Beleza, emoção e o melhor do samba-reggae, estilo musical criado pelo mestre Neguinho do Samba. De fato, o último show da banda feminina Didá, outra importante invenção do músico, dentro do projeto Vem Pra Didá Vem Para o Pelô, na sexta-feira, 13, não poderia ter sido diferente. As centenas de pessoas que lotaram o Largo Tereza Batista valorizaram ainda mais a apresentação, emanando boas vibrações para o grupo durante as mais de três horas de autêntica música baiana. A participação de uma emocionada Margareth Menezes, em noite inspirada, contribuiu ainda mais para a apresentação especial.
“Sempre fico honrada quando canto com essas mulheres guerreiras”, disse Margareth, que não precisou nem ser anunciada antes de subir ao palco. Bastou cantar, ainda no camarim, com sua voz inconfundível, os primeiros versos de Faraó, Divindade do Egito, uma das músicas que a consagraram e também ao samba-reggae, para o Largo vibrar completamente.
Daí em diante, Maga, acompanhada pelas cantoras da Didá, desfilou seu contagiante repertório, incendiando a plateia. A animação da musa do axé era tanta que ela tirou os sapatos de salto para poder pular, correr e ‘requebrar’ melhor junto com o público. A artista não seguiu um roteiro pré-definido, improvisando com as excelentes componentes da banda e cantando músicas clássicas como Uma História de Ifá (Elegibô), Alegria da Cidade e Toté de Maiangá. O clímax veio com a canção Oyá por nós (oyá tê tê), composta por ela em parceria com Daniela Mercury, em homenagem à orixá Yansã e às mulheres guerreiras.
Margareth teve que se conter para não chorar durante a apresentação. Toda vez que mencionava o nome de Neguinho do Samba, emocionava-se. Também foi surpreendida quando recebeu rosas vermelhas da Banda Didá. “A Banda Didá veio da beleza, da nobreza do trabalho trazido pelo nosso querido Neguinho, um legado inesquecível para a Bahia. A qualidade musical dessas mulheres e a mensagem positiva da banda eternizam o seu trabalho. Eu me sinto agraciada por estar aqui”, declarou a cantora. “A mulher baiana tem força e dignidade. Todos nós somos iguais e não podemos ter medo de sermos felizes. Navio Negreiro já era!”, gritou Maga, incendiando o público.
A bela noite de despedida da banda Didá do Projeto Vem Pra Didá Vem Para o Pelô, que em 2010 contou com 20 apresentações e atraiu um público de mais dez mil pessoas ao Largo Tereza Batista, começou com o tradicional cortejo pelas ruas do Centro Histórico. O som mágico dos tambores arrastou baianos e turistas até o espaço. À frente, uma das componentes homenageava Anastácia, princesa Bantu que, escravizada no Brasil, foi obrigada a usar uma mordaça de ferro por ser tida como feiticeira e também para esconder-lhe a beleza. Já nas escadarias do largo, uma baiana recepcionava o público com um banho de pipoca.
Após o aquecimento feito pelo grupo percussivo da Didá no chão do largo, o show da banda feminina começou logo em seguida com a canção Olodum é Rei, composta em homenagem a Neguinho do Samba. Logo depois, a banda balançou literalmente o chão da praça ao som do samba-reggae. No discurso de agradecimento, Viviam Caroline, integrante da Didá, ressaltou a importância do músico nas vidas das integrantes do grupo. “Estamos cuidando com muito carinho e dedicação desse legado de Neguinho. Agradecemos por ter nos dado essas baquetas, que se transformaram em canetas para escrevermos essa história”, disse.
Também ressaltou a importância da programação Tô no Pelô, que possibilitou retomar os ensaios do grupo no Pelourinho após dois anos sem ensaiar no local. “Somos representantes da comunidade e temos que cuidar desse espaço. Nós vamos embora, mas voltamos”, anunciou Viviam.
A coordenadora do setor artístico do Pelourinho Cultural, Simone Reis, subiu ao palco e entregou um buquê de rosas em homenagem à banda.
Na plateia, um público heterogêneo curtia a apresentação da Didá. Entre eles, convidados especiais como a secretária de Promoção e Igualdade do Estado da Bahia, Luiza Bairros. “Acho o trabalho da Didá maravilhoso. Ao longo do tempo elas cresceram muito e esse show comprova isso. É muito bom ter um grupo como a Didá respeitado pelo seu trabalho. E a Didá dá visibilidade ao trabalho de tantas mulheres negras e que merecem respeito”, disse.
Ao final, o cantor e compositor Aloísio Menezes, que estava na platéia, foi chamado ao palco e cantou com a banda a música Quixabeira e, à capela, Sorrir, que, segundo ele, Neguinho gostava muito. E a banda Didá se despediu do público com gosto de querer mais.
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Fonte : Pelourinho Cultural - 16 Agosto 2010
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