Folclore ou Carnaval? tudo junto, tudo misturado...
Tudo começou com uma lenda ou um caso real, que virou folclore, que incorporou tanto na cultura regional brasileira, que se misturou ao Carnaval.
Vamos entender onde e como tudo originou. Evoeh! Abram alas ao boi que se remexe, vira, dança e brilha com seu manto decorado com fitas, crochê, lantejoulas, plumas e artes com pedraria.
Dança meu boi, vira alegria, vira o Carnaval da Alegria...
começou com uma lenda...
A lenda conta que Catirina estava grávida e era casada com Francisco (Pai Francisco), ambos eram escravos em uma fazenda. A escrava Catirina ficou com vontade de comer a língua do boi.
Francisco matou o boi (Cazumbá) mais bonito da fazenda, só que este era o preferido da Sinhazinha da Fazenda, a filha do dono da fazenda. Francisco é preso pelo dono da fazenda, que com o desespero da filha, foi pedir a ajuda de um pajé.
O Pajé ressuscita o boi, o que fez o Fazendeiro perdoar o escravo e fazer uma grande festa com música e danç.
Da lenda para o Carnaval e festas religiosas e folclóricas, que passaram a contar, cantar e dançr a MORTE e RESSURREIÇÃO DO BOI.
a origem histórica
Tudo começou lá no Egito Antigo com o boi ápis era um boi sagrado associado ao Deuses Ptah e Osíris.
Na França, a presença do boi foi nas festividades do "Boi Gordo", no Carnaval de Paris - foi proibido durante a Revolução Francesa (a partir de 1790) e reintroduzido sob o Primeiro Império, em 23 de fevereiro de 1805.
Na Península Ibérica formas de representação teatral da chegada dos Reis Magos - o reisado com músicos e dançrinos que entoavam cânticos.
Assim, chegou ao Brasil através de imigrantes de origem ibérica, africana, indígena e européia.
o boi chega ao Brasil
Ao som que vem da resistência do folclore e da cultura, o Boi remexe, dança, vibra na folia de Reis, na Festa Junina e no Carnaval do Norte, Nordeste e Sul do Brasil.
Vindo de lendas indígena e de imigrantes de origem ibérica, africana, indígena e européia, o BOI ganhou várias versões brasileiras, é o que vamos distrinchar entre essas páginas da folia.
A festa ganhou forç no Brasil colonial, com a influência da cultura afro-brasileira e da religião.
"No século século XIX, no Maranhão, era considerado brincadeira de arruaceiros".
Você sabia que o primeiro registro do Bumba Meu Boi no Brasil foi em 29 de junho de 1828, em uma ocorrência policial. É isso mesmo,
confira na íntegra aqui.
Já o primeiro proclame publicado do Bumba foi em 1829, "em pequena nota no Jornal "Farol Maranhense", no Maranhão."
"O Bumba Meu Boi obrigação de solicitar autorização policial para sair às ruas até os anos 1860, o que ameaçou seu seu desaparecimento."
(1)
"Desde 1934 há registros de realização de competições entre turmas de Bumba-meu-boi no João Paulo, no Maranhã.o"
(1)
O Boi de Máscaras Faceiro surgiu no ano de 1937, em Belém do Pará, criado pelos senhores Epaminondas de Sousa Chagas e Cândido Zeferino. A primeira versão durou até 1947. No dia 5 de junho de 1998, o Boi Faceiro, com seus "pirrôs mascarados", "cabeçudos", "bucudos", vaqueiros, sua orquestra show e toda a sua alegria, retomou suas atividades culturais e retornou para o povo odivelense, após 51 anos de paralisação.
Os primeiros registros da dança do Boi de Mamão datam do ano de 1840, quando os açorianos começram a povoar a região do Vale do Itajaí e da grande Florianópolis.
Em Pernambuco, o primeiro registro foi em 1840, no jornal "O Carapuceiro", em Pernambuco.
Em 1850 no Pará, nos periódicos "A Voz Paraense" e "O Velho Brado do Amazonas".
Já em junho de 1850 tem o registro do surgimento do Boi do Iguaíba nasceu em Paço do Lumiar, no Maranhão.
Em 1859 os primeiros registros do bumba-meu-boi foram publicados em Manaus e em Santa Catirina só em 1871.
