Coronel Walter Leite, oficial da Polícia Militar da Bahia, o coronel Walter Leite é casado, pai de duas filhas e apaixonado pelo Esporte Clube Bahia. Ele preside o Conselho do Carnaval, instância maior desta que é a maior festa de participação popular do planeta. Homem ligado à organização do Carnaval de Salvador desde 1990 ele fala, nesta entrevista, das mudanças para a folia deste ano, a exemplo da mudança no horário para o desfile dos blocos nos circuitos Osmar (Campo Grande-Avenida) e Dodô (Barra-Ondina).
- O horário do desfile dos blocos vai ser antecipado a partir deste ano. Como vai funcionar e porque houve essa mudança?
No circuito Osmar o desfile vai começar às 12h30 e no circuito Dodô às 14h. Essa mudança atende sugestão feita pelos próprios carnavalescos na perspectiva de ordenar melhor o desfile e proporcionar um encerramento da festa em horário compatível com outros parceiros, a exemplo das polícias Militar e Civil, setores de saúde e até mesmo a limpeza pública, dentre outros.
- Em sua opinião, o folião sai ganhando com essa mudança?
O grande beneficiário dessa mudança no horário do desfile dos blocos sem sobra de dúvida é o folião, principalmente porque ele terá maior segurança na hora de se deslocar para sua casa. Com uma programação melhor para a polícia haverá maior cobertura para todos, evitando problemas detectados principalmente no final da festa.
- Além de mudar o horário do desfile, que foi antecipado, outra modificação diz respeito ao tempo de apresentação de cada bloco na passarela do Campo Grande. Como vai funcionar isso?
Os blocos terão 20 minutos para suas apresentações na passarela do Campo Grande. O tempo será contado a partir do ingresso do trio elétrico no portal de entrada. A exceção vai três entidades – Filhos de Gandhy, Olodum, Ilê Aiyê, Muzenza e Male Debalê -, que terão tempo dobrado, ou seja 40 minutos para esse tipo de apresentação.
- Haverá algum tipo de punição para que descumprir esse horário combinado?
As punições vão desde a perda de posição do desfile no dia imediato à perda definitiva; voltar para o fim da fila e até mesmo sair do desfile. Nesse caso, só de houver incitamento da população contra autoridades constituídas.
- Em meio a tantas demandas é fácil ou difícil coordenar um Carnaval do tamanho do de Salvador?
Nós que fazemos o maior Carnaval de rua do mundo já temos know how com relação a uma integração entra cada parte envolvida. A razão maior do sucesso que temos obtido até aqui, além dos protagonistas, é sem dúvida a integração que conseguimos nesses dias de folia. Se a gente pudesse exercitar isso o ano inteiro, a população com certeza poderia ter uma condição de vida muito melhor. Durante o Carnaval a Saúde consegue dar atendimento a todos, a polícia é mais participativa, a limpeza pública funciona da melhor maneira, para citar esses exemplos.
- O Carnaval de Salvador é uma megafesta, com números astronômicos, centenas de blocos e trios elétricos, dois milhões de foliões-dia nas ruas. Como o senhor vê a participação do Conselho nesse processo?
A Participação do Conselho como parceiro na realização do Carnaval tem sido fundamental, imprescindível eu diria. São 25 representações, contemplando os mais diversos segmentos envolvidos, com voz e voto a protagonistas como barraqueiros, ambulantes, representantes de órgãos públicos e dos blocos e entidades que fazem a festa. O Conselho está na sua maturidade e contribui de maneira muito importante no processo.
- Como folião, como policial e agora com comandante-em-chefe da folia, quais conselhos o senhor daria aos foliões, principalmente os milhares de turistas que vêm para o Carnaval?
Que eles venham para as ruas despojados de qualquer bem material que possa atiçar a cobiça de alguém. O folião, mesmo o baiano, tem de se orientar, não carregar bens de valor que são dispensáveis na hora da festa. A nossa cidade está montada para atender qualquer necessidade. Há telefone público à vontade por isso deixe o celular em casa. Há fotógrafos que podem registar qualquer momento e enviar as fotografias onde a pessoa desejar, de modo a que câmeras fotográficas devem mesmo ficar em caso. Também aconselho a sair despojado do espírito de revanchismo, evitando se expor em locais desaconselháveis. Os foliões têm de brincar na defensiva porque o objetivo é ser feliz. Finalizando, se você pode ir de táxi ou de ônibus, porque ir de carro próprio, que dá mais trabalho na hora de chegar e, em caso de bebida, é perigoso na hora de voltar?
- Como os atores do Carnaval podem melhor contribuir para o sucesso da festa?
As pessoas envolvidas na folia, principalmente os artistas, devem estar contextualizados para melhor contribuir. Há um esforço muito grande para que tudo saia da melhor forma possível e os atores podem facilitar bastante na questão da violência, o que já é feito com muita eficiência. Há locais nos circuitos onde há necessidade de que se toque músicas mais lentas e isso o artista pode fazer se ele estiver contextualizado com a festa. A Polícia Militar costuma ouvir muita gente, e num desses encontros o cantor Bel, da banda Chiclete Com Banana, falou de um praticável que a PM montava no Relógio de São Pedro e que dificultava os foliões e gerava violência. Observações como essa nos ajudam bastante.
- E sobre a vistoria dos trios elétricos este ano, o que o senhor aconselha?
A vistoria dos trios elétricos está marcada para os dias 1º a 16 de fevereiro, no Parque de Exposições, das 8h às 18h. A recomendação que fazemos é que, na medida do possível que os interessados busquem a Central de Vistoria e mais breve possível.
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