O evento continua hoje (17), a partir das 14h, com o Samba de Suerdick, a Chegança de Arembepe e degustações da culinária popular.
“Capoeira é mais que um esporte, uma arte ou folclore. Capoeira é capoeira”, explica Mestre Nenel. A importância e abrangência do estilo foram temas do debate desta terça-feira, dia 16 de agosto, no Largo Pedro Archanjo e que fez parte da agenda da Semana de Cultura Popular, realizado pelo Pelourinho Cultural, por meio do Centro de Culturas Populares e Identitárias, órgão vinculado à Secretária de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA).O evento contou com a participação de dois grandes nomes da Angola e Regional – respectivamente Mestre Moraes e Mestre Nenel. “Este espaço é importante para a Capoeira pela sua história de luta e resistência. Fomos perseguidos no Brasil Colônia, fomos perseguidos pela polícia na década de 20, até pouco tempo atrás capoeira era prática de criminoso e conseguimos resistir”, pontua Moraes.
O debate reuniu uma plateia de adolescentes do Projeto de Percussão Neguinho do Samba, Escola Didá de Percussão e o Grupo Tambores e Cores, que quis saber as diferenças entre capoeira de angola e regional e quem foram Mestres Pastinha e Bimba, criadores e precursores da Angola e Regional, respectivamente. De acordo com Nenel, a oportunidade de falar aos jovens naquele momento foi para ressaltar o valor que a capoeira tem no Brasil e lá fora. Os mestres afirmam que a prática está presente em 156 países do mundo. Minoru, da terra das artes marciais, pratica há seis anos e se diz apaixonado pelo estilo. “As emoções são muito fortes quando “jogo” a capoeira. A história dos escravos que conhecemos para entender os motivos dos jogos, dos cantos, dos ancestrais me deixa muito emocionado”. O capoeirista está em Salvador para aprimorar a arte que aprendeu no Japão. “Lá a capoeira é muito valorizada”, pontua.
A plateia se entusiasmou ao ver as modalidades juntas em uma apresentação mista. “Nunca vi o jogo das duas de uma vez só. É muito lindo!”, diz a estudante Gisele Freitas, de 15 anos.Após a Capoeira e as merecidas palmas, a experimentação musical tomou conta da agenda do dia. O professor e musicista Bira Reis juntou no Largo Pedro Archanjo, músicos da Bahia, Mato Grosso do Sul, Gana e Chile, além de apresentar uma mixagem sonora com o teatro, para mostrar na Oficina de Investigação Musical o que as artes juntas são capazes. A efusão artística recebeu aplausos de pé da plateia e gritos de “mais um”. “Receber essa energia é muito boa e este evento mostra que temos público para a boa música e experiências artísticas de qualidade”, explica o chileno Leonildas Jancidakis, percussionista há 12 anos e que está na Bahia para aprimorar ainda mais a técnica. O Mc Pablo, um dos músicos do grupo soteropolitano, do bairro de Beirut, QuatroPreto, também foi uma das surpresas da Oficina. Com um estilo que mixa rap, samba e funk, fez o público vibrar. “É uma satisfação para nós participar de um momento tão especial para a cultura baiana e, sobretudo, receber este retorno positivo das pessoas. Esperamos repetir sempre experiências como esta”, conclui.A programação foi fechada com os meninos do Tambores e Cores, projeto sediado no Pelourinho e que educa crianças através da arte. Ao som da percussão, a plateia participou espontaneamente e foi à frente do palco para uma apresentação de dança afro, que não estava prevista na programação. “Essa é a Bahia”, disse a turista canadense Sara Cousuin, que passava no local e ficou para assistir à apresentação.
A iniciativa, inédita em todo o país, nasce da necessidade urgente de potencializar, valorizar e preservar as manifestações culturais baianas, sejam elas de matriz africana, indígena ou sertaneja, expressões tais que não se restringem à capital soteropolitana, mas, sobretudo, mostram a riqueza dos mais de 450 municípios do estado. Até sexta-feira (19), o público poderá conferir diálogos interculturais, experiências gastronômicas, apresentação do Boi Bonito e bandas de percussão. Hoje (17), a programação acolherá o Samba de Suerdick, a Chegança de Arembepe e degustações da culinária popular.
Caminhada Azoany – O evento reuniu cerca de 300 pessoas e comemorou ontem, dia 16 de agosto, seu 13º aniversário com apoio do Centro de Culturas Populares e Identitárias. Após a abertura na Praça do Reggae, com banho de pipoca, cantos e danças – referências a Exu, o orixá que abre os caminhos, o evento seguiu em cortejo até o bairro da Federação, rumo à Igreja de São Lázaro. O auxiliar de Serviços Gerais Arthur Souza Hortêncio se emocionou durante o percurso: “Estou aqui para agradecer, somente isso. Não quero pedir mais nada. Obaluaê me curou de um câncer na bexiga”, disse entre lágrimas. Os santos homenageados são conhecidos por Azoany (ou Obaluaê quando jovem e Omolu quando mais velho) nas religiões de matriz africana, e ainda São Roque, no catolicismo. O evento ocorre anualmente em homenagem ao orixá curador e protetor da saúde. Os participantes saem em cortejo para agradecer por curas e graças alcançadas.
Fonte : Pelourinho Culrural - 17 agosto 2011
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