ladeiras e praças em personagens que satirizam políticos, personagens de novelas ou que parecem ter saídos de filmes ou programas de televisão. As máscaras também podem compor fantasias de bruxas, fadas, piratas, freiras, arlequins, pierrôs e damas de companhia, entre tantos personagens. Isso sem falar da beleza dos caretas, figuras coloridas, que vestem muito cetins, filós e adereços.
É deste universo repleto de personagens e cores, que o fotógrafo Álvaro Villela faz sua narrativa em belíssimas fotografias. As primeiras imagens, em preto e branco, revelam o cotidiano da pacata Maragojipe, retratando o dia-a-dia de seus moradores até surgirem os primeiros mascarados ainda escondidos no becos. Mas é contaminada pelas cores do Carnaval que as imagens retratam a beleza das máscaras e dos caretas, garimpadas pelos fotógrafo em criações e cenas preciosas.
“Já se foram sete anos desde que descobri o Carnaval de Maragojipe meio que por acaso. Estava fotografando a vida em torno do Rio Paraguaçu, quando vi as máscaras usadas por garotos na periferia da cidade. Encantamento e curiosidade foram os sentimentos que me aguçaram o desejo. As máscaras, talvez desde a época que meu pai saía no Carnaval de Salvador fantasiado com uma mortalha e uma careta, sempre me causaram um certo fascínio”, conta Álvaro Villela.
Através do título Careta, quem é você? o fotógrafo sugere essas questões que extrapolam o carnaval de Maragojipe, mas ao mesmo tempo, dialoga com o carnaval mais lúdico da Bahia. “Propus uma narrativa visual que sugere a cidade, ainda em preto e branco, sendo carinhosamente contaminada pelas cores do carnaval, onde a magia das máscaras cria um espaço permissivo para todas as nossas fantasias”, afirma.
O secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim, lembra que as fotografias mostram que não foi por acaso que Governo da Bahia reconheceu, através da Secretaria Estadual de Cultura, do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural e do Conselho Estadual de Cultura, o Carnaval de Maragojipe como patrimônio imaterial da Bahia. “Mais que o registro – importante sem dúvida, mas insuficiente –, a Secretaria de Cultura tem buscado apoiar, dentro de suas competências e limitações, o singular Carnaval de Maragojipe naquilo em que ele enriquece nossa diversidade cultural”.
Na abertura do livro, a museóloga Rosa Maria Vieira de Melo escreve sobre a história do Carnaval em Maragojipe, lembrando que ao vislumbrar a festa descobriu de onde Edil Pacheco buscou inspiração para compor uma bonita canção nos anos 70. “…Vou sair de palhaço e você de careta, a verdade deixei na gaveta…” Rosa conta que esta é uma folia que não nasceu para ser assistida. “Toda casa faz seus comes e bebes à espera dos caretas e mascarados que além de brincar, adentram as casas onde almoçam ou comem petiscos e bebem. Você me conhece? Essa é a adivinha para brincar o Carnaval e Maragojipe”, revela.
O livro reúne também o texto do escritor Emanuel Castro, que fala do compromisso de Álvaro Villela com o memorial. “As suas imagens dizem muito desse “mundo virado de cabeça para baixo”, onde se invertem as relações etárias e de sexo, homem vira bicho e tudo mais se dissolve. Sem se diminuir ao documental, ao contrário, Álvaro Vilela vale-se da cor de um modo autoral para traduzir a representação da festa numa sensível percepção poética”, afirma.
Fonte : SECULT BA (20/02/14 | 12H02) - fevereiro 2014
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