Carnaval de Salvador 2021 é cancelado
Uma das maiores festas populares de rua do planeta e que faz parte da identidade cultural e econômica da capital baiana, o Carnaval de Salvador 2021, que seria realizado em fevereiro, está oficialmente suspenso. O anúncio foi feito pelo prefeito ACM Neto e pelo vice e futuro prefeito Bruno Reis nesta sexta-feira, dia 27 de novembro 2020, durante inauguração do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), no Elevador Lacerda, em frente à Praça Municipal.
Carnaval não será realizado em fevereiro de 2021 devido à pandemia da Covid-19, e vai evitar que 1,2 milhão de pessoas circulem nas ruas onde tradicionalmente acontecem os festejos, na capital baiana. A estimativa é da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento do Estado (Seplan). A SEI também estima que em torno de R$ 1,7 bilhão, advindo dos gastos dos foliões, deixarão de circular em Salvador.
De acordo com o prefeito, a decisão levou em consideração o cenário indefinido de acesso à vacina contra a Covid-19 para toda a população, até a data original da festa. Ele acredita que o próximo gestor, assim como os prefeitos de outras cidades que também possuem festa de Carnaval, possam entrar em acordo para conseguir uma data em conjunto, se a situação permitir.
“É um duro golpe ter que tomar esta decisão não apenas pelo entretenimento proporcionado por um evento que anima baianos e turistas do Brasil e do mundo, mas também pelo ponto de vista econômico, que envolve toda uma cadeia existente durante o ano inteiro por causa do e que já está bastante afetado por conta da pandemia”, declarou ACM Neto.
Para o vice e próximo prefeito, a determinação foi tomada em conjunto, assim como as demais ações de enfrentamento à pandemia já realizadas pela Prefeitura, com base em dados técnicos e científicos. Uma nova data para a folia soteropolitana só deverá ser definida assim que houver um cenário definido para a imunização dos cidadãos contra o novo coronavírus. “Estamos colocando sempre a vida das pessoas em primeiro lugar”, destacou Bruno Reis.
Assim como o Carnaval, todo o calendário de eventos de Salvador está comprometido devido à pandemia. “Também não haverá festas populares. A Lavagem do Bonfim, por exemplo, poderá ter algo simbólico, mas não a participação de pessoas nas ruas como é a tradição”, completou ACM Neto.
A SEI calculou que o cancelamento da festa impõe a não circulação de, pelo menos, R$ 1,7 bilhão relativos ao gasto dos foliões. Para alcançar este número foram considerados os gastos médios dos foliões por categoria; residentes, turistas do interior, turistas de outros estados, e turistas de outros países.
"Realmente, o Carnaval é uma festa que traz um número expressivo de turistas para nosso estado, principalmente para Salvador, que faz a maior festa de rua do mundo", ressalta o secretário de Turismo do Estado, Fausto Franco. No entanto, ele acrescenta que apesar do impacto causado pelo cancelamento da festa, a necessidade de salvar vidas humanas é imperiosa neste momento e lembra que mesmo não ocorrendo a folia momesca, a Bahia tem lugares paradisíacos para serem visitados a qualquer época do ano, que oferecem distanciamento social e turismo ao ar livre, junto à natureza, sem contar o rico patrimônio histórico cultural para ser visitado.
Os dados da pesquisa Suplemento do Carnaval de 2010, que adota a metodologia e a estrutura organizacional da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a qual investiga os indivíduos que responderam a condição de se trabalharam ou não no período da festa em Salvador, indicam que na condição afirmativa estiveram 93 mil ocupados, ou 6,18%, da força de trabalho municipal. A proporção daqueles que exerceram a atividade exclusivamente em função do Carnaval corresponde a 60%.
Buscando definir um paralelo, a SEI utilizou este percentual em relação ao mesmo recorte da população de Salvador para o ano de 2020, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do primeiro trimestre, quando se concluiu que 60 mil trabalhadores ficarão sem opção de desempenhar suas atividades com a não realização do Carnaval em 2021.
Para efetivação do evento em 2020, a despesa dos poderes estadual e municipal foi de R$ 133 milhões. O Governo do Estado disponibilizou R$ 73 milhões distribuídos entre os municípios que fazem o carnaval. Salvador absorve a maior parte deste recurso. Este valor é desembolsado para realização de atividades setoriais (cultura, turismo, saúde, segurança pública, transporte, direitos humanos, etc.). Segundo a SEI, a Prefeitura Municipal de Salvador aportou R$ 60 milhões, dos quais R$ 20 milhões originários dos cofres públicos e o restante advindo de patrocínio.
Ainda de acordo com a superintendência, o verão sem festas públicas ou privadas deve impactar nos indicadores de diversos setores no primeiro trimestre de 2021. A redução de arrecadação de ICMS foi projetada em R$ 47,3 milhões nos setores de bebidas, alimentação e alojamento. Também acarretará na queda de 18,2% na taxa de ocupação dos hotéis em Salvador, no período, e redução de 7 mil postos de trabalho diretos, além da queda em torno de 25% da receita nominal do conjunto de atividades características do turismo.
Fonte: BA GOV (09/02/2021), SALTUR, Ascom BA e SEI-BA