Depois de muita espera, a Negra Cor finalmente lançará o seu primeiro CD "Eletroafrodescendente" no próximo dia 13 de janeiro,
no Bahia Café Hall, em Salvador com a participação especial da banda Jammil e Uma Noites (Tuca, Manno e Beto).
Antes, no dia 12 de janeiro, Adelmo Casé fará uma noite de autógrafos na Saraiva Mega Store no shopping Iguatemi, a partir das 18 horas.
COMENTÁRIOS DA FOLIA - Noite de autógrafos da Negra Cor foi um sucesso
CD ELETROAFROASCENDENTE Release escrito por Jorge Portugal
A música baiana contemporânea tem seu marco na explosão de Luiz Caldas, em 1985, com o hit “Fricote” e, desde lá, vem ocupando faixas importantes do mercado nacional.
Uma música apoiada fortemente no ritmo, cuja base é a contribuição da mão negra e das variadas misturas que o caldeirão étnico que a cultura baiana representa.
Uma música primordialmente feita para o carnaval, que transbordou os seus limites e dominou as execuções de rádio e pistas de dança durante a última metade da década de oitenta e toda a década de noventa do século passado.
A chamada “Axé Music” firmou-se como sucesso nacional e consagrou nomes como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Netinho e tantos outros.
Com o passar do tempo, mercado consolidado e a possibilidade de outras experimentações ,outras vertentes foram se destacando da “ hard axé music” e buscando identificações mais enriquecedoras com a “black music” e o pop.Carlinhos Brown dá o tom desse novo momento e abre o caminho para expressões como Timbalada e Vixe Mainha( primeira edição, com Jauperi)
Na ponta atualíssima dessa linha evolutiva, encontra-se agora a Negra Cor.
Liderada por Adelmo Casé, um intérprete com total domínio do que canta, a Negra Cor vale-se desse momento especial e não teme abarcar e misturar inteligentemente toda a melhor herança de nossa música negra, representada pelo funk, reggae, samba-reggae, ijexá e outras “levadas” que sempre se incorporam ao nosso repertório de fusões rítmicas.
Faz tudo isso com muita competência e sem esquecer a reverência àqueles que servem de referencial à pluralidade dos caminhos escolhidos.A presença de Bell Marques( Chiclete com Banana) e Jorge Aragão, o mestre do chamado “samba carioca de raiz” expõe a riqueza de diversidade que a banda valoriza, e que bem traduz a alma da Bahia.
Com destaque, a direção musical de luxo do multimúsico Saul Barbosa, que soma convenções e divisões jazzísticas perfeitas para a voz e interpretação de Adelmo Casé.Aliás, ter convidado Saul para tal função é mais um gesto de coragem e reconhecimento ao que temos de melhor em nossa música.
O repertório da Negra Cor traz as indispensáveis faixas para o carnaval, junto a um trabalho que pode freqüentar a programação pop de qualquer rádio brasileira, ao longo do ano.
A faixa 8, Brincando no tempo , é de um romantismo moderno e elegante que “gruda”no ouvido desde que se ouve pela primeira vez; não nos deixa dúvida sobre a força e delicadeza interpretativa de Adelmo; e as letras nunca resvalam para os refrões fáceis de uma sílaba só ou onomatopéias vulgares da música comercial e descartável.
Negra Cor, eletroafroascendente: definição que já é, por si só, um belo e corajoso manifesto!
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