O Dia do Samba é hoje, 02 de dezembro, mas foi na noite de quarta-feira que o ritmo pediu passagem no Largo Quincas Berro D’Água, em uma grande homenagem ao centenário do sambista paulista Adoniran Barbosa. O show gratuito fez parte da programação do Pelourinho Cultural, Programa ligado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e à Secretaria de Cultura da Bahia.
Um público eclético começava a encher o local quando o Grupo Sotaque Brasileiro abriu a noite com a música Trem das Onze, um sucesso do sambista homenageado. Na sequência, sem deixar a animação cair, Ademário Silva mostrou a que veio. De calça de linho e chapéu ele cantou composições suas que já fizeram sucesso na voz de outros artistas, a exemplo de Crença e Fé, gravada pela Banda Mel em 1992.
Apesar do seu talento como compositor e de suas poesias virarem letras de melodias para muitos cantores de destaque no cenário musical, o artista comenta sobre sua pouca evidência entre as pessoas. “Sou um anônimo para a grande maioria do público. Não me esmoreço com isso. A música tem dessas coisas, mas eu continuo na luta, com a força e incentivo da turma do samba”, declarou.
André Fanzine subiu ao palco e nessa altura quem estava no largo já havia caído no samba. Cantando Quem sabe de mim sou eu, um autêntico samba de roda, ele animou baianos e turistas. “Eu sou sambista. Mas tudo tem que se renovar para continuar. Eu procuro buscar o samba do Recôncavo, incluir o novo e misturar com o tradicional. É uma mistura musical”.
O tempo ajudou e pessoas de todas as idades pararam para ver o show. Entre o público, a feirante Irene dos Santos, moradora do bairro de Arenoso, era uma das mais animadas. Com o samba no pé e seu balé afro, ela se intitula como a rainha do samba. Dançando sem parar em frente ao palco, disse estar comemorando o aniversário de 30 anos, e declarou sua eterna paixão pelo ritmo: “vivo para o samba, aprendi a gostar com meus avôs. Eles faziam samba de lata no interior”.
Bárbara Dourado foi a primeira voz feminina da noite. Ela trouxe Vou festejar, sucesso de Beth Carvalho. Uma música bastante conhecida por todos, mas de uma outra vertente do samba, que desde 2007 é considerado Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. “O bom do samba é que ele tem diversas possibilidades. Cada um com sua raiz, sua história. E hoje é a comemoração de tudo isso”, disse.
A noite teve ainda as apresentações de Paulinho Camafeu, Neto Bala, Vânia Bárbara, Lia Chaves e Clarindo Silva. Para encerrar, o cantor e compositor Edil Pacheco, que já teve sucessos gravados por Clara Nunes, Gal Costa e Lecy Brandão, brindou o público com um verdadeiro concerto do samba. Ele chamou todos os artistas da noite, que juntos no palco encerraram a noite da mesma maneira como ela começou: ao som de Trem das Onze, uma justa homenagem a Adoniran Barbosa.
Fonte : Pelourinho Cultural in Lara Vital Prado - dezembro 2010
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