Entre os anos de 1950 e 1970 o prestígio do Bumba Meu Boi cresceu no Maranhão com a realização de concursos e a criação de
novos grupos de Bois dos sotaques de Guimarães e da Baixada, além de consolidar os já existentes.
BUMBA MEU BOI
O Bumba Meu Boi é o mais antigo, surgiu no Brasil no século 18 na região Nordeste, mas no estado brasileiro do Maranhão, que ganhou raízes culturais folclóricas, religiosas e carnavalescas.
Sem caráter competitivo, os grupos se apresentam nos arraiás de todo o estado trazendo no seu elenco, além de músicos e cantadores.
Para contar a lenda no Maranhão, a figura do pajé foi mudada para o Padre (o doutor da cura).
O bumba meu boi possui possui cinco tipos de ritmos (chamados sotaques) nas TOADAS: matraca, zabumba, orquestra, costa-de-mão e baixada.
"No final do século 19, no entanto, os maranhenses que migraram para o Amazonas levaram a cultura do bumba meu boi para Manaus,
ao qual ficou conhecido por lá, como Boi Bumbá". (1)
BOI BUMBÁ
Boi Bumbá, como é chamado na Amazônia, tem o boi como personagem central do cortejo cênico e musical.
Para contar a lenda , a figura do pajé foi mudada para o Padre (o doutor da cura).
Na folia de Boi Bumbá, o fascinio é a rivalidade.
O Boi Bumbá é conduzido por vários instrumentos musicais nas Toadas (como também é chamado no Maranhão), misturado ao samba e ao ritmo bem característico da região amazonense.
O boi bumbá possui mistura vários instrumentos musicais nas toadas (como também é chamado no Maranhão),
com um ritmo bem característico. Já o bumba meu boi possui possui cinco tipos de ritmos (chamados sotaques) nas toadas: matraca, zabumba, orquestra, costa-de-mão e baixada.
PARINTINS : a rivalidade dos bois bumbás
O boi Caprichoso (azul) e o boi Garantido (vermelho) se enfrentam todos os anos em espetáculo realizado na cidade de Parintins, no Amazonas.
Os personagens contados e cantados são: o Amo do Boi, Pai Francisco, Mãe Catirina, índios, Vaqueiros e Cazumbás (Boi),
continuação aqui.

o cortejo do boi
Através da lenda do boi, a dança do boi virou um elemento essencial, com movimentos e remelexos, que acompanham a música, que geralmente é tocada com os instrumentos como zabumba, maraca, dentre outros.
Além do Boi a dança conta com uma mulher representando a "Catirina" e um homem representando o "Pajé"
"Enquadram-se nessa classificação como personagens humanas: amo, caboclo, Pai Francisco, Catirina, Dona Maria ou Mãe
Maria, Pai João, Mané Gostoso e Rapaz, entre outros. Dessa categoria pode-se destacar a subcategoria das profissões ou ocupações: vaqueiro, boiadeiro, toureiro, padre, sacristão, sapateiro, boticário,
caçdor, dentista, doutor, feiticeiro, soldado, sargento, fiscal, engenheiro, marinheiro e palhaço." (1)
Nos cortejos do Norte (Boi Bumbá) e Nordeste (Bumba Meu Boi) predominam os instrumentos membranofônicos, enquanto no Sul (Boi Mamão) do País prevalecem a sanfona, harmônica ou gaita de fole.
"(...) No Piauí antigamente, usava-se a matraca e o apito, hoje há pandeiros,
tambor, maracás e puítas. O apito continuou, a matraca desapareceu. No Ceará,
além da harmônica, há caixas, cavaquinhos tamborins, pandeiros e pratos. No
Recife, Goiâna e Paulista, zabumba, canzá, viola, violão, rebeca e pandeiros. Em
Santa Catirina, pandeiros, gaita de fole, caixa clara, violão. No Rio Grande do Sul,
unicamente sanfona." (2)
os personagens e fantasias da folia de bois
Os personagens são reconhecidos como RAJADOS, que conta com passos bem ensaiados.
Já o auto do boi é uma encenação que conta a lenda do boi.
bumba meu boi
Para a Fantasia do Boi é confeccionado uma armação de ferro e madeira, cobertos por panos coloridos ou aveludados, pintados ou bordados com crochê, lantejoulas, paetês ou pedraria, além de fitas e plumas.
