GELÉIA GERAL (Gilberto Gil e Torquato Neto) Um poeta desfolha a bandeira E a manhã tropical se inicia Resplandente, cadente, Fagueira Num calor girassol com alegria Na geléia geral brasileira Que o Jornal do Brasil anuncia Ê, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança meu boi A alegria é a prova dos nove E a tristeza é teu porto seguro Minha terra é onde o sol É mais limpo e Mangueira É onde o samba é mais puro Tumbadora na selva-selvagem Pindorama, país do futuro Ê, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança meu boi É a mesma dança na sala No Canecão, na TV E quem não dança não fala Assiste a tudo e se cala Não vê no meio da sala As relíquias do Brasil: Doce mulata malvada Um LP de Sinatra, maracujá Mês de abril Santo barroco baiano Superpoder de paisano Formiplac e céu de anil Três destaques da Portela Carne-seca na janela Alguém que chora por mim Um carnaval de verdade Hospitaleira amizade Brutalidade jardim Ê, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança meu boi Plurialva, contente E brejeira miss linda Brasil diz "bom dia" E outra moça também Carolina, da janela Examina a folia Salve o lindo pendão Dos seus olhos E a saúde que o olhar irradia Ê, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança meu boi Um poeta desfolha a bandeira E eu me sinto melhor colorido Pego um jato, viajo Arrebento com o roteiro do sexto sentido Voz do morro, pilão de concreto Tropicália, bananas ao vento Ê, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança meu boi