SAMBOLA - CRAQUE DA ESCOLA DE RUA
Autor: Abdias Campos
Folhetaria Campos de Versos
Preto, pobre e da favela
De boca banguela e só
Olhar de quem quer chegar
Riso de desdobrar nó
Magrelo desengonçado
Retrato multiplicado
Dos confins do cafundó
Carlos Augusto da Silva
16 anos de rua
Apelido de Sambola
Moleque de sentar pua
No olho da cara feia
Com conversa que incendeia
A periferia sua
Desde 06 anos de idade
Na favela Moradia
Sambola já descolava
A sua própria valia
Vendendo amendoim
Nas portas de botequim
Onde estava a freguesia
Pra vender compôs um samba
E pra cantar batucava
No tabuleiro que ia
Em batida compassada
Tocando pra seu festim
E cantarolando assim
O seu samba de calçada:
"Pra moça e para rapaz
Amendoim é capaz
De lhe dar mais alegria
Vitamina e tira-gosto
Pra quem quer ficar disposto
Comidinha que dá gosto
Para minha freguesia"
Morava com sua mãe
Que cuidava de um bebê
Da vizinha que em troca
Deixava-lhe o que comer
Numa austeridade em conta
De um pouquinho que afronta
Que tem fome de viver
Crescendo pelas vielas
Das mazelas sociais
Sob as lentes que ampliam
O apetite voraz
Da descompostura humana
Sambola ganhava grana
Sem precisar querer mais...
Tendo que se desviar
Dos contrapontos da vida
Que vivem nesse lugar
Sob apertada medida
Ele faz malabarismos
E cria seus mecanismos
Pra com todos ter guarida
Um desses seus engenhosos
Roteiros de relação
é agradabilidade
Com toda a população
Mesmo sem dentes, sorri
E faz de dentro emergir
Ares de satisfação
Na atividade de rua
Ele é craque e dá lição
Além do amendoim
é entregador de pão
De remédio e dá recado
Guarda carro no mercado
E cata lata do chão
No boteco do Portuga
Onde costuma vender
Seu amendoim torrado
Sambola foi conhecer
Jorge do Cantar do Galo
Homem das noites de embalo
Que quase pôs-lhe a perder
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Bibliografia : ABDIAS CAMPOS