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Fundado em 25 de abril de 79, o Olodum é mais que um bloco, é um movimento cultural. Esta é a vértice da ligação afro-caribaiana que fez a Bahia mudar de cara na década de 80. Foi deste bloco-modelo que saiu o samba-reggae estilizado por outros grupos de sucesso.
Quando, os mineradores de pepitas étnicas Paul Simon e David Byrne resolveram tomar o pulso dos tambores filtrados nos cânticos de terreiro, nos blocos de rua (Filhos do Mar e Filhos do Fogo) e na percurssão Oxante (um povo de Gana, África), procuraram o Olodum. Foram obrigados a palmilhar a ponte Egito/ Madagascar. Com sua régua e compasso o artesão baiano Gilberto Gil traduziu para o resto do país: OLODUM É UMA ESCOLA DE SAMBA DA BAHIA.
Mas eles apontam influências até do megabloco carioca Cacique de Ramos.
Isso sem falar do parentesco salseiro do Caribe, que deu na estética negra das roupas, pulseiras e tranças. E na recuperação da mitologia da raça, na exaltação do Faraó de Ébano e na dilatação dos pontos cardeais de uma cultura condenada à diáspora.
Com seus tambores gigantes servindo de aparato instrumental para solista e coro de vozes nuas (mais eventuais pinceladas de algum sopro), o Olodum abre alas e pede passagem para enredos que tocam no acorde das questões do nordeste negro.
Na realidade o Olodum é um canto de Guerra e Garra ! Uma gernica em movimento. O toque de reunir de uma nação cujo Armagedon é o carnaval.
E dá-le raça negra, sim!
( Tarik de Souza )
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