Embaixo da estrutura fixa ou móvel do Boi, ficam um ou mais integrantes para que fazem a coreografia ou danç.
Fazem as evoluções, dando vida ao personagem, que pode ser desde um rodopio, remelexo à passos sincronizados.
Alguns bois têm estruturas que soltam fumaç colorida, confetes ou papel laminado cortado.
sotaques
Sotaque no universo do Bumba Meu Boi, refere-se ao estilo musical e rítmico que diferencia um grupo de outro.
É a forma como cada grupo brinca, tocando seus instrumentos e cantando as toadas, que caracteriza o sotaque.
Os sotaques podem ser determinados pela região ou cidade de origem do boi, ou pelo tipo de instrumentos que o grupo utiliza.
catirina e pai francisco
Catirina representa a mulher grávida (escrava) casada com o pai Francisco. Eles são parte integrante que dâo origem à dança na lenda.
pajé
O pajé veste roupas de couro repleto de plumas que refletem sua conexão com a natureza.
Geralmente usa cocal e máscara que representam entidades espirituais ou elementos da natureza indígenas e africanas.
Ele é o personagem que representa a passagem da morte do boi em ressurreição.
sinhazinha
Sinhazinha, no contexto do Boi, representa a filha do Amo (dono da fazenda) e é uma figura central na história do auto do boi.
Ela é caracterizada com um vestido rodado deslumbrante como renda, flores e cores vibrantes e bem bordado.
Usa como acessório um chapéu e sombrinha combinando e jóias.
Seu papel na dança, é saudar o boi e o público com carisma, graça, desenvoltura e alegria, através de seu bailado.
amo
É o dono da fazenda e pai da Sinhazinha, se veste com roupas luxuosas,
geralmente com calças, camisas de manga comprida de cetim com golas de veludo, como um vaqueiro.
Ele usa como acessório um apito na boca e um cetro enfeitado, que reflete sua posição de destaque na festa e sua importância como um líder.
caboclo de fita
O Caboclo de Fita, também conhecido como Vaqueiro de Fita ou Rajado, é um personagem do BUMBA MEU BOI, que representa o ENREDO, a proteção ao boi e ao gado da fazenda, em algumas diferenças, representam a fauna e flora.
Eles se destacam pelos chapéus grandes adornados com inúmeras fitas coloridas e participam da dança ao lado do boi, conduzindo-o e protegendo-o, como um vaqueiro conduziria o gado.

Simbolismo das Fitas: As fitas é a representação da CERCA (os gravetos que compõm a cerca,, que protege o boi.
Os chapéus são bordados à mão com pedrarias e lantejoulas, presos com mais de 400 fitas, além de serem grandes e pesados.
A vestimenta é similar à dos vaqueiros, com calças, camisas de manga comprida de cetim e golas e saias de veludo.
Em alguns sotaques, os vaqueiros dançam mais próximos do boi, dando vida e coreografando o bailado, enquanto em outros, eles podem dançar ao redor do boi, simbolizando a proteção.
caboclo de pena
O Caboclo de Pena é especialmente no chamado "Boi de sotaque da Ilha" e também por Caboclo Real ou Peneiro, é uma figura importante na cultura popular do Maranhão.
No Bumba Meu Boi, o Caboclo de Pena é uma figura central e emblemática, especialmente no Bumba Meu Boi de sotaque de matraca,
presente em municípios do Maranhão. é um bailante conhecido pela sua indumentária, com roupas adornadas
com muitas penas, e por um bailado único e característico.

A indumentária do Caboclo de Pena é uma das suas principais características, com roupas bordadas e decoradas com penas, frequentemente penas de ema.
O bailado do Caboclo de Pena é único e individual, cada bailante cria seus próprios passos e tem sua própria ginga.
O Bumba Meu Boi de sotaque de matraca é uma variante da festa, presente em alguns municípios do Maranhão.
cobra grande
Na Amazônia, a folia do boi conta com mais um personagem, a COBRA GRANDE, conhecida como Boiúna
que representa a forç mística e protetora das águas. Geralmente é representada em uma estrutura de carro alegórico
Em Parintins, o cortejo é fechado e é apresentado grandes carros alegóricos que movimentam e fantasias luxuosas e deslumbrantes,
CONTINUAÇÃO AQUI

Se o Cortejo for na rua, brincantes músicos, bailantes, cantadores, cômicos e/ou foliões,
aos quais se juntam a corte que representa a trama em torno de um boi.
