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Vovô faz referências às dificuldades iniciais do bloco
resgate da folia
"O cerco de alguns setores brancos da sociedade"

A movimentação dos negros baianos em épocas mais recentes e com características e reivindicações novas e atualizadas, tem como seu ponto de partida a criação, em 1974, do Bloco afro Ilê Aiyê, no Curuzu, no mais populoso bairro de Salvador: a Liberdade.  
Existiram dificuldades no início. Os  negros não assumiam sua condição racial e havia o medo de serem tachados de comunistas. Esse medo era generalizado no meio da liderança negra da época. O Brasil, em 1974, vivia num clima de terror extremado, e qualquer manifestação cultural ou política que fosse diferente e viesse de encontro a padrões estabelecidos da ordem vigente, era cuidadosamente vigiada e duramente reprimida. Portanto, devemos entender o medo dos primeiros militantes como manifestações da falta de garantia  individual/social reinante na época e produzida por órgãos de segurança que acusavam ou denominavam qualquer atitude política de oposição como sendo "coisa de comunista". A partir desta perspectiva podemos inferir que os negros que se reuniam para brincar/fazer o carnaval no Ilê Aiyê tinham consciência de que também estavam fazendo política, além de cultura.
Em depoimento ao autor deste artigo, em 1988, Vovô faz referências às dificuldades iniciais do bloco, "o cerco de alguns setores brancos da sociedade". Não faltaram reprovações e ameaças - tanto policiais como da parte da imprensa mais reacionária.


Fonte : CarnAxE in Ilê Aiyê - 1988

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