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Lia Robatto fala sobre a dança no Carnaval
bastidores da folia
A coreógrafa fala sobre Carnaval em entrevista ao Centro de Memória da Bahia



Em celebração aos 30 anos do Centro de Memória da Bahia, a coreógrafa, autora de livros sobre dança e produtora cultural, Lia Robatto, doou para a unidade seu acervo físico e digital, compostos por cartazes de espetáculos, programas, estudos, registros de imprensa, fotos, filmagens e outros elementos, que serão disponibilizados para estudos, pesquisas e fruição.

Natural de São Paulo, Lia Robatto veio para a Bahia com 17 anos. Foi aluna da polonesa Yanka Rudzka na Sociedade Pró-Arte Moderna e Museu de Arte de São Paulo, além de integrar o Conjunto de Dança Contemporânea da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde se formou dançarina. Foi professora das escolas de Dança e Teatro da UFBA, e em 1970, criou o Grupo Experimental da Dança. Lia Robatto ainda implantou a Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), o Balé do Teatro Castro Alves, atuou como integrante do Conselho Estadual de Cultura da Bahia e hoje é uma das grandes personalidades do gênero em todo o país. Confira entrevista FPC BA abaixo

FPC - O que a Dança representa para um povo, e qual o papel dela na contemporaneidade?

Lia Robatto - A dança se manifesta desde as primeiras culturas históricas, temos esses registros nas pinturas rupestres nas cavernas, onde já se identificam manifestações dramáticas dançadas. Em cada cultura, estágio civilizatório e comunidade, a Dança tem uma função diferente, seja como ritual ou lazer. Mesmo atualmente em Salvador, ela é muito presente mas, para cada momento, tem uma função diferente. No Candomblé, por exemplo, os rituais sagrados de origem africana são uma manifestação elaborada pelo corpo através da Dança, e é cheia de simbolismos. A Dança também pode ter uma função fortíssima de entretenimento, por exemplo, no Carnaval, onde a população se esbalda dançando. É um coletivo, uma massa que, mesmo sua comercialização e industrialização, não desaparece. Ao contrário, explode e é uma necessidade do ser humano de extravasar, de explodir em alegria. A Dança ultrapassa a realidade. Existem ainda as tradicionais, ancestrais, ditas folclóricas, que tem a função de manutenção da história de um povo, e cada clã, tem uma forma diversa, como Terno de Reis, Bumba-meu-boi. A Capoeira tem uma forma de luta marcial dançada, de golpe, defesa e contragolpe. É claro que não é só através da Dança que um povo se identifica, mas ela faz parte deste hall. E temos a Dança como auto expressão, que é onde eu atuo. Ela é autoral e elaborada, exige uma formação especial que se torna profissional. É a arte como forma simbólica de expressar a vida.


Fonte : FPC- Centro de Memória da Bahia (08/09/2016 10:10)/ SECULT BA - novembro 2016

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