Três anos Projeto Quartas Baianas
Secretaria de Cultura da Bahia - Ano I - Nº 10

Depois de três anos de sucesso na Sala Walter da Silveira, no circuito dos Barris, o Projeto Quartas Baianas ganha itinerância e vai ser mostrado em outras salas. "Nossa intenção é levar o projeto a todos os espaços públicos de exibição do Estado e, junto com a ABCV, pretendemos começar pelo Cine Teatro Plataforma, onde a Secretaria de Cultura já tem uma nova proposta de utilização da sala", diz Sofia Federico, diretora da Dimas – Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado.
A idéia do projeto surgiu das ansiedades e angustias dos cineastas locais pela falta de espaço para exibição. "Existem filmes importantíssimo, produzidos com dinheiro público que o grande público não tem acesso por falta de canais de exibição" explica o documentarista Joel de Almeida (Preto no Branco, Hansen Bahia), um dos idealizadores do projeto, ao lado do fotógrafo Lúcio Mendes, e do cineasta José Araripe Junior, então presidente da ABCV (Associação Baiana de Cinema e Vídeo).
Na primeira quarta-feira de maio de 2004, com o apoio da Diretoria de Artes Visuais e Multimeios, foi feita a primeira projeção com A Travessia do Atlântico, com Major Beires, um filme da década de 20, o mais antigo encontrado em acervos baianos. De lá pra cá foram aproximadamente 300 títulos em cerca de 150 programas. Pela tela da Walter da Walter da Sivleira passaram desde clásicos A grande Feira, Deus e o Diabo, Na Terra do Sol, o Super Outro até os mais recentes Três Histórias da Bahia e Cidade Baixa. Foram mais de 250 obras exibidas pelo projeto, num painel amplo e diversificado da produção audiovisual baiana da últimas . Segundo Lúcio Mendes as Quartas Baianas é um dos poucos espaços onde jovens e velhos cineastas podem dialogar livremente.
Para 2007, Joel de Almeida, pretende ampliar o alcance do projeto, dando espaço para realizadores de diversas cidades do interior do estado, como Juazeiro, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Cachoeira, dentre outras, que nos últimos anos tem tido uma produção crescente em virtude do acesso universalizado a novas tecnologias.
Das sessões memoráveis destaca-se, por exemplo a homenagem a Milton Gaúcho, reconhecido ator do cinema baiano, quando foi exibido A grande Feira, filme protagonizado pelo ator. Outra exibição marcante reuniu obras em super-8 de Paulo Savieira, um dos precursores do formato na Bahia.
O público do projeto é bastante eclético, abrangendo desde estudantes, profissionais liberais e aficcionados. Antes de cada exibição o diretor tem a oportunidade de apresentar seu filme, favorecendo uma maior interação entre criador e seu público. Em tempos de YouTube, em que pode-se ter acesso e disponibilizar obras on-line para um público ilimitado, a exibição na sala de cinema ainda preserva uma aura única para o diretor.

Curtas de animação, ficção e documental ganham a tela
Três anos de sucesso do projeto Quartas Baianas motivam a Diretoria de Artes Visuais e Multimeios (Dimas) a dar continuidade a este programa de incentivo à divulgação da produção audiovisual da terra: a próxima edição, no dia 9 de maio, às 20 horas, na Sala Walter da Silveira, será dedicada à exibição dos curtas Xirê, animação de José Gondim e Alex Souza, Rimundo e o Futbó, obra ficcional de técnicas mistas de autoria de Márcio Cavalcante e Alex Souza, Folhinha Verde, Construindo o Mar e Um Novo Verso, todos curtíssimos de ficção dirigidos por Márcio Cavalcante, O Jardim, documentário de Fabíola Aquino, e Carcará, da lavra do animador Marcelo Vitz.
A animação Xirê, realizada em 2006, condensa, em 1 minuto e meio, uma reunião de orixás em que é decidido um novo lugar para ser morada das entidades do panteão africano. Rimundo e o Futbó explora a linguagem cordelista no relato de um matuto sobre o futebol, depoimento que é mesclado com desenho animado de xilogravuras.
A competição violenta e predatória num jogo entre crianças é mote para uma analogia com a cena política brasileira em Folhinha Verde. O mesmo autor retorna ao universo infantil para narrar a história de uma criança cega que sonha em conhecer o mar, distante em muitos quilômetros de onde vive, cabendo ao pai auxiliar o encontro, no curta Construindo o Mar. A recorrência de Márcio Cavalcanti em focar a infância está presente ainda em Um Novo Verso, que se concentra num diálogo de um casal de crianças sobreviventes de guerra.
No documentário O Jardim, Fabíola Aquino se detém sobre a história de um morador de rua que havia vivido parte da juventude no interior da Bahia, onde era músico. Finaliza a noite desta próxima Quarta Baiana, a animação Carcará, que, usando recursos poéticos e metafóricos, revela a mística que envolve a região sertaneja.

Quartas Baianas
quartas-feiras, às 20 horas
Sala Walter da Silveira
Salvador - Bahia
Entrada franca


Fonte : 07/05/2007

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