O pretexto foi o aniversário da sobrinha Julia. Para ela Claudia Leitte fez o poema, postado em seu blog, mas aproveitou para passar toda a angústia que a cerca com relação ao futuro das crianças, a forma com que estão sendo criadas, amadas, desprezadas, exploradas, violentadas e mortas e a sugerir uma reflexão da sociedade. O caso Isabella não lhe sai da cabeça, mas se mistura a outros casos Isabellas que acontecem todos os dias por esse Brasil. Fala de pedófilos, parasitas, patifes e até um bando de políticos. Fala de baratas, barbeiros e outros mosquitos, numa clara alusão ao mosquito da dengue que mata em todo o Brasil. E do espaço por onde se comunica regularmente com seus fãs, ela disparou a mensagem, passou toda sua revolta e deixou um a mensagem no ar. A seguir, alguns dos principais trechos do poema-mensagem de Claudia Leitte.
A íntegra está no seu blog.
Gosto de crianças.
Têm aquelas mais espertas, as quietas.
Até as mais sapecas sempre dão paz.
Crianças sem dentes,
Crianças que riem,
Crianças na praia,
Crianças não são iguais.
Seus sorrisos são verdadeiros
Em suas mentiras não ha desespero
São só fantasias,
Ou medo dos pais
Uma criança é como uma estrela
Estamos no céu se podemos tê-la
Olhamos para o céu se queremos vê-la.
Quem sonha alimenta o futuro,
Pode até temer o escuro,
Mas sabe que tudo pode superar.
Não ha respeito.
Não há lei.
Todo dia uma criança morre,
Ninguém diz: "eu matei".
Pedófilos, Parasitas, Patifes
e até um bando de Políticos.
Baratas, Barbeiros e outros mosquitos.
Uns repousam sobre as feridas e as remelas,
outros trazem febre, que não importa se é amarela,
fazem a criança colorida, acinzentar.
Barrigas grandes de vermes,
Braços pequenos carregando armas.
O menino que não sabe se defender,
Aprende que tem que matar para não morrer.
Silencio de um povo que segue
Porque o seu umbigo eh a piscina onde se nada.
Nada. None!
Todo dia uma criança some.
Nada! E mais Nada!
Todo dia tem uma violentada!
Ninguém faz absolutamente nada!
Ninguém é suficientemente homem.
A gente se senta e come
Enquanto a criança é enterrada!
Umas são espancadas,
Outras caem de um arranha-céu
Uma família é indiciada,
A outra experimenta do mais amargo e puro fel.
Minta, chore, mas corra.
"Ei, menina, não conte a ninguém,
Ao que eu disser, diga: amém
Essa é a lei, ou então morra."
E o silencio sempre reverbera.
Nesse mundo onde a beleza impera,
Não tem espaço para a criança sonhar.
E a gente que não é criança,
Nem pensar em cochilar!
Pedir a Deus pra não nos deixar sentir a dor da mãe de Isabella,
Acreditar na historia da Cinderela
E continuar a caminhar.
Se "nem tudo que é licito é honesto",
Apenas a confiança no PAI nos ajuda com o resto.
Claudia Leitte
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