O ministro da Cultura, Gilberto Gil, concluiu que deu
"apenas uns poucos e primeiros passos" no primeiro ano de sua gestão.
Em discurso anteontem, na Cinemateca de São Paulo, Gil afirmou que tem se "movido no horizonte do possível" e que as mudanças práticas deverão ocorrer a partir de 2004. O balanço se deu em festa organizada pelo ministério, com bufê de comida baiana, vinho brasileiro e guaraná.
De realizações concretas, Gil citou a reforma estrutural do ministério, a aproximação com o Congresso na busca por melhor orçamento para a cultura, dentre outras iniciativas específicas, como o lançamento de uma revista ("Nossa História"), publicada pela Fundação Biblioteca Nacional.
O ministro reconheceu que a reforma nas leis de incentivo, uma de suas prioridades, teve de ficar para o próximo ano. "Nossa previsão era para agosto. Não deu. Por um simples motivo: optamos pelo processo participativo."
Outro plano central, a transformação da Ancine (Agência Nacional de Cinema) em Ancinav (agregando a televisão) também não ocorreu. Antes do discurso, o ministro disse a jornalistas que "a TV pediu mais tempo". As redes fazem pressão para evitar que a lei as obrigue a patrocinar a produção cinematográfica.
Gil concentrou-se em afirmar uma mudança no conceito de cultura, antes, segundo ele, "elitista" e agora ligado à inclusão social. Mas reconheceu que é preciso um ministério de "resultados", "de discurso e ação". Assim, o balanço de 2003 acabou focando promessas para o próximo ano.
Gil afirmou, por exemplo, que "2004 assistirá a uma onda de BACs" (Bases de Apoio à Cultura), espécie de centros culturais comunitários que pretende instalar em diferentes cidades.
Após o discurso, Carlos Lopes, representante da ONU (Organização das Nações Unidas), entregou ao ministro uma avaliação do MinC. Disse que a análise é positiva, mas que é preciso transformar as mudanças conceituais em algo "tangível". Foi assinado um acordo de colaboração entre o MinC e o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que prevê que o ministério receba auxílio de US$ 70 mil, além de apoio institucional.
Após a assinatura, Gil lembrou um show apresentado por ele na ONU, em setembro, em que o secretário-geral, Kofi Annan, tocou atabaque. "Valeu a pena chamar o secretário para tocar um tamborzinho na ONU", brincou.
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