Quem transitou no Centro Histórico na noite desta sexta-feira (24), pode perceber que a festa do São João da Bahia transformou o Pelourinho em uma autêntica cidade do interior. Subindo e descendo as ladeiras históricas, milhares de pessoas curtiam a festa aos sons dos tradicionais sambas juninos e trios de forró, além de contemplar o cenário do casario tombado completamente decorado a rigor da tradição e degustar as iguarias típicas encontrados nas barraquinhas padronizadas montadas nas ruas e esquinas do Pelô. O São João da Bahia é uma iniciativa do Governo do Estado, através das Secretarias de Cultura e de Turismo e da Bahiatursa.
Enquanto Val Macambira atraia milhares de pessoas para o Terreiro de Jesus, nos largos e nas ruas do Pelô o espaço ficou pequeno para quem queria dançar juntinho um forró pé de serra. No largo do Pelourinho, crianças, jovens, adultos e idosos dividiam alguns metros quadrados para assistir o show da banda Cactus – que iniciou a apresentação às 20h30, levando para o público o seu vaneirão romântico e também um pouco do pé de serra. “Queremos agradar o público e fazer um excelente São João aqui no Pelô”, afirmou Jucimara Souza, uma das vocalistas do grupo, que tocou, além de canções próprias, músicas de bandas como Aviões do forró, Calcinha Preta e Cavaleiros do Forró. Logo em seguida, 22h30, foi a vez da banda Sarapatel com Pimenta assumir o palco. A banda que iniciou sua carreira na década de 90, em Cruz das Almas, fez bonito ao conduzir o público quando o assunto era ritmo nordestino. Embalado pelos estilos xote, baião, xaxado e coco, o grupo trouxe no repertório canções autorais, além releituras dos clássicos como Luiz Gonzaga, Mestre Lindú, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos. Para encerrar as atividades da noite no largo do Pelourinho, a programação oficial do São João não pode deixar de fora o tradicional Samba Junino do grupo Mucum’g – um dos grupos de sambas junino que vem encerrando as atividades da noite neste palco. Desde o dia 22 de junho, já passaram por aqui os grupos Samba de Roda Urbano e Samba Neguinho.
Depois da apresentação de Val Macambira, ainda subiram ao palco do Terreiro de Jesus, o cantor Genival Lacerda e a banda Estakazero. Às 22h30, o cantor e compositor paraibano Genival Lacerda, que dividiu o palco com o filho João Lacerda, apresentou antigos sucessos de sua carreira, dentre as canções destacaram-se: “Severina Xique Xique”, “De quem é esse Jegue?” e “Galeguin do Zoi Azu”, além da recente composição “Chevette da Menina”. Na sequencia, à 01h, a banda Estakazero assumiu o espaço para encerrar o espetáculo da noite. No show, o grupo apresentou canções inéditas do CD intitulado “Balada”. Como em todas as suas apresentações, a banda soteropolitana que traz o cantor e instrumentista Leo Macedo, fez o público tirar os pés do chão – quando apresentou as músicas de sucesso “Encosta N’Eu (Deixa Doido Eu)”, “Volte Logo”, “Lua Minha” e “Botando o Pé na Estrada”. A banda que tem dez anos de carreira, ainda trouxe no repertório os ritmos baião, galope, arrasta pé e xote, além de influências do reggae, que se unem ao tradicional forró pé-de-serra.
Já nas ruas e esquinas do Centro Histórico, os trios de forró animavam aos baianos e turistas desde às 19h, com o tradicional forró pé de serra. Entre as atrações, destacaram-se: Trio Asa Branca, Tenilson Gonzaga, Forró da Raqué e Neto de Procópio. Na Praça das Artes, os adultos dançavam curtiam ao som dos trios de forró – Zé da Sanfona e Canarinho do Norte, enquanto as crianças brincavam com os tradicionais traques de massa. A professora Ana Lins, veio ao Centro Histórico com a família para acompanhar os tradicionais festejos juninos. “Viemos ao Pelourinho pois a festa aqui é boa, diversa e tranquila”, afirmou Ana. Com Ana vieram a mãe, Lígia, o avô de 73 anos, o namorado e o enteado Gabriel, de nove anos. Para Lígia Sá, mãe de Ana, este ano a festa no Pelô não deixou a desejar. “O Pelourinho está lindo, não deve nada às festas do interior”, contou Ligia.
O grupo Bonecões desfilou pelas ruas do Pelô representando personalidade como Gonzagão, Tieta, boneca Emília e Gal Costa. Os bonecos de mais de três metros de altura encantaram o público e seguiram acompanhados do som do grupo de Samba Junino Samba Santa, que este ano completa 25 anos de tradição. Manifestação popular encontrada unicamente na Bahia, os grupos de Sambas Juninos lideraram o desfile itinerante no Centro Histórico. Quem transitava pelas ruas, becos e vielas do Pelô pode curtir a versatilidade do samba que se transforma, nessa época do ano, em samba junino – apresentados por grupos como Samba Jaké, Samba Fogueirão, Samba Bicho de Cana e Samba Zambaê, dentre outros.
Já os largos Tereza Batista, Pedro Archanjo e Quincas Berro D’Água – que recebem três atrações por noite cada um, vêm conquistando o público com um espaço aconchegante. Os Largos oferecem um ambiente animado e acolhedor, com bares, mesas e espaço para os que preferem dançar coladinho. “A festa no Pelourinho está linda, a diversidade de espaços é fantástica. Está tudo com ar de cidade do interior e tem lugar para quem quer dançar, para quem quer curtir com a família, para quem quer assistir aos shows nas mesas dos bares… tem lugar para todo mundo!”, afirmou a estudante Jana Oliveira que veio à festa acompanhada de uma amiga. Quem circulou nesses espaços na noite desta sexta (24), pode se divertir o som do forró das bandas Sobe Poeira, U Tal de Xote, Engraxate, Xote de Anjo e Forró dos Mangueados, além do artista Cal Moura. No Largo Pedro Archanjo o forrozeiro Cal Moura se apresentou acompanhado de sua banda. “Nosso ritmo é um pé de serra universitário, acompanhado de guitarra e bateria. Queremos fazer o público dançar”, afirmou Cal. No repertório, canções como “Farinha” de Djavan, e várias de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Ao final da apresentação, Cal promoveu um verdadeiro galope junino, com direito a quadrilha guiada. Enquanto isso, no Largo Tereza Batista, o grupo baiano U Tal do Xote apresentou um som tradicional, sem perder influências como maracatu e reggae. Banda jovem, mas que já tem agenda repleta de shows pela capital baiano, U Tal do Xote embalou o público que não cansou de dançar.
Fonte : Pelourinho Cultural - 23 de junho 2011
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