PIXINGUINHA
Navegue nas páginas de Cordel de Gustavo Dourado que delineia a trajetória de Alfredo da Rocha Viana Filho, popularmente conhecido por Pixinguinha, (*23/04/1897 Rio de Janeiro +17/02/1973 Rio de Janeiro).
Alfredo da Rocha Viana Filho
Eterno Compositor
Nasceu lá na Piedade
Menino bom de valor
De apelido Pizindim
Instrumentista arranjador
Pizindim mais Bexiguinha
Novo nome originou
Nosso Mestre Pixinguinha
Ao mundo se revelou
Da infância no Catumbi
O bamba se originou
Alfredo era seu pai
Do Choro, apreciador
Funcionário dos telégrafos
Artista e trabalhador
Pixinguinha aprendeu flauta
Com o pai, bom tocador
Pixinguinha conviveu
Com artistas populares
Candinho, Trombone, Pinguça
Entre tantos outros pares
Com Irineu de Almeida
Musicava pelos ares
Mestre Bernardes ensinou
Influiu na educação
Mestre Quincas Laranjeiras
Influenciou a formação
O menino Pixinguinha:
Artista em transformação
Piedade - Catumbi
Lá no Rio de Janeiro
Pela Rua Miguel Paiva
Cavaquinho seresteiro
Aprendeu primeiras letras
Pra ser grande por inteiro
Bem novo já trabalhava
O pai a acompanhar
Na flauta e no cavaquinho,
Nas festas sempre a tocar
Com César Borges Leitão
Aprende música elementar
No Liceu Santa Teresa
Pixinguinha estudou
No Mosteiro de São Bento
Também se aperfeiçoou
Com o seu pai Alfredo
Na flauta se iniciou
Na Rua Vista Alegre
Morou em um casarão
De nome Pensão Viana
De hospitaleira tradição
O menino Pixinguinha
Em fase de transmutação
Ganhou uma flauta do pai
Da Europa, importada
Custou 600 mil réis
Marco na sua jornada
O Instrumento musical
Deu início a caminhada
Ao Grupo Choro Carioca
Pixinguinha pertenceu
Filhas da Jardineira,
Do diretor Irineu,
Desfiles de carnaval
Pixinguinha empreendeu
Polca Nhônhô em Sarilho
Salve a Princesa de Cristal
São João debaixo D'água
E música de carnaval
Nininha e Dainéia,
Do mestre fenomenal
Qualquer Coisa, o Morcego,
Parcerias com Irineu,
O Choro Lata de Leite,
Pixinguinha concebeu,
Ainda de calça curta,
Pixinguinha aconteceu
Em Mil Novecentos e doze
Atuou no carnaval
Paladinos Japoneses
Pixinguinha musical
No La Concha com o Pádua
Tornou-se profissional
Seis mil-réis por noite
Ganhava para tocar
Casa de chope da Lapa
Samba e mesa de bar
Era apenas um garoto
E já era bem popular
Apresentou-se em cabarés
Pelo turbilhão da Lapa
Em O Ponto e no ABC,
Rolava amor e até tapa
Lá no Rio de Janeiro
Bem no coração do mapa
Para a Casa Faulhaber
Diversos discos gravou
Na Favorite Records
Jovem se prenunciou
O futuro grande mestre
Por lá se iniciou
Tocava em todo canto
Não escolhia lugar,
Festa, baile e quermesses,
De caráter popular,
Pixinguinha, Pixinguinha,
Carinhoso a preparar
Cine Teatro Rio Branco
Na orquestra foi tocar
Por Tute foi convidado
Para a música expressar
Pixinguinha bem precoce
Adolescente a musicar
Na peça Chegou o Neves
Pra tocar foi convidado
Houve certa relutância
Mas depois foi contratado
Todo mundo aplaudia
Seu improviso floreado
Extrapolava a partitura
No Repente, bem ao vivo,
De improviso inventava
Com seu gênio criativo
Solista e compositor
Multiinstrumentista altivo
O Grupo Choro Carioca
Era bem requisitado
China e Léo no violão
No cavaquinho ao lado,
Bem tocado por Henrique,
Com Pixinguinha no tablado
Com o tango Dominante
Na Odeon estreou
