Daniela Mercury em entrevista ao Jornal de Notícias de Portugal: "Tornei-me uma artista muito próxima de Portugal. Fiz para aqui uma agenda idêntica à que tenho no Brasil. Tudo o que lanço no meu país, também lanço aqui". O testemunho da cantora brasileira Daniela Mercury, anteontem em Aveiro, horas antes do concerto no recinto da Feira de Março, confirma que a relação de sete anos com o nosso país está para durar. Prova disso mesmo, é o facto de Portugal ser o primeiro destino internacional da digressão - hoje com um concerto, pelas 22 horas, no Coliseu do Porto e amanhã no Coliseu dos Recreios, em Lisboa - que apresenta o seu mais recente trabalho "Balé mulato". O disco, já no top de vendas, estás prestes a atingir a Platina.
Depois de uma viagem pela electrónica, marcada no álbum "Electrodoméstico", Daniela Mercury volta ao "pop percussivo brasileiro". Como a intérprete revelou, entre risos "Quem gosta de mim em estado natural, está adorando este disco". Isto quer dizer que de uma forma linear há, de facto, uma proximidade com o badalado "Feijão com arroz".
"Balé mulato", mais do que recuperar uma continuidade na música 'axé', assinala uma vontade possante de contrariar o facto de a música brasileira "ser muito famosa, mas pouco conhecida". E entre laivos de ironia, a artista desabafa "Engraçado quando no Brasil me chamam muito de baiana e fora do meu país sou apelidada de brasileira. Muitas vezes, pergunto-me se o trabalho só pode ser relacionado ao ambiente onde se nasce", diz. Avaliação que a seu ver parece "injusta" e "regionalista", principalmente quando a sua geração "já junta o rock com o 'funk' ou com o 'reggae', que são géneros mundiais".
Daniela Mercury interrompe a conversa e tenta concentrar-se no som que vem do exterior. E entre gargalhadas explica "Isso que os meus músicos estão a tocar no palco é uma brincadeira que fazem com o contra-regra, dizendo que ele é seis meses homem e seis meses mulher". O sol entra intenso pela porta entreaberta do camarim improvisado num contentor. Da mesa, com uma pequeno 'catering', saltam-lhe aos olhos os ovos moles. "Sempre que venho a Portugal tenho de levar para o meu pai [português], que é doido por esse doce típico de Aveiro".
A filha também os adora, mas antes de entrar em palco só consegue ingerir fruta e uma bebida energética. "Até porque antes do show o nervosismo não me deixa com apetite", confessa.
Por volta das sete da tarde, a produção interrompe o 'check-sound'. É tempo de recolher ao hotel e preparar-se para o concerto marcado para as 22.30 horas. "Mas, por mim, ficava já aqui".
Aos 40 anos, Daniela Mercury continua a sonhar com as mesmas coisas "como se tivesse apenas 20". A humildade é a mesma e contagiante. Regressa por volta das 22.15 horas, escoltada pela polícia. O público, já gritava ansioso "Daniela, cadê você?".
O espectáculo de "Balé mulato" apresenta-se em palco com uma "megaprodução". Daniela Mercury revelou que uma cantora amiga,com quem se encontrou durante um voo, ficou espantada com o número do staff 25 pessoas. Contudo, apenas 16 partilham o palco com a cantora. Nesta tournée por Portugal, a brasileira fez questão de revelar que tinha convidado mais uma percussionista. Tudo porque um dos seus músicos tinha casado, e ela convidou a mulher para, juntos, gozarem uns dias de lua-de-mel.
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