"Basta percorrermos esses espaços ocupados pela mão de obra feminina para percebermos que a mulher negra está lá, mas, em sua maioria, ainda nas funções tradicionais de prestação de serviços ( limpeza, alimentação, serviços gerais ), ou seja, limpando a sala da professora, da médica, da advogada, da redação do jornal, dos tribunais.
É evidente que há um pequeno número de negras que superam a barreira da cor, mas quantas nesse mercado de trabalho."
A mobilidade profissional é tão restrita para a mulher negra que, mesmo aquela que consegue um grau maior de escolaridade, é obrigada a continuar a trabalhar como doméstica por ver limitado seu acesso a outras atividades. O que predomina é o item cor, não a escolaridade que a mulher negra já ( a duras penas ) alcançou.
Importa realçar que para a maioria das mulheres negras a tríplice opressão - mulher, negra e trabalhadora pobre - mantém-se e se reproduz: as opresões completam-se e entrelacam-se na dinâmica social. É nesse contexto de complementações que se estabelece a realidade da mulher negra. do ponto de vista objetivo e subjetivo.
A ele não se aplica o estereotipo de "fragilidade" geralmente atribuído a seu sexo, pela absoluta incompatibilidade com seu histórico de trabalho, de resistência á opressão e de sustentação da família negra. Obsenva-se que tanto o perfil como o estereótipo atribuídos á maioria das mulheres negras retratam a simbiose machismo/racismo, agregada á exploração econômica."
Texto : Alzira Rufino