Em algumas folias do Nordeste é acrescentado o "amo do boi". Este é apresentado com vestes à altura da fantasia do boi.
boi e carnaval, juntos e misturados
O Folclore do BOI se incorporou tanto na cultura regional Norte e Nordeste brasileira, que com o passar do tempo, se misturou ao Carnaval.
Transmitida de geração em geração, as agremiações de BOIS, além de reisados, festas juninas e religiosas, se apresentam no Carnaval realizando cortejos, troças, teatros, apresentações, etc.
As folias do Boi que cobrem com cor, alegria e energia contagiante, possuem a lenda semelhante, mas têm diferenças entre si e seus nomes variam de acordo com a região.
Você sabe quais são? Confira tudo aqui...
cazumbá - é o personagem Bumba Meu Boi ou os nomes dados ao mesmo Boi, abaixo:
- BUMBA MEU BOI- assim é chamado no Maranhão, Piauí, Alagoas e Rio Grande do Norte;
- BOI BUMBÁ- Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima;
- BOI CALEMBA ou BOI BUMBÁ - Paraíba e em Pernambuco;
- BOI DE JANEIRO - Minas Gerais (Rubim);
- BOI DE FITA - norte e nordeste;
- BOI DE MAMÃO - Santa Catirina;
- BOI DE REIS - no Ceará;
- BOI ESTRELA-DO-MAR - no Rio de Janeiro;
- BOI FACEIRO - Pará;
- BOI MAIADINHO - em Minas Gerais;
- BOI MULINHA DE OURO - no Rio de Janeiro;
- BOI PINTADINHO - Rio de Janeiro e Espirito Santo;
- BOI SURUBI - na Bahia;
- BOI TINGA - Pará
- BOI ZUMBI - na Bahia;
- BOIZINHO - Rio Grande do Sul;
- BUMBA - em Minas Gerais;
- FOLGUETO DE BOI - em Minas Gerais;
- FOLIA DOS BOIS - em Pernambuco.

marupiara jabuti-bumbá
No Carnaval do Estado do ACRE, o personagem é a Marupiara Jabuti-Bumbú, uma releitura do folguedo Bumba-Meu-Boi: onde o Boi foi substituído pelo JABUTI.
O Jabuti é o personagem principal, simbolizando a luta pela preservação da floresta amazônica.
A brincadeira surgiu em 2005 e acabou virando tradição no estado.
O enredo e personagens abordam figuras locais, como Chico Mendes, os Ídios, a Catira e o Cacuriá, com canções e danças, usando
os instrumentos como zabumba, tambor, sanfona e maracás.

você sabia que ...
- DIA NACIONAL DO BUMBA MEU BOI - é 30 de junho
- 2000 - ESTADO ES
O Carnaval do Boi Pintadinho de Muqui foi reconhecido como Patrimônio cultural Imaterial do Estado do Espírito Santo pelo em 12 de junho de 2000. Essa reconhecimento foi através do decreto que criou o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial. O decreto também estabeleceu o "Programa Estadual de Identificação e Referenciamento de Bens Culturais de Natureza Imaterial"
- 2011 - NACIONAL
O Bumba Meu Boi do Maranhão foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como Patrimônio Cultural do Brasil.
- 2018 - NACIONAL
O Boi-Bumbá do Amazonas (Parintins) foi considerado Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
- 2019 - UNESCO
O Bumba Meu Boi do Maranhão UNESCO, através da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
- 2021 - MUNICÍPIO RN
O Boi Calemba Pintadinho de São Gonçalo do Amarante, do Rio Grande do Norte, foi reconhecido como Patrimônio Imaterial do município, através das leis 1959 e 1960, sancionadas pelo prefeito Paulo Emídio.
- 2023 - ESTADO PI
O Bumba Meu Boi foi reconhecido como Patrimônio Cultural do estado do Piauí, atravé da Lei nr 8170, de 29 de setembro de 2023.
É a alegria e o encanto das cores, brilho e plumas do Folclore, da Religiosidade e do CARNAVAL, juntos e misturados no mesmo caldeirão da folia...