JUBIABÁ Gilberto Gil (filme Jubiabá, de Nelson Pereira dos Santos 1986) Negro Balduíno, belo negro baldo Filho malcriado de uma velha tia Via com seus olhos de menino esperto Luzes onde luzes não havia Cresce, vira um forte, evita a morte breve Leve, gira o pé na capoeira, luta Bruta como a pedra, sua vida inteira Cheira a manga-espada e maresia Tinha a guia que lhe deu Jubiabá Que lhe deu Jubiabá A guia Trava com o destino uma batalha cega Pega da navalha e retalha a barriga Fofa, tão inchada e cheia de lombriga Da monstra miséria da Bahia Leva uma trombada do amor cigano Entra pelo cano do esgoto e pula Chula na quadrilha da festa junina Todo santo de vida vadia Tinha a guia que lhe deu Jubiabá Que lhe deu Jubiabá A guia Alva como algodão e tão macia Como algo bom pra lhe estancar o sangue Como álcool pra desinfetar-lhe o corte Como cura para a hemorragia Moça Lindinalva, morta, vira fardo Carga para os ombros, suor para o rosto Luta no labor, novo sabor, labuta Feito a mão e não mais por magia Tinha a guia que lhe deu Jubiabá Que lhe deu Jubiabá A guia Negro Balduíno, belo negro baldo Saldo de uma conta da história crua Rua, pé descalço, liberdade nua Um rei para o reino da alegria Tinha a guia que lhe deu Jubiabá Que lhe deu Jubiabá A guia