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Desfile da fobica segundo Gil Maciel
Resgate da trajetória do trio elétrico


Gil Maciel, no texto "A Artesanal Fobica ao potente Trio Elétrico", publicado no jornal Correio da Bahia, em 22 de Janeiro de 2000, enriquece a cultura traçando o cenário do primeiro desfile da fobica.
"A fobica trafegava lentamente. Dentro do carro, Dodô e Osmar tocavam frevos e marchinhas, com seus paus elétricos. Osmar estava preocupado em não atrapalhar o cortejo dos blocos na Rua Chile. Ele virou para Dodô e disse: "Rapaz, tô com medo que a gente seja preso por causa da confusão".

Os dois decidiram pedir ao motorista que parasse o carro e foi quando ouviram do condutor uma resposta emblemática. "Já estamos sem freio e sem embreagem há muito tempo. Quem está empurrando o carro é a multidão". Era o domingo de Carnaval de 1950. O dia em que a Bahia conheceu o embrião do trio elétrico. "Eu peguei eles na Castro Alves, já com muita gente seguindo. Quando chegamos ao pé da ladeira que subia para a Rua Chile, a fobica quebrou", lembra Orlando Tapajós, que depois veio a ser dono do trio Tapajós e hoje é uma lenda viva do Carnaval baiano. Mesmo quebrada, a fobica só parou na Praça da Sé".

Gil Maciel explica sobre a Dupla elétrica : " A idéia de usar a fobica no Carnaval surgiu durante uma apresentação do conjunto pernambucano Vassourinhas, um naipe de metais que até hoje percorre as ruas de Recife, tocando frevo. De passagem por Salvador, o grupo deu uma canja no centro da cidade, arrastando milhares de pessoas e impressionando Dodô e Osmar.

Como não dava para carregar toda a aparelhagem a pé, a dupla baiana instalou uma bateria no Ford T, modelo 1929, que Osmar usava no transporte de material para a sua metalúrgica. O carro também era conhecido como Ford "bigode" por conta da semelhança causada pelas marchas acopladas nos dois lados do volante. A bateria alimentava o amplificador, no qual estavam plugados os dois paus elétricos.

O som saía de duas cornetas, uma na frente e outra atrás. Numa faixa na parte externa, estava escrito: "A dupla elétrica". No chão, um grupo de músicos tocava caixa, surdo, bumbo, pandeiro e prato, acompanhando a marcha lenta da fobica.

Nesta época, o Carnaval de Salvador tinha perdido seu caráter popular e a festa no centro era um desfile de fantasias suntuosas, ao som de marchinhas lentas, assistido pelas pessoas nas calçadas. Muitas levavam cadeiras para descansar entre a passagem de um bloco e outro. Neste contexto, a visão do velho calhambeque, com dois jovens tocando instrumentos esquisitos, foi uma experiência memorável. Quem gostou, guardou o banco e seguiu a fobica. E o Carnaval nunca mais foi o mesmo.

O sucesso da fobica foi tão grande que, no ano seguinte, Dodô e Osmar convidaram o amigo Temístocles Aragão para tocar um terceiro instrumento eletrizado e passaram a se chamar de Trio Elétrico. Neste segundo ano de Carnaval trieletrizado os três músicos se apresentaram em cima da carroceria de uma pick-up Chrysler, modelo Fargo, com quatro cornetas de som e um gerador à gasolina. O amplificador embaralhava os sons dos três instrumentos. Por conta disso, desistiram de manter os três paus elétricos simultâneos.

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