Segundo o antropólogo e poeta Antonio Risério: "O carnaval vem experimentado um processo de “reafricanização”. Processo que se tornou visível demais, que se impôs a todos, em 1980, quando novos afoxés e os chamados blocos afrobrasileiros (gênero estético-carnavalesco inaugurado por um bloco de jovens negros do Curuzu, Liberdade: o Ilê Aiyê) ocuparam definitivamente o espaço carnavalizado de Salvador, fazendo lembrar uma antiga afirmação de Nina Rodrigues, de que “a festa brasileira é ocasião de verdadeiras práticas africanas”.
Por auto-afirmação cultural entenda-se: os negros têm uma história baseada em sua herança africana e querem fazer com que esta história seja resgatada, expandida e assumida, ao menos pela Bahia, o estado de maior contingente negro do país. Este fato, por si só, é essencialmente político, e por que não dizer revolucionário, na medida em que o ano em que se desenrolava estes fatos era 1974, o ano 10º da ditadura militar, e também porque essa proclamação de auto-afirmação cultural negra se dava no paraíso da "democracia racial" brasileira dos setores e intelectuais atrasados, beneficiários e coniventes com o racismo do país. A consolidação da proposta político-cultural do Ilê Aiyê se daria, segundo Vovô, no terceiro ano da entidade.
Fonte : CarnAxE in Ilê Aiyê e Antônio Risério - bibliografia
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