O financiamento dos blocos afros e afoxés e a inclusão social da população negra na arena do Carnaval de Salvador são alguns dos temas principais que serão discutidos durante o dia de hoje no I Seminário Carnaval e Reparação.
Sob o tema Cara Preta, Cara a Cara, o encontro reúne representantes de entidades negras, sociais e dos blocos carnavalescos para apresentar propostas que possam reverter a desigualdade social no Carnaval. Um documento será preparado ao final do seminário para ser distribuído entre as secretarias municipais.
O evento acontece no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e terá o historiador Jaime Sodré, o diretor de teatro, Márcio Meireles, e o presidente da Amafro - Sociedade dos Amigos da Cultura Afro-brasileira, José Carlos Capinam, entre os debatedores do painel de abertura do dia, marcado para as 8h30.
Eles vão falar sobre turismo, cultura e religiosidade no Carnaval. Na seqüência, o seminário contará com uma mesa-redonda sobre saúde e violência no Carnaval, que terá a presidente do Movimento Negro Unificado (MMU), Ivonei Pires, e o representante da Unegro, Alexandre Reis, como mediadores. O tema ocupação e renda no Carnaval entra na pauta de discussões às 13h15.
"Nossa proposta é a isenção dos ambulantes, cordeiros e outros trabalhadores da festa para que essas pessoas tenham um mínimo de dignidade para trabalhar", explica o secretário municipal de Reparação Social, Gilmar Santiago, que coordena o seminário. "Queremos diminuir a desigualdade latente da festa e já comprovada no observatório da violência, que mostrou estarem entre os negros as principais vítimas da festa", concluiu.
Às 17h, o seminário inicia as discussões sobre a polêmica do financiamento do Carnaval. Intitulado obstáculos e exemplos exitosos, o debate reunirá representantes dos principais nomes do segmento afro da folia para discutir os problemas e colher propostas para serem implantadas já em 2006."Queremos que a prefeitura utilize os patrocínios do Carnaval para ajudar os blocos afros a desfilar", explica o presidente da Associação dos Afoxés da Bahia, Nadinho do Congo.
Segundo ele, a proposta é que as secretarias incentivem os patrocinadores dos blocos afros e afoxés com isenção de impostos. "Porque assim conseguiremos vencer o maior dos problemas na captação de patrocínio, já que muitas marcas famosas não quererem ter seu nome associado a essas entidades", argumenta.
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