TEMA DE CARNAVAL 2016 - O Recôncavo Baiano é Afrobrasileiro – Cara Preta

A África é o berço da humanidade. Como se sabe, 98% da história humana aconteceu na África. Somente 2% da história humana aconteceu fora da África. Os africanos saíram do continente africano e se espalharam pelo mundo, e aí se diversificaram. Então, a África é o berço da humanidade, no sentido mais amplo, não somente no sentido físico, mas no sentido da consciência do que é ser um ser humano. Com o tema “Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”, a ONU estabeleceu, em dezembro de 2013, que a década de 2015 a 2024 será toda em HOMEnagem aos afrodescendentes. O principal objetivo da Década Internacional consiste em promover o respeito, a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Década é uma oportunidade para se reconhecer a contribuição significativa feita pelos afrodescendentes ao planeta, bem como propor medidas concretas para promover sua inclusão total e combater todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de intolerância relacionada.

Dando continuidade às comemorações dessa década, no carnaval de 2016 vamos contar e cantar as histórias de luta e resistência do nosso recôncavo baiano, uma região que abrange uma parte da Bahia que foi responsável por este estado ser o que é hoje. O recôncavo baiano é formado atualmente por 20 cidades, 20 territórios de identidade. São eles: Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição de Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Maragojipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Santo Amaro, Santo Antonio de Jesus, São Felix, São Felipe, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Sapeaçú, Saubara e Varzedo.

RECONCAVO BAIANO No Recôncavo encontramos uma grande diversidade de atividades religiosas, artesanais, artísticas e de sabedorias ancestrais, que embora sofrendo ameaças de “folclorizaçao”, são expressivas na pluralidade étnica dessa região. Percebem-se lá a marca dos mais variados aspectos culturais, presentes na arquitetura, língua, nas artes, destacando-se as danças africanas e a capoeira. Na culinária, as influências dos antepassados deixaram de herança deliciosos pratos, como o acarajé, vatapá, maniçoba, meninico de carneiro, beiju e outras comidas de senzala. As festas que mais se destacam são o São João, realizado em vários municípios da região, e o Carnaval de Mascarados em Maragogipe e Cabaceiras do Paraguaçu, entre outros. O Samba de Roda é um exemplo da preservação da cultura africana, ligado ao culto dos orixás e caboclos, há também características da cultura portuguesa, que é encontrada nos instrumentos, no caso na viola, no pandeiro e na língua utilizada nas canções.
Ainda relacionado às danças do Recôncavo, podemos destacar o maculelê, que acontece todo dia 2 de fevereiro, e tem seu grande destaque em Santo Amaro da Purificação e Cachoeira. Sua origem é contestada por vários estudiosos, alguns afirmam se tratar de uma dança indígena, outros de luta negra. Já o Grupo de Bonecos da Casa da Cultura Américo Simas é um representativo da cultura local e nacional. Além disso, é relevante mencionarmos o Bumba- meu-boi, Burrinha, Mandús etc. Não podemos deixar de abordar aqui a importância do São João, comemorado em toda região Nordeste. Considerada a festa que divide o ano, tem seus festejos realizados intensamente na Bahia e no Recôncavo. É uma grande manifestação cultural e ocorre em muitas cidades do estado, seus festejos recebem maior importância nas cidades de Cruz das Almas e Santo Antonio de Jesus, que lideram as comemorações, trazendo para esta celebração, turistas da Bahia e do Brasil. As cidades oferecem como atrativo vários dias de festa, shows de artistas famosos, quadrilhas, comidas típicas do período, queima de fogueira, e, em Cruz das Almas, acontece a famosa Guerra de Espadas, também conhecida em todo país, esse período atrai a mídia nacional para fazer a cobertura da brincadeira entre os visitantes e os moradores da cidade. “As cidades do vapor de Cachoeira, da cana de açúcar, do fumo, da farinha de mandioca cantavam a região com múltiplas sonoridades. Charuteiras, irmãs da Boa Morte, povo de santo festejavam sambando na roda, ao lado de violeiros e carvoeiros da estrada de ferro de Nazaré”. (Prof. Dr. Charles D’Almeida Santana, em História e Culturas Populares do Recôncavo) A importância do Recôncavo Baiano na luta pela Independência do Brasil na Bahia

SANTO AMARO
No dia 14 de junho de 1822, os santamarenses, por meio da Câmara, aclamaram D. Pedro como Alteza Real dirigente do poder executivo no Brasil, conclamando a autonomia política, militar e econômica frente a Portugal. Três dias depois, soldador portugueses invadiram as ruas da Vila de Santo Amaro e tomaram o porto de Xareu, mas não abriram a luta.

CACHOEIRA
Foi em Cachoeira, no dia 25 de junho de 1822, que os baianos retaliaram as pretensões do General Madeira e Melo de submeter a Bahia à autoridade portuguesa. A cidade foi atacada por uma barca portuguesa, que ameaçava fazer fogo contra os moradores caso não se submetessem à tropa lusitana. Em resposta, a Junta Conciliatória presidida pelo Capitão Freitas Barbosa, conclamou o povo a resistir aos ataques. Vitoriosa, a população impôs derrota a barca portuguesa, obrigando-a a render-se e aclamando D. Pedro Príncipe Regente e Perpétuo Defensor.

SAO FRANCISCO DO CONDE
Nesta vila, o sentimento nacional era muito forte. Os chefes das tropas conclamavam a multidão a juntar-se aos brasileiros que em Cachoeira haviam reconhecido a autoridade de D. Pedro. No dia 29 de junho de 1822, as autoridades e habitantes da Vila de São Francisco do Conde pronunciaram o juramento da regência do príncipe D. Pedro. Após a instalação do conselho interino de governo em Cachoeira e com o intuito de tomar a capital, partiu da Vila de São Francisco o alferes Francisco de Faria Dultra com um contingente que se instalou em Cabrito, próximo a Pirajá, onde em 8 de novembro de 1822 travou-se um das principais batalhas pela independência.

NAZARÉ
No dia 29 de julho de 1822, as tropas portuguesas tentaram invadir o povoado de Nazaré e avançaram pela Ilha de Itaparica até alcançarem o canal do Funil. Quando os portugueses se aproximaram, moradores da ilha se mobilizaram na luta. A vitoria do Funil garantiu a posse do rio Jaguaribe e o controle sob a povoação de Nazaré, que se tornou a principal fornecedora de alimentos às tropas brasileiras.

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fonte : IDERB BA (28/09/2015)





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