Netinho faz mais uma tatuagem
Um depoimento emocionante do cantor


Nesta edição a notícia foi conservada com toda escrita e característica do autor, para que no futuro, possamos ver na íntegra, o que pensava e sentia o cantor Netinho, neste momento.



"Quando a lua nova aparecer, vindo do oriente para o ocidente, aprenda a sentir a sua energia. Ela vem trazendo toda a força dos orientais, povo altamente evoluido espiritualmente." Segundo minha Tia Dene, estas são palavras da minha bisavó Francelina para os seus filhos. Minha bisavó era india e foi capturada no mato por meu bisavô.
Iniciei finalmente a conclusão da minha tattoo que comecei a fazer há alguns meses. Na verdade, a idéia era estreiar essa tattoo no show do Festival de Verão de Salvador desse ano mas a falta de tempo e a correria não deixaram. É a minha sétima tattoo.
Não dá para perceber que eu tenho tantas tattoos pois todas ficam cobertas quando estou vestido. Todas são orientais já que tenho um certo fascínio pela cultura oriental.
Algumas são tribais e as fiz pelo belo desenho apesar de nada significarem. As outras são ligadas à cultura oriental como o símbolo japonês da coragem, o símbolo dual do Yin e Yang e os belos dragões chineses. Desses últimos tenho dois.
Os dragões têm uma simbologia diferente dentro das culturas ocidental e oriental. Na nossa cultura ocidental os dragões são geralmente associados ao terror, ao fogo, ao amedrontador. Já na cultura oriental os dragões são quase que sagrados, como deuses, e são associados à sabedoria, ao império, à liberdade e à harmonia.
No oriente o fogo do dragão também representa poder de destruição. Lá porém, essa destruição possibilita e estimula a renovação, o renascimento. Na China por exemplo, além de ser o símbolo do país, o dragão representa a prosperidade e a boa sorte.
E é a esta simbologia oriental do dragão chinês que eu me prendo.
Muita gente qua ainda alimenta uma atitude mais conservadora em suas vidas têm grande preconceito contra os "tatuados". Vamos acabar com isso. Deixemos o preconceito e a ortodoxia de lado e vamos observar a tattoo como ela realmente é. Uma arte aplicada ao seu corpo, à sua pele.
Eu, como tatuado de carteirinha, digo que há uma relação afetiva entre o tatuado e a sua tattoo. Não sei como explicar, mas é algo que se incorpora ao nosso corpo e vai fazendo parte da construção e da evolução da nossa personalidade. É como um quadro que você gosta, compra e pendura numa parede da sua casa. Por ser na pele, essa relação é mais intensa e profunda. Só quem tem sabe como é isso.
Penso que concluiremos essa tattoo em mais três ou quatro sessões. Vai ficar linda! Muitos falam da dor que a tatuagem provoca no momento em que está sendo feita. Realmente dói muito mas apenas naquele momento.
Nós ocidentais fomos criados para rejeitar a dor e o sofrimento. Não conseguimos enxergar o que há por trás da dor, da tristeza, da angústia. No oriente essas situações normalmente se traduzem em aprendizado.
Tenho procurado criar uma relação com a dor nos momentos em que estou sendo tatuado. Sempre penso no que já passei até aqui na minha vida. Em dores bem maiores que já sofri e em dores que poderei ainda sofrer. Aí, quando você observa sob essa ótica, a dor desaparece. Fica mínima.
Procuro usar isso também em muitos momentos da minha vida. Nem sempre poderemos ser o tempo todo felizes. Teremos também imensos momentos de tristeza. Quando rejeitamos esses maus momentos e perdemos tempo com lamentações, impedimos a mente de poder enxergar através deles. Se fazemos o contrário e observamos e valorizamos os momentos de angústia, aprendemos a valorizar qualquer mínimo momento de felicidade. Sem dúvida, somos mais felizes assim.
Na minha nova tattoo eu coloquei um dragão e flores. Equilíbrio. Esse é um dos pilares (talvez o maior deles) da sabedoria oriental. Como diria a minha bisavó Francelina.


Fonte : Netinho Oficial

enviar para um amigo  Envie para um amigo        imprimir        Volta       

www.carnaxe.com.br