Cem tambores de seis tradicionais entidades carnavalescas baianas com raízes afro vão soar com toda vibração nesta sexta-feira de Carnaval, no circuito Osmar (Campo Grande – Centro), a partir das 16 horas. Trata-se de uma manifestação do movimento Agbo Mondo, que surgiu no ano passado, com o apoio da Empresa de Turismo S.A. (Emtursa), que encantou o público com o batuque que remonta às raízes brasileiras, ao se apresentar este ano nas comemorações do Réveillon, no Farol da Barra.
No desfile, estarão reunidos percussionistas do Muzenza, Comanches, Mundo Negro, Filhos do Congo, Mutantes e Blocão da Liberdade. Unidos, sairão do Campo Grande em direção à Praça Castro Alves, a fim de participar da inauguração do espaço Castro Alves Guetho Square. Nos dialetos iorubá e angolano, Agbo Mondo significa Bloco de Tambores Mensageiros, que tem como principal proposta resgatar e fortalecer a identidade cultural brasileira, por meio da música afro e do afoxé.
Criadas entre as décadas de 70 e 90, as entidades que vão participar do desfile têm em comum a sua origem. Surgiram, de maneira espontânea, nos bairros periféricos de Salvador, com o objetivo de resgatar a cultura popular, priorizando o que de mais original existia nas comunidades locais. Sua participação nos carnavais é marcada pela divulgação de temas africanos, produtos de verdadeiros trabalhos de pesquisa. Esses conjuntos revelam na musicalidade, através de seus instrumentos, mensagens de valorização cultural das raças do povo brasileiro.
Essas entidades são integradas geralmente por famílias, sendo muito comum participar do mesmo bloco pai, filho e neto. As seis associações reúnem um total de 8 mil pessoas, que incorporam aos desfiles os ritmos afro e afoxé, que se sobressaem nas batidas do tambor, na dança e também nas indumentárias. Durante o desfile da sexta-feira que antecede o Carnaval, o espetáculo será coordenado por quatro respeitados maestros. “O conjunto de entidades será a síntese do que elas vêm manifestando ao longo dos carnavais, através da percussão, indumentária e evoluções da dança”, destacou Paulo Kambuí, presidente do Blocão da Liberdade.
“Com o Agbo Mondo temos a intenção de firmar espaço social-político-cultural, exibindo e valorizando o que temos de história, qualificando o Carnaval baiano”, complementou Jorginho Comancheiro, diretor do Comanches. Segundo ele, a Agbo Mondo reúne-se duas vezes por semana para debater medidas que vêm ao encontro do fortalecimento dos seus componentes. Atravessar as fronteiras do país é uma das metas do grupo. “Temos a intenção de dar um caráter internacional à nossa marca, em benefício de projetos culturais e sociais envolvendo as nossas comunidades carentes”, finalizou Comancheiro