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Bastidores da Folia | |
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Os dois decidiram pedir ao motorista que parasse o carro e foi quando ouviram do condutor uma resposta emblemática.
"Já estamos sem freio e sem embreagem há muito tempo. Quem está empurrando o carro é a multidão". Era o domingo de Carnaval de 1950. O dia em que a Bahia conheceu o embrião do trio elétrico.
"Eu peguei eles na Castro Alves, já com muita gente seguindo. Quando chegamos ao pé da ladeira que subia para a Rua Chile, a fobica quebrou", lembra Orlando Tapajós, que depois veio a ser dono do trio Tapajós e hoje é uma lenda viva do Carnaval baiano. Mesmo quebrada, a fobica só parou na Praça da Sé".
Gil Maciel explica sobre a Dupla elétrica : " A idéia de usar a fobica no Carnaval surgiu durante uma apresentação do conjunto pernambucano Vassourinhas, um naipe de metais que até hoje percorre as ruas de Recife, tocando frevo. De passagem por Salvador, o grupo deu uma canja no centro da cidade, arrastando milhares de pessoas e impressionando Dodô e Osmar. Como não dava para carregar toda a aparelhagem a pé, a dupla baiana instalou uma bateria no Ford T, modelo 1929, que Osmar usava no transporte de material para a sua metalúrgica. O carro também era conhecido como Ford "bigode" por conta da semelhança causada pelas marchas acopladas nos dois lados do volante. A bateria alimentava o amplificador, no qual estavam plugados os dois paus elétricos. O som saía de duas cornetas, uma na frente e outra atrás. Numa faixa na parte externa, estava escrito: "A dupla elétrica". No chão, um grupo de músicos tocava caixa, surdo, bumbo, pandeiro e prato, acompanhando a marcha lenta da fobica. Nesta época, o Carnaval de Salvador tinha perdido seu caráter popular e a festa no centro era um desfile de fantasias suntuosas, ao som de marchinhas lentas, assistido pelas pessoas nas calçadas. Muitas levavam cadeiras para descansar entre a passagem de um bloco e outro. Neste contexto, a visão do velho calhambeque, com dois jovens tocando instrumentos esquisitos, foi uma experiência memorável. Quem gostou, guardou o banco e seguiu a fobica. E o Carnaval nunca mais foi o mesmo. O sucesso da fobica foi tão grande que, no ano seguinte, Dodô e Osmar convidaram o amigo Temístocles Aragão para tocar um terceiro instrumento eletrizado e passaram a se chamar de Trio Elétrico. Neste segundo ano de Carnaval trieletrizado os três músicos se apresentaram em cima da carroceria de uma pick-up Chrysler, modelo Fargo, com quatro cornetas de som e um gerador à gasolina. O amplificador embaralhava os sons dos três instrumentos. Por conta disso, desistiram de manter os três paus elétricos simultâneos. | |||||
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