Micarê ficou abaixo da expectativa de público
Previsão era de 200 mil pessoas nos quatro dias, mas polícia diz que não passou de 60 mil até sábado.

A 11ª edição da Micarecandanga é encerrada com um público abaixo do esperado. A expectativa dos organizadores era de que 200 mil pessoas participassem da festa nos quatro dias de folia, mas segundo a Polícia Militar os três primeiros dias do evento reuniram apenas 60 mil foliões. Em 1997, ano recordista de público na Micarê, foram 450 mil participantes.

Para o público presente, a seleção da entrada para a pipoca deve ter sido o motivo de afastamento dos foliões. "Tem gente que chega aqui sem os dois quilos de alimentos e dá com a cara na porta", comenta a estudante Elisangela Pereira, 19 anos, moradora do Guará. Mas ela concorda que a novidade trouxe mais segurança para os foliões. "Este ano não vi muitas brigas. Está tudo bem mais tranquilo", assegura.
Outros são mais radicais. Para um ex-coordenador da Monday-Monday, empresa que organiza a Micarecandanga, é preciso elitizar este tipo de festa. "Só assim teremos um carnaval sem brigas e violência", comenta ele, que preferiu não se identificar.

Mas quem compareceu a este quarto e último dia de folia não se decepcionou. Às 19 horas, Ivete Sangalo deu a largada para a festa puxando o bloco Cerveja e Cia. Dentro e fora do cordão de isolamento, a empolgação era a mesma. A estudante Marcela de Abreu, 19 anos, acompanhada de duas amigas, dançava e cantava dentro do bloco. "Estou solteira e minha esperança é sair daqui com um namorado", sorri.
Já o comerciante Rodolfo Gonçalves, 26 anos, foi se divertir na pipoca ao lado da esposa, a estudante Gisela Gonçalves, 25 anos. "Este ano a festa está mais familiar", diz ele. "Dá até pra trazer criança", completa Gisela.

Mas o Juizado de Menores esteve atento ao limite de idade imposto para a festa e ao consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos. Nos camarotes só foi permitida a entrada de maiores de 14 anos e de adolescentes de 12 e 13 anos acompanhados dos pais. Já na pipoca e dentro dos blocos a idade mínima era de 14 anos. "Quanto ao limite de idade não tivemos problema, mas os casos de consumo de drogas, como lança-perfume, e consumo ilegal de bebidas foram frequentes", comenta o comissário Pedro Ferreira. Na noite de sábado, dois menores foram encaminhados ao SOS Drogas.

Em decorrência do grande consumo de bebidas alcoólicas, os ambulantes comemoravam o sucesso das vendas. Nos três primeiros dias de folia, Carlos Jangumi comercializou 1,5 mil peças de Lança Chamas, uma bebida à base de coco. "Como vendi cada uma a R$ 10, faturei R$ 15 mil. Hoje espero dar fim ao meu estoque".
Os foliões dos camarotes também deram um brilho especial a Micarecandanga. Enquanto os trios elétricos aqueciam seus motores, o som alto sacudia os camarotes, transformando as pequenas salas em uma espécie de boate. "Os cantores aquecem a voz lá e nós aqui", brincou a bancária Vanessa Andrade, 27 anos.

Festa foi tranqüila no terceiro dia
A 2ª DP (Asa Norte), registrou, até o início da tarde de ontem, 58 ocorrências durante o terceiro dia da Micarecandanga, no sábado. Houve sete roubos, sete furtos, quatro lesões corporais e 40 casos de extravio de documentos pessoais.
Duas prisões foram efetuadas no terceiro dia do carnaval fora de época. Os irmãos Rafael Santana de
Carvalho, 20 anos, e Daniel, 18, acabaram presos em flagrante pela tentativa de roubo ao comerciante Eduardo Farias de Souza, no estacionamento do evento. A dupla foi detida com 58 latas de cerveja, cinco de Coca-Cola e três garrafas de água mineral.

Três casos tiveram destaque policial. Erasmo Cassiano Freitas, 28 anos, foi ferido por uma facada nas costas, no estacionamento da Micarê. A vítima, que não soube identificar o agressor, foi internada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas encontra-se fora de perigo.
Bruno Santos de Souza, 22 anos, foi atingido com um espeto de churrasquinho nas costas por se negar a entregar um copo de vinho a um homem não identificado.
Outra agressão que também ocorreu no estacionamento da festa envolveu Leo Rollemberg Lacerda, 23 anos, João Galvez Rollemberg, 20, e Daniel Cardoso Leal, 23. Os três foram espancados com uma barra de ferro. A polícia não soube informar as circunstâncias do crime. Documentos extraviados na Micarecandanga poderão ser procurados na 2ª DP, no fim da Asa Norte.


Fonte : Allessandra Cintra (Jornal de Brasília) - ago 2002


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