O CARNAVAL É UM MILAGRE

Brasil surpresa! Brasil beleza! Brasil cafuzo, crioulo, negro, branco, índio, mameluco; Brasil todo misturado! Brasil versátil! 8 ou 80! Brasil palco para o mundo, da Fantasia do Guarani e da Sinfonia em Mi!

Brasil dos avanços e recuos, dos risos e das lágrimas. Brasil travesso, brincalhão. Cardume cobiçado que se deixa prender nas redes e se esgueira por entre as malhas a bel prazer. Brasil prato feito, apetitoso, mas inacessível, incontrolável.

Brasil das várias estruturas que se afastam e se misturam.

Brasil fruta madura de inefável dulçor, a exibir sua forma, seu aroma e a esconder o seu sabor! Brasil irreverente, incongruente, escorregadio!

Brasil cadência, ritmo, melodia, plumas e paetês, que deixa o mundo aturdido, embasbacado: “Onde foste buscar – oh, subdesenvolvido, endividado – tantas jóias, tantos brilhos, tantos pavões, tantos faisões, emas e avestruzes? De onde tiraste estes dourados, estas riquezas de formas e cores, estas coreografias, estes figurinos, este esplendor, este visual fantástico? De onde saiu tanta mulata fantástica? E compões e esculpes e ordenas ensaios, rituais, alegorias e te vestes de palha, de fruta, de flores, de pássaros, de rendas, de sedas, de baianas, de pierrôs e colombinas, de índios, árabes, reis, rainhas, coroas, turbantes, cabeleiras, capacetes, elmos, escudos e lanças! E és gestos, volteios, passos, requebros, bustos, cinturas, coxas, joelhos, tornozelos, dentadura branca, beleza! Beleza! Sapateados, minuetos, curvaturas, malemolências, giros, brilhos, luzes, risos, liberdade! Não, não podes ser o Brasil de ontem e o da próxima quarta feira de cinzas...”

O mundo fica atarantado! Brasil camaleão, inacreditável! Brasil visão fantástica, fugidia!

Brasil da realidade de um esforço coletivo, direção certa, força ingente para a realização de um fabuloso faz-de-conta!

Brasil tinhoso que extravasas teus sentimentos através da música e da dança.

Brasil de tesouros escondidos que afloram num grito de samba diante de nossos olhos pasmados! Que surges ricamente do nada e vadias pelas praias, pelas serras, pelos campos, numa confraternização geral, num turbilhão de fé, de renascimento, de compreensão diante do incompreensível.

Brasil que estacas, fechas tuas portas por 4 dias para que fale a alegria, a improvisação, a esperança, a antiautoridade, a força de um povo gentil na demonstração de querer é poder!

Brasil criança, menino malino, que aguardas, ladino, o sol do amanhã!

Texto : Christina Cabral



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