1930 à 1940
Década de ouro do Carnaval brasileiro, época em que mais se concentrou a produção de boa música no país, marcada por um compromisso com o povo, prezando a qualidade e, acima de tudo, respeitando a alegria. Tudo começou no acaso da década anterior.
1929
Um grupo de rapazes que formava um conjunto denominado Bando de Tangarás (Noel Rosa, Almirante, João de Barro, Alvinho e Henrique Brito), resolveu gravar nos estúdios da Odeon, Parlophon, que ficava na cúpula do Teatro Phoenix, uma canção de Homero Dornelas e Almirante, entitulada "Na Pavuna", mais conhecida como "Candoca da Anunciação". Para a gravação, o Almirante convidou vários outros artistas e pediu que levassem instrumentos de percussão, para que fosse a gravação acompanhada pelo batuque de uma escola de samba. Seria, pois, a primeira gravação feita com instrumentos de percussão no Brasil. Tamanho foi o sucesso que contagiou os foliões durante as festas carnavalescas de 1930.
1930
Consagrou definitivamente Carmem Miranda como a Pequena Notável, na alcunha que lhe poria o locutor César Ladeira, no cenário musical brasileiro.
Foi a marchinha, de autoria de Joubert de Carvalho, Taí - Pra você gostar de mim , até hoje lembrada.
1931
Tem importância fundamental na história da música popular brasileira, pois foi quando surgiu um de nossos maiores compositores, Noel Rosa. Integrante do Bando de Tangarás, Noel tinha preparado uma música para ser lançada para o Carnaval de 1930. Levado por Almirante à casa de Homero Dornelas, para este armonizar seu samba, Noel acabou por não o lançar naquele Carnaval, porque, quando já estava indo embora com Almirante, Homero resolveu mostrar-lhes uma canção que tinha feito e executou ao piano. Tratava-se da melodia do samba Na Pavuna. Almirante gostou do samba e resolveu colocar uma letra e lançá-lo no Carnaval. Com isso Noel retardou em um ano a sua estréia na festa momesca, e conseqüentemente seu ingresso definitivo na fileira dos grandes nomes de nossa música popular. Sucesso absoluto do Carnaval de 1931, o samba Com que roupa, de Noel Rosa, tornou-se um neologismo popular, para designar situações de aperto vividas pelas pessoas, no rastro do crack de 1929.
1932
Outro artista notável: Lamartine Babo, Lalá assim conhecido, estourou no Carnaval com a marcha "O Teu Cabelo Não Nega, de sua autoria e dos irmãos Valença de Pernambuco, que se anunciaram como autores do estribilho. A briga foi para a justiça e Lalá provou ser de sua autoria a melodia original, dando um cunho personalíssimo a esta marcha, considerada uma jóia do cancioneiro popular brasileiro e até hoje tocada. Não poderíamos deixar de registrar a interessante marchinha A-E-I-O-U, feita por Lamartine Babo com parceria de Noel Rosa, e que também muito sucesso fez naquele Carnaval.
1933
Revela para sempre a vocação de Lamartine Babo de ser grande compositor carnavalesco, recebendo e merecendo o título de Rei do Carnaval Brasileiro, como prova a belíssima marcha Linda Morena, feita para aquele Carnaval e gravada por Mário Reis. Fazendo ver a todos que não gostava apenas da mulata, Lalá resolveu desta vez homenagear a morena e o resultado foi cantado por todos nas ruas. Seguindo a tendência por Lamartine Babo de homenagear os diversos tipos femininos, João de Barro, mais conhecido por Braguinha, compõe a marcha Linda Lourinha, homenageando as louras, que se transformou no maior sucesso do Carnaval de 1934, na voz de Sílvio Caldas.
1935
A companhia cinematográfica Waldow-Cinédia realiza o filme "Alô, Alô, Brasil!", com direção de Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro.
A produção ficou por conta de Wallace Downey e Ademar Gonzaga. No elenco estavam vários compositores e artistas famosos da época, como Ary Barroso, Francisco Alves, Carmem Miranda, Custódio Mesquita, Almirante etc.
Lamartine Babo compõe então para o filme a marchinha Rasguei a minha fantasia, gravada por Mário Reis.
O sucesso, tanto do filme como da marcha de Lalá, foi imediato, enchendo de alegria o povo nas ruas.
1936
Último ano em que Noel Rosa participaria como folião no Carnaval. Apesar de sobreviver à festa de Momo do ano seguinte, dela não participaria, já que se encontrava gravemente enfermo, amargando uma tuberculose que o mataria no dia 4 de maio. Talvez por isso, prevendo que este seria o seu último Carnaval, compõe em parceria com Heitor dos Prazeres uma de suas obras-primas. A belíssima marcha Pierrô Apaixonado, hoje um clássico da canção carnavalesca.
1937
Não foi dos melhores em termos de músicas carnavalescas, mas, apesar disto, surgiu uma marcha que seria o único e autêntico sucesso. A sua popularidade atravessou fronteiras, chegou aos nossos dias e tornou-se um dos maiores fenômenos do repertório carnavalesco de todos os tempos. Seus autores eram Vicente Paiva e José Luiz Rodrigues Calazans, mais conhecido como Jararaca. O nome da marcha: Mamãe eu quero.
1938
Primeiro ano em que o Carnaval estava sob a ditadura do Estado Novo, implantada por Getúlio Vargas em novembro do ano anterior. A censura passou a ser mais rígida, em função da criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que controlava toda produção artística. Neste ano, ao ser realizado o concurso de músicas carnavalescas, promovido pela prefeitura do Distrito Federal, João de Barro e Alberto Ribeiro compuseram uma marcha intitulada Touradas em Madri, que tirou o primeiro lugar, apesar dos protestos de outros concorrentes, que a consideraram um passo-dobe espanhol e não música brasileira. O fato é que o povo discordou de tal afirmativa e a consagrou nos três dias de folia, sendo até hoje executada, como o foi gloriosamente por mais de 100
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