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Resgate da trajetória do trio elétgrico





Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
Bibliografia : confira aqui

www.carnaxe.com.br  
.¸¸.·´¯`·.¸¸.·´¯`·.¸¸.Cronologia trio Elétrico.¸¸.·´¯`·.¸¸.·´¯`·.¸¸.


::: 1991 :::

O Trio Elétrico Novos Baianos foi o responsável pela evolução do som que passou das estridentes cornetas mamão para as sofisticadas caixas de som, instalações de mesa de 16 canais e microfones que possibilitaram a presença dos cantores. Tudo isso viabilizou o atual estágio do trio elétrico que hoje conta com uma infinidade de carros do gênero, graças também a estrutura de produção montada pelos blocos. Uma grande injustiça cometida pelos organizadores oficiais do carnaval baiano, nos últimos anos, foi o afastamento de Baby Consuelo. Os portadores dessa idéia radical e burra esquecem que Baby foi a primeira cantora do trio, hoje uma profissão definida para várias garotas baianas com talento artístico, que poderiam ter se perdido ou desviado do curso dos seus dons artísticos para outro campo que não o de cantora de trio, não fosse o trabalho desenvolvido por Baby, possibilitando o exercício dessa nova profissão nascida na Bahia. Porque premiar a Baby com o exílio? Sua influência está viva aos olhos de todos, seja na forma de cantar ou pela postura e gestos de outras cantoras que ficam em segundo plano diante do trabalho desenvolvido por ela na praça, junto ao grande público. Baby parou briga, fez discurso, foi forte e fez cultura. Num daqueles carnavais, estávamos em cima do trio e de lá sacamos um indivíduo perverso, com uma gilete na mão, cortando a barriga das pessoas que dançavam desapercebidas da sua crueldade.

Baby na hora abriu a boca no microfone denunciando o desalmado que foi imediatamente preso. Pepeu também, embora baiano do Garcia, é discriminado e considerado carioca por morar no Rio. Moraes Moreira só não ficou fora porque foi a luta e deu testa com a organização municipal do carnaval de Salvador, contra um pensamento segregacionista e primário em formação. Um nome da maior importância para a colocação do trio dos Novos Baianos foi Valdemar de Periperi, que já trabalhou na administração do Tapajós. Como força de expressão, podemos dizer que Valdemar, em outra encarnação já foi do trio elétrico, como nos diz sua dedicação a essa árdua e divertida causa baiana. Por anos seguidos, eu e Paulinho Boca viemos para a Bahia na frente do grupo, para conseguirmos patrocínio, providenciarmos a construção da estrutura metálica do trio e agilizarmos todo o esquema para a colocação, em tempo hábil, do nosso trabalho dentro do carnaval baiano. Procurávamos Valdemar, que se encarregava de administrar a construção da estrutura física do trio e arregimentar músicos para compor a percussão. Nos outros trios que ele ajudou a formar, Valdemar ficava responsável por quase tudo, até procurar patrocínio. Não era fácil a tarefa, em razão dos curtos espaços de tempo de que dispúnhamos, passamos sustos terríveis e vivíamos sempre sob tensão e expectativa, mas no final sempre conseguíamos nosso objetivo.

Uma vez, a barra pesou tanto, que se não fossemos tão otimistas, dinâmicos e portadores de uma fé inabalável, a vaca ia pro brejo, para a frustração do grupo que jamais poderia se imaginar fora de um carnaval naquela década de 70. O fato ocorreu mais ou menos assim: tínhamos recebido o dinheiro do patrocínio e mandamos construir a carcaça do trio, mas não encontramos um gerador de 60 ou 80 quilowatts para fornecer energia elétrica para o trio. Na Bahia, todos sabem que o carnaval começa quintafeira e já estávamos na sexta à tarde e nada de gerador, por mais que procurássemos. Aquela altura a nossa falta na rua era notada e reclamada. Baby Consuelo e Charles ficaram em casa concentrados exercitando a fé; eu e Paulinho caímos em campo nas últimas tentativas para resolver o problema do gerador. Soubemos que existia um gerador de 80 KW, em um órgão público e nos mandamos para lá. Como era a única alternativa que nos restava, partimos convictos que aquele gerador seria nosso durante o carnaval chovesse ou fizesse sol.

Fonte: Galvão com a Palavra