Mil Novecentos e Dezesseis
Pixinguinha bem gravou
No Bloco dos Parafusos
Todo mundo apreciou
Com o Grupo Caxangá
Musicava o carnaval
Na Rio Branco desfilava
No conjunto instrumental
João Pernambuco a frente
Em desfile sem igual
Executava toadas
Samba a cateretê
De tudo lá se tocava
Autêntico caxinguelê
Maxixe e sapateado
Xote no Catinguelê
Pixinguinha Chico Dunga
No grupo era conhecido
Compunha para o conjunto
Pra lá de sol sustenido
Transcendia o dó ré mi
Criador sempre atrevido
Vaga-lume sorrindo
Apresentou no carnaval,
No Ano de Dezessete
Uma polca genial
O JB publicou
O evento magistral
O Grupo do Pixinguinha
Fez samba e maxixeou
Criou Morro da Favela
Morro do Pinto gerou
Gravado pela Odeon
Que o trabalho divulgou
Surge o Choro Pixinguinha
Que gravou a valsa Rosa
Tango Sofre porque queres
Bom de ritmo e de glosa
Pixinguinha talentoso
De carreira virtuosa
No Cinema Palais,
Na orquestra atuava
Animava o ambiente
Enquanto se projetava
Pixinguinha criativo
a platéia animava
Sinhô no samba, perguntou:
Quem são eles?
Pixinguinha respondeu
Já te digo(com China),
O sucesso empreendeu
Explodiu no carnaval:
Em Dezenove se deu
O Grupo do Pixinguinha
Tinha flauta e violão
Bandola e reco-reco
Piano, improvisação
Cavaquinho e bandolim
E ganzá na percussão
No violão, Mestre Donga
Jacó a bater pandeiro
China no vocal, piano
Samba-canção batuqueiro,
Pistom, sax, clarinete,
Fox-trot brasileiro
Caxangá; Oito Batutas
Grande popularidade,
Seis meses em Paris
Na boate Schéhérazade
Exibições na Argentina,
Em ritmo de Brasilidade
Pixinguinah instrumentista,
Regente e arranjador,
Incomparável no sax
Na flauta, gênio criador
Tocou choro, tango, valsa,
E Sambas de grande valor
Tocou no Café Assírio
No Teatro Municipal
Cine Palais e Rialto
Em conjunto musical
Orquestrador de primeira
Mestre do intrumental
Trouxe sax de Paris
Para o Rio de Janeiro
Nos estilo do Jazz-bands
Em um padrão brasileiro
Misturou diversos ritmos:
Alquimista verdadeiro
Estrela de Companhia
De Pixinguinha, paixão
Era Jandira Aymoré
Seu nome de criação
Sua Albertina da Rocha
Conquistou seu coração
Companhia Negra de Revista
Lá conheceu Albertina,
Sua musa companheira
Escursionou a Argentina
Buenos Aires - Mendoza
E na Córdoba Platina
Orquestra Pixinguinha-Donga
Na Parlophon, gravação
Samba com Lamartine
Mulher Boêmia, canção
Vem, Meu Bem com Paulo Santos
Belíssima composição
Mis Tristezas Solo Lloro
Fraternidad, Os Teus Beijos
Samba-choro Carinhoso
Para além dos realejos
Instrumental de primeira
Notas, tons e mil solfejos
Samba de Nego;Ai, Eu Queria
Com Vidraça cai no samba
Francisco Alves encanta
Como intérprete e bamba
Promessa e Ciúmes
Sinfonia do Caramba
Parceiro de Henrique Chaves
E de Henrique Barbosa,
Liderou Oito Batutas
E musicou Noel Rosa
Vejo Amanhecer; Filosofia
Para além de verso e prosa
Eu Não Sou Arara(Donga)
Elaborou Pé de Mulata
Pixinguinha criativo
Boa poesia retrata
Maestro - Compositor
Samba além da Toccata
Arranjador exclusivo
Pela Victor contratado
Regravação de Carinhoso
Grande sucesso relançado
Pixinguinha Nota Mil
Pelo nosso povoamado
Choro: Aguenta, Seu Fulgêncio;
O Urubu e o Gavião
Fez também: Segura Ele
Com talento e emoção
Ponto alto da carreira
Clareza de execução
Mestre do Improviso
Na criação musical
Vem Cá! Não Vou!
