O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, e os artistas Lazzo Matumbi, Vovô do Ilê Aiyê, e João Jorge, do Olodum, acabam de conceder uma entrevista coletiva no Teatro Castro Alves, em Salvador, Bahia. Entre os muitos temas debatidos, destacaram-se a programação brasileira no III Festival Mundial das Artes Negras e o lançamento do DVD Mães D´Água – Yeyê Omó Ejá e da edição especial da Revista Palmares.
Zulu Araújo abriu a mesa, citando a qualidade da publicação, desde os textos, as fotos, até a equipe. “Esta edição é um balanço das atividades desse ano, que demonstram o compromisso da Fundação”, disse. Sobre o Festival, o presidente afirmou que ir para o Senegal é uma maneira de estreitar os laços que o Brasil tem com o continente africano. Vovô do Ilê Aiyê reiterou a declaração do presidente da Palmares, lembrando parte da trajetória da Fundação pela defesa, preservação e promoção da cultura afro-brasileira. “Fico feliz que hoje a Fundação tenha uma visibilidade maior, principalmente na relação com a África. A Palmares é nossa referência, nossa representação. Parabenizo-a pelo trabalho”.
O cantor Lazzo Matumbi, que já participou de diversos eventos e aniversários da Fundação, fez questão de parabenizar a instituição. “Com a Palmares, sabemos que temos parcerias e parceiros que atendem à nossa demanda, que estão empenhados pela cultura afro-brasileira. Parabéns pelo trabalho”.
João Jorge, do Olodum, também trouxe um pouco da memória da Palmares, citando o movimento negro da década de 1980. Além disso, registrou a satisfação de participar de um evento do porte do III Festival Mundial das Artes Negras. “A Palmares terá uma grande oportunidade no Senegal, a de reunir a Diáspora na África, levar o que produzimos em 550 anos. Estamos em um momento ímpar de reencontro de gerações.”
COLETIVA Os jornalistas iniciaram a rodada de perguntas querendo saber o critério para seleção dos artistas que iriam ao Festival. Zulu Araújo respondeu que foram quatro: 1) qualidade dos artistas; 2) compromisso com a promoção da igualdade racial por meio de seu trabalho e sua arte; 3) regionalização da escolha, artistas do País inteiro; e 4) a capacidade financeira da Fundação. Zulu reiterou que, apesar do baixo orçamento, a atual verba da Palmares é nove vezes maior do que era alguns anos atrás, e que, para os próximos anos, a tendência é aumentar.
A quantidade de pessoas que irá para o Festival, também foi tema de uma das questões. Serão levadas 362 pessoas, entre artistas, intelectuais e equipe de produção.
SHOW No Teatro Castro Alves, palco do grande show de lançamento com as divas negras, uma pergunta sobre a emoção do evento não poderia faltar. Quem a respondeu foi Lazzo Matumbi. “Na gravação do DVD, em Brasília, eu vi a força das mulheres, que nos fazem sentir a nossa força masculina também. Mas constatei que elas devem estar sempre à frente. Hoje vejo e digo: ´a bênção´”.
Aproveitando a pergunta, Vovô do Ilê Aiyê informou que, ano que vem, a terça-feira de carnaval será dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, e, para comemorar a feliz coincidência, o bloco carnavalesco levará uma das divas negras desta noite para ser homenageada em nome de todas as afro-brasileiras. João Jorge, do Olodum, foi enfático a respeito da importância do show e do DVD: “Reunir essas artistas para fazer essa homenagem é algo que o Brasil devia à população afro-brasileira há muito tempo.”
O sempre bem humorado Lazzo Matumbi finalizou a entrevista, com uma frase que sintetiza o astral do evento: “A África é mãe. A Bahia é mãe. Lançar esse DVD aqui não foi por acaso”.
COMENTÁRIOS
- "Nós somos membros da Diáspora, somos afro-brasileiros e não pseudo-africanos. Ir para o Senegal será importante para demonstrar isso.", declara Zulu Araújo, presidente da Palmares.
- "A Palmares é a nossa referência, nossa representação. Parabenizo-a pelo trabalho.", comenta Vovô do Ilê Aiyê .
- "Eu já conhecia bastante a Palmares, mas não ouvia falar dela. Estou muito feliz por saber que, agora, este órgão federal tem mais visibilidade nacional. A Palmares está de parabéns! ", comenta Lazzo Matumbi.
- "Não somos africanos. Somos afro-brasileiros. E aí reside muitas diferenças. Mas isso não nos exclui, pelo contrário, nos une por algo maior: cultura, religiosidade, etc.", comenta João Jorge, presidente do Olodum.
Fonte : Fundação Palmares - dezembro 2010
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