Em artigo publicado na edição desta quarta-feira, 18, do jornal A TARDE, o cantor e compositor Luiz Caldas reivindicou o título de criador da axé music. Leia o texto na íntegra:
"Tenho assistido a vários colegas da música arvorando-se a ser criador da axé music. São tantas as aberrações e as asneiras faladas, num discurso sem consistência, que não me contive em ficar calado. Agora em A TARDE, coloco corretamente os pontos nos is desta história.
A axé music vai completar 25 anos de sucesso em 2010, e o álbum inicial é o meu disco Magia, de 1985, obra emblemática que tem a clássica canção Fricote, também conhecida como Nega do cabelo duro, parceria minha com Paulinho de Camafeu.
Foi Fricote que abriu as portas, para o Brasil, deste tipo de música híbrida que eu já fazia no trio elétrico Tapajós, desde 1979. Basta olhar os créditos do LP Ave Caetano, lançado em 1980, que as pessoas vão encontrar duas canções de minha autoria: Oxumalá e Tapafrevo.
E é Oxumalá a primeira canção que apresento a axé music para os baianos e para o mundo. Está datado. É fato. É história. No Tapajós, criei a banda Acordes Verdes, assumi a direção musical do trio e gravei mais dois discos: Jubileu de Prata (1981) e Cristal Liso (1982).
Quando decidi seguir a carreira solo, já estava atuando na gravadora WR e tinha deixado o Tapajós. Gravei o primeiro disco individual em 1983 e, em seguida, concebi o disco Magia, que vendeu mais de 380 mil cópias. Fui parar no programa Cassino do Chacrinha, sendo por anos uma das atrações nacionais.
Está datado. É fato. É história. Vendo que a música que eu fazia gerava muita grana, as gravadoras passaram a investir em novos artistas baianos. Todas queriam algo parecido. A estratégia deu certo. Os que vieram seguindo os meus passos não são criadores, são seguidores. Está datado. É fato. É história.
Quem quiser ser legitimado como criador da axé music tem de apresentar os documentos históricos. Chega de “eu acho que...”. Sou capa da revista Veja número 965, de 1987. Tá lá escrito: a Bahia brinca ao som do rei do deboche. Não há como mudar a história, nem por conta do poder econômico.
Em 2010, comemoro os 25 anos da axé music, ou seja, os 25 anos do meu disco Magia. Quanto ao resto, nada posso fazer. Está datado. É fato. É história."
* Artigo de Luiz Caldas, cantor, compositor e muti-instrumentista, publicado no jornal A Tarde de 18 de novembro de 2009
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