Um dos músicos baianos mais aclamados pela crítica na contemporaneidade, Lucas Santtana, que reside atualmente no Rio de Janeiro, retorna a Salvador para apresentar o show do seu novo CD, Sem Nostalgia, no dia 18 de dezembro, às 20h, no Largo Tereza Batista. O evento conta com o apoio do Pelourinho Cultural, programa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.
Lucas, que estudou música clássica na Universidade Federal da Bahia, percebeu logo cedo que enveredaria por um caminho mais experimental. Chegou, entretanto, a tocar em trios elétricos durante o carnaval baiano. Tocou também com grandes nomes da música brasileira como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Science & Nação Zumbi antes de seguir o seu próprio caminho musical.
Desde 2000, ingressou em uma promissora carreira solo. Seu primeiro álbum, gravado naquele ano, foi considerado pelo jornal norte-americano The New York Times como um dos 10 melhores discos independentes produzidos no período. Era o CD Eletro Ben Dodô, inspirado na percussão da Bahia, que trazia composições do músico e de artistas como James Brown e Herbert Viana. Depois vieram ainda os álbuns Parada de Lucas, em 2003, influenciado pelos bailes funk do Rio de Janeiro, onde o artista já vive há 15 anos e, em 2006, 3 Sessions in a Greenhouse, com influências do dub jamaicano.
A Salvador, Lucas trará as canções do seu quarto trabalho, Sem Nostalgia, baseado no formato voz e violão, que no Brasil já se tornou um gênero musical. Para ele, a tradição do estilo é tão forte que fez com que o gênero parasse no tempo. “Tinha vontade de fazer um disco voz e violão há um tempão, mas não no mesmo formato que ele existe há mais de 50 anos”, explica o músico.
O resultado foi um trabalho inovador que desafiou a instituição musical existente. “Quis me divertir, fazer aquilo soar como uma banda, com um som elétrico e dinâmico”, diz Lucas. Sem Nostalgia é um trabalho de voz, violão e ambiente, como o músico costuma afirmar. Quem ouve as canções do CD não tem como adivinhar que não há outros instrumentos. Isso não significa que tenha sido gravado em apenas dois canais ou que não tenha havido o uso de equipamentos extras. A faixa Ripple of the water, por exemplo, foi gravada durante uma madrugada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Os microfones, que ficaram bem abertos, captaram até mesmo sons de insetos que passeavam pelo local. Em outras faixas são usados efeitos como percussão no corpo do violão, ou violão de sete cordas.
Para representar no palco o que foi gravado em CD, o cantor e compositor traz consigo uma banda formada por Ricardo Dias Gomes, no baixo, e Marcelo Callado na bateria. A cargo de Lucas Santtana ficam a voz, a guitarra, o cavaquinho e o laptop, de onde lança, nos momentos exatos, os samples que compõem o espetáculo.
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