Ele tinha apenas dez anos quando subiu em um trio elétrico com uma guitarra baiana e, desde então, tornou-se um símbolo do Carnaval de Salvador e um dos principais divulgadores da música baiana pelo mundo. Em 2014, quando se comemora os 40 anos dos blocos afros, Armandinho também celebra suas cinco décadas na folia com o projeto “Armandinho – 50 Carnavais”, os 40 anos da banda Armandinho, Dodô e Osmar, formada com os irmãos Aroldo, André e Betinho Macêdo, e a nova música de trabalho, “Ave Maria na Praça”, com trechos da Ave Maria ao som do instrumento que o consagrou.
O artista relembra como foi o início da carreira, apoiada pelo pai Osmar Macêdo que, ao lado de Dodô Nascimento e Temístocles Aragão, foram os inventores do trio elétrico em 1950. “Precisamente em 1964, meu pai preparou um trio mirim em uma caminhonete especialmente para eu me apresentar no Carnaval, porque desde pequeno eu chorava para ele me levar em um trio elétrico e nunca tinha essa possibilidade. Ele dizia ‘aprenda a tocar, meu filho’, e, então, fiquei afiadinho em tocar os frevos dele. Daí então começa a minha trajetória no trio e na música”, ressaltou.
O boom aconteceu em 1968, após a participação no “A Grande Chance”, um dos programas de maior audiência que era apresentado por Flávio Cavalcanti na TV Tupi, em pleno Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O sucesso foi tanto que gravou um compacto duplo no ano seguinte e, no fim da década de 70, fez parte do conjunto A Cor do Som, que emplacou sucessos como “Zanzibar” e “Beleza Pura”.
ARMANDINHO 50 CARNAVAIS O projeto "Armandinho - 50 Carnavais" já começa como um “esquenta” para a festa de Momo, com primeiro show a ser realizado no Clube Fantoches, no Largo 2 de Julho, Centro da cidade, nesta quarta-feira (5), a partir das 20h. Como convidados estão a banda Ilê Aiyê e os cantores Geraldo Azevedo e Daniela Mercury, além do DJ Batata. Nas próximas edições, também estarão presentes nomes como Jorge Vercilo e Fafá de Belém.
Além do frevo, o repertório engloba vertentes do universo musical brasileiro, como MPB, pop e rock e demais influências. “O meu objetivo é mostrar que a guitarra baiana, esse instrumento novo que eu batizei, esse menino que a gente vem criando e inventado por Dodô e Osmar como pau elétrico, é moderno e atual e que incorpora toda a tecnologia da guitarra e o que vem de novo por aí, assim como o trio elétrico”, explicou Armandinho.
O artista exemplifica com os próprios convidados do show. “De antemão, poderiam perguntar o que é que Jorge Vercilo tem a ver com trio elétrico? Tem a ver com Armandinho, com a guitarra baiana, com esse som que eu faço incorpora toda a música brasileira. Eu quis buscar os convidados desse universo musical brasileiro, variado, puxando para o lado tropical desses artistas e mostrar tanto o lado nordestino quanto o romântico. Além de incluir, claro, as músicas feitas para o carnaval, como Chame Gente, feita em parceria minha com Moraes Moreira e que a gente não abre mão, pois ela virou um hino e a que melhor retrata esse momento baiano em torno do trio elétrico”, contou.
EXPRESSÃO BAIANA O desejo de Armandinho é que a guitarra baiana seja utilizada também por outros artistas e ele têm notado o interesse dos músicos mais novos pelo instrumento, que não é encontrado em qualquer lugar do mundo e que possibilita se misturar a diversos ritmos. Dois exemplos disso são o guitarrista Júlio Caldas, que desenvolve o projeto Circuito Guitarra Baiana com a participação de vários músicos, e a banda BaianaSystem, que traz diversos ritmos aliados ao antigo pau elétrico.
“A curiosidade é muito grande por parte da juventude, pois vê ali uma sonoridade nova que eles ainda não tinham visto, diferenciado da guitarra e dos instrumentos de corda eletrificados, a exemplo do violão e violino. É novo, é nosso e estimulo a outros músicos que queiram aprender e levar para fora do Brasil”, salientou.
HOMENAGEM AOS BLOCOS AFRO E como este ano o Carnaval de Salvador homenageia os 40 anos dos blocos afros, Armandinho conta como novidade a preparação de um disco, chamado Afro Sinfônico Guitarra Baiana, com clássicos executados em conjunto com blocos afros. Dentre os registros já feitos está a canção "Bolero de Ravel" com a banda Olodum, "Trenzinho Caipira" com a banda do Filhos de Gandhy e "Marcha Turca" com a banda Ara Ketu. A previsão é de que o disco seja finalizado até dezembro deste ano e contará com arranjos de renomados maestros, incluindo uma possível participação da Orquestra Sinfônica da Bahia.
Fonte : Agecom Salvador (07/02/2014) - fevereiro 2014
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