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Resgate da trajetória do trio elétgrico





Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
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Suor, criatividade e tecnologia para animar as ruas
Sistema Complexo, tecnologia e infra-estrutura fazem a cabeça dos trios elétrico

Uma estrutura metálica pesando 15 toneladas, com quatro metros de altura por 3,5 de largura e 25 de comprimento. Um sistema elétrico que se espalha por três quilômetros de fios e tem potência para iluminar uma cidade de mil habitantes. Por dentro, escadas, camarim, elevador, circuitos de som e de luz. Esse palco de aço se move pelas ruas e avenidas. E é popularmente conhecido como trio elétrico.

Construir algo tão grande e pesado requer tempo, técnica e manha. "Se a gente entregar um projeto de trio prontinho para um americano, por exemplo, ele vai conseguir fazer, mas nunca igual", aposta o técnico em eletrônica Armando Sá Barreto, que há oito anos trabalha na área e já cuidou de projetos famosos, como o trio de Daniela Mercury.

Sistema complexo - Para dominar essa técnica, é preciso aliar o conhecimento à capacidade de achar soluções criativas e seguras. "A cada dia, os projetos ficam mais sofisticados", comenta Barreto. Sistemas de fornecimento de energia e de som são desenvolvidos por profissionais especializados. O design ganha destaque e a inclusão de materiais como acrílico no revestimento já é lugar-comum.

Todo Carnaval, um novo trio chega às ruas de Salvador alardeando novidades. Desde um equipamento de iluminação espetacular até uma piscina no palco. Cada uma dessas máquinas de som e luz custa cerca de R$1 milhão. Trios mais elaborados, no entanto, podem chegar a consumir até R$1,5 milhão.

A construção de um trio elétrico envolve profissionais diferentes, mobilizando do engenheiro calculista a um soldador. "Depois de definir as características básicas com o cliente e o nível de sofisticação desejado, preparo o projeto e envio para o engenheiro", esclarece o arquiteto Nunes da Matta, designer de trio elétrico há nove anos, com criações para a Pimenta N'Ativa, Cheiro de Amor, Pinote e Carlinhos Brown.

"Nos últimos anos, o processo vem se especializando, já que os donos de blocos começaram a perceber a importância de um profissional que pense a estrutura desde o começo", afirma Da Matta, que garante saber o básico sobre o processo de montagem de um sistema de som profissional - conhecimento que ele vê como necessário para a construção de um trio.

Da Matta também projeta carros de apoio, que apesar de terem a mesma base estrutural de um trio, precisam ser divididos em áreas como banheiro, bar, posto médico, depósito e bilheteria. "É mais ou menos como projetar um barco, com todas as medidas absolutamente exatas", afirma. A pesquisa de materiais também é importante, já que o avanço tecnológico permite recobrir algumas áreas do trio elétrico com policarbonato, acrílico ou fibra - o que dá um ganho estético ao projeto.

Um trio elétrico é uma grande estrutura metálica recheada por complexos sistemas. Antes de chegar à metalúrgica, o projeto de um trio passa pelas mãos de um engenheiro calculista, que vai determinar a viabilidade das formas e materiais propostos pelo designer, além de fazer todos os cálculos estruturais necessários. Depois dessa etapa, começa o trabalho na metalúrgica. A estrutura de vigas laminadas de aço e chapas antiderrapantes é montada sobre um chassi de carreta com 12 pneus (três duplas de cada lado, para garantir a estabilidade).

"Cada solda é conferida por um encarregado porque uma estrutura como essa sofre torção o tempo inteiro", explica Alberto Macedo, o Betinho, filho de Osmar, que herdou do pai a habilidade para a construção de trios. "Se a solda não estiver mais que perfeita, o movimento, a pressão ou a passagem em um buraco podem fazer com que duas dessas vigas se separem, comprometendo seriamente a estrutura", alerta.


Fonte: Gil Maciel, Correio da Bahia - Janeiro 2000


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