UrubatãCarnaval
Choro - samba e tango
Pixinguinha genial
Elaborou Foi Muamba
Arte de compositor
Lançado por Breno Ferreira
Depois fez: Página de Dor
Gravado por Orlando Silva
Nosso magistral Cantor
Grupo da Guarda Velha
Regente e arranjador
Nata de instrumentistas
Mestres de grande valor
Atuou como flautista
Maestro e Compositor
No trombone, Vantuil
Donga: banjo e violão
João da Baiana no pandeiro,
No sax, Jonas Aragão,
Chico e Luís Americano,
Na clarineta, o outro João
Osvaldo Viana no afoxê
Tute, rei do violão
Tio Faustino no omelê
Grupo de alta produção
Bonfiglio e Wanderley
No pistom, com inspiração
José Alves no contrabaixo
Músico de primeiro plano
No cavaquinho ritmado
Mestre Elísio no piano
Vidraça no chocalho,
Sacudia o desengano
Na bateria de bom ritmo
Valfrido e Benedito
Samba de Partido-Alto
Expressão boa do rito
Pixinguinha na regência
Transformou-se em um mito
Patrão, Prenda seu Gado
Com Donga e João da Baiana
Uma chula bem raiada,
Pra sacudir a cigana
Ha! Hu! Iahô!
Grito gingado da mana
Gravaram vários discos:
Mário Reis, Carmen Miranda
Grande cantores da época
Nos terreiros de Aruanda
Sílvio Caldas na canção
E saravá, lá na Umbanda
Orquestra Diabos do Céu,
Da Guarda, prolongamento,
Acompanhou Carmen Miranda
Em ritmo e movimento
Assis ValenteETC
No sabor do sentimento
Na Orquestra Columbia
Maestro e arranjador
Acompanhou Mário Reis
Com Noel, compositor
Parceria com André Filho,
Me recordo de Senhor
Noel Rosa em destaque,
Em Vejo Amanhecer
Filosofia no samba
Para a gente apreender
Pixinguinha com Noel
Transcendência ao nosso Ser
Moreira da Silva cantou
Pra multidãoImplorar
Mestre Kid Morengueira
Germano, Pepe e Gaspar,
Devia Ser Condenada,
De Valfrido e Valdemar
Fiscal da Limpeza Urbana
Foi nomeado funcionário
Grande atuação no Rádio
Melhoria no salário
Teatro Cassino em Copa:
Saudade do tempo áureo
Passou por várias emissoras
No Rádio, com intensidade
Gravação de Carinhoso
Na Victor, uma nova idade
A letra de João de Barro
Deu asas a saudade
Orlando Silva interpretou
A música com perfeição
Sucesso extraordinário
Carinhoso é explosão
Cantarolada pelo Povo
Consagrada na Nação
Surge Cinco Companheiros
Com Tute no violão
Na Rádio Mayrink Veiga
ótima apresentação
E no dancing Eldorado
Instrumental criação
A bordo do Uruguai,
Com artistas populares,
Jararaca e Cartola
Samba para além dos ares
Luís Americano e Donga
E Zé da Zilda com seus pares
Leopold Stokowski
Fez visita ao Brasil,
Convite de Villa-Lobos,
Grande mestre varonil,
No pier da Praça Mauá
Música pra lá de mil
Native Brazilian Music
Gravação de Zé Barbino
Dueto com Jararaca
Artista de traço fino
Pra americano ouvir
Som de nível cristalino
Deixa a flauta de lado
Assume o sax-tenor
Com Benedito Lacerda
Homenagem ao jogador
Arthur Friedenreich
Sensacional goleador
Grava o choro Um a Zero
Com Benedito, parceria
Sofres porque queres
Ritmo com boa Poesia
