Há 13 anos, o bloco afro Bankoma leva à Avenida a beleza, a tradição e a resistência de um povo. Em 2014, o tema diz tudo isso e muito mais: “Nzazi Nipoui Kupepumuka Bamburucema”, ou seja, “O advogado das leis e tradição que é levado pelos ventos de Oyá”, como explica Mãe Lúcia, presidente do Bloco. Segundo a mesma, o Bankoma vem trazendo este ano um chamado especial de justiça, de inserção na cultura, na educação, na política e em todos os espaços de poder na sociedade. “Somos um bloco de outro município e participamos do carnaval de Salvador e, com isso, nós enfrentamos dificuldades, mas resistimos e estamos a cada ano reivindicando essa resistência, afirmando nossa luta e nossa perseverança em continuar saindo, levando nosso povo para as ruas”, disse a líder religiosa do tradicional Terreiro São Jorge Filho da Goméia, em Lauro de Freitas.

Apoiado pelo Carnaval Ouro Negro, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, o Bankoma leva em seu cortejo 3500 foliões, uma ala de dança com 50 dançarinos e 25 pessoas compondo sua ala musical. “Este ano estamos trazendo 80 quilombolas de Tijuaçu, comunidade de Senhor do Bonfim, além de religiosos de 450 terreiros de candomblé de Salvador, Região Metropolitana, da Ilha de Itaparica, dentre outras localidades.

Em sua fantasia, o Bankoma traz elementos religiosos ligados ao tema, como os machados de Xangô (Oxês), as cores vermelho e branco, de Yansã e Xangô. “Precisamos da energia destas entidades para que nossa luta se fortaleça, seja grande e nos uma enquanto povo. Estamos trazendo esses elementos para dizer que nós precisamos de vozes que ecoem nossas demandas, que nos insiram nos espaços de decisão e que transformem nossa luta”, enfatizou Mãe Lúcia das Neves, a Mameto Kamurici, do Terreiro São Jorge Filho da Goméia.