SINHÁ Sinhá vem ver o sol nascer Farinha seca litro de dendê Feijão de corda coisa de cumê É céu aberto esgoto no chão Um trocado pela vida vale mais que pão Se quer taboca passe na maloca O mungunzá pede pra iaiá A gente troca aceita vale pra vender Vou pedir a deus do céu pro dia nascer Sinhá vem ver, vem ver pra crer Churrasquinho de gato ou contra filé, Vai pedir dona maria ou vai pedir seu zé, O chão tá seco verdura não vai crescer Vou pedir a deus do céu pro dia chover Olha o muleque olha o sariguê, Um come no prato outro vem comer, É gente bicho bicho gente é tudo igual Nós só quer encher a pança pra num passar mal Sinhá vem ver o sol morrer "Diz que leva cera, Dizendo que a hora é hora, Ajunta os carregadores Que o corpo quer ir embora." Trechos extraídos da mini série Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto e musicados por Chico Buarque de Hollanda.