Ainda me recordo, bem
O ritmo da harmonia
O Gato e o Canário,
Urubatã: bem sedutor
As Proezas de Solon
Ingênuo, mas com Amor
Os Oito Batutas da Música
Descendo a serra, sem dor
Bem devagar e sempre
Pixinguinha no batente
Deu parceria a Benedito
Divulgador consistente
A união de resultado
Com sucesso pela frente
Início dos Anos 50
Bolero e samba-canção
Ganham popularidade
E conquistam a multidão
Pixinguinha se recolhe
Em fase de meditação
Retorna em 54
Com o amigo Almirante
Festival da Velha Guarda
Em São Paulo, triunfante
Encontra velhos amigos
Toca a música, radiante
Em maio de 56,
Homenagem de Negrão
Pixinguinha vira Rua
Vai a inauguração
Celebrado em Olaria
Fica grato o coração
Na Orquestra Pixinguinha
Músicas de Carnaval
Marchinhas de João de Barro
Alberto Ribeiro e tal
Polca, maxixe e choro
Assim é que é legal
Carnaval de Nássara
Pixinguinha em ação
LP Cinco Companheiros
Faz a rememoração
Carnaval dos tempos bons
Em ritmo de animação
Trilha sonora de filme
Com Vinícius, parceria
Filme de Alex Viany
Sol sobre a lamareluzia
Vinícius musica Lamento
Com expressiva Poesia
Ano de 64
Pixinguinha internado
Acometido de enfarte
Logo é hospitalizado
20 dias de repouso
Pra ficar recuperado
Faz várias composições;
No Elevador; Solidão;
Mais Três Dias; Vou pra Casa;
Fala Baixinho, meu coração
Na Harmonia das Flores,
Sinfonia da Emoção
Hermínio Belo de Carvalho
é o seu novo parceiro
Isso é que é viver,
Salve o povo batuqueiro
Isto não se faz, viu
Viva o samba no terreiro
Outubro de 66
Ao MIS faz depoimento
Fala baixinho no FIC
Expressão do sentimento
Homenagem a enfermeira
Que fez o seu tratamento
II FIC - TV GLOBO,
Ganha interpretação
De Ademilde Fonseca
Pra bela composição
Fala Baixinho ecoa
No Festival da Canção
Em abril de 68
No MIS ganha exposição
70 anos de idade
Festa em comemoração
Celebridade da música
Pixinguinha é coração
LP Gente da Antiga
Por Hermano produzido
João da Baiana e Clementina
Importante acontecido
No depoimento ao MIS:
O Gênio é reconhecido
Pixinguinha 70
Pela Victor foi gravado,
Pixinguinha ao Vivo
Tem seu nome celebrado
Regente e compositor
Musicista destacado
LP Som Pixinguinha
Pela Odeon lançado
Morre a sua Albertina
Deixa o mestre apaixonado
A saudade invade o peito
Do regente consagrado
Pixinguinha e Albertina
Casal que se fez amado
Apesar de não ter filhos
Um menino foi adotado
Cujo nome era Alfredo,
Como o músico nomeado
Falece em 73
A 17 de fevereiro
Teve um enfarte fulminante
Lá no Rio de Janeiro
Na Nossa Senhora da Paz
Morre um gênio brasileiro
Museu da Imagem e do Som
O seu corpo foi velado
Duas mil vozes no velório
Carinhoso foi cantado,
Pixinguinha nos deixou
Mas deixou o seu legado
Pixinguinha é eterno
Alquimista inovador
Maestro do Infinito
Genial compositor
De obra monumental
Universal criador
Bibliografia
- Literatura de Cordel : Gustavo Dourado
- Caricatura de Pixinguinha : Glen Batoca