Momo, o guardião da folia! Rei Momo, o símbolo do Carnaval brasileiro. Sua Majestade que está pronto para a folia, com simpatia, humor e espírito carnavalesco, que são características básicas para um "gordinho" se tornar o Rei da folia carnavalesca. O rei da folia que abre oficialmente o Carnaval recebendo as chaves da cidade das mãos do Prefeito da cidade.
Tudo começou ...
MOMUS - Festividades a Momus - Momo, Mômos, burla, crítica ou zombaria e em latim Momus - Deusa da Mitologia Grega.Momus, originalmente é uma MULHER, filha de Nix (a Noite). Pouquíssima lembrada na Mitologia Grega e quando representada, foi pintada como homem.
Mas, sem dúvida, Momus, a personificação do sarcasmo, do deboche, do delírio, da censura, do ridículo, da paródia, da crítica cortante, do desprezo e da culpa, depois da Mitologia Grega foi representado por homem (o masculino). Momus aprontou tanto que foi expulso do Olimpo.
Arte : Momus - Série Bacchus - Conelis de Vos
momus (feminino) ao momo (masculino)
Na MITOLOGIA GREGA, Momus era um daimon FILHA de Nix (a Noite), que tornou-se a personificação do sarcasmo, do delírio, do ridículo, do deboche, da paródia, do desprezo, da censura, da culpa e da crítica cortante.
Ela morava no Olimpo, porém foi expulsa por causa de constantes críticas e zombarias com Zeus e outros deuses. Zeus a expulsou lançando-lhe a maldição de sorrir para sempre.
Passou a perambular pela Terra, se tornando reverenciada pelos adoradores de Dioniso e em solstícios agrícolas, embalados pelos sons dos coribantes e tamborins.
Momus era a Deusa da Gozação que tinha na mão um bastão, símbolo da loucura, o Rei Momo carrega o cetro e a coroa, e comanda a devassidão e o divertimento.
No Tarô antigo era personalizada como o FEMININO (O Rei Momo recebe também a chave da cidade a fim de abrí-la, simbolicamente para as festividades do carnaval).
Dedicadas a alegria, pelo menos quinze sociedades festivas e de canto na França do século XIX adotaram nomes referentes a Momus - a Deusa - a feminina.
Foto ao lado: "The Fool" (Momus), carta de Tarô do século XVII
Na idade Média, na Península Ibérica, o Momo era uma representação teatral com máscaras, cujo protagonista (O MASCARADO - HOMEM) também se chamava Momo e se apresentava fazendo mimicas e trejeitos corporais.
Nas BACANAIS ROMANAS, era selecionado um "MOMUS" entre os soldados, o mais belo do exército. E durante o período de liberdade, desfrutava de regalias como se fosse um "Deus" com bebidas, mulheres e comidas, a vontade.
Só tem um probleminha: Terminada a festa, era levado ao altar do Deus Saturno para ser sacrificado - uma oferenda digna aos deuses.
REI MORTO, REI POSTO sendo eleito um novo "Momus" a cada ano.
Leonard Defraine Lacerf na ilustração ao lado, retratou em 1811 um MOMUS como um figura masculina do tolo. Desenhou a MÁSCARA na frente do rosto escondendo a sua face (digna dos deuses) e marotte em sua mão como o símbolo de sua loucura.
Alguns historiadores antigos consideraram o momo como masculuno, sendo "MOMO - O HOMEM LOUCO".
As Obras de Artes e textos antigos também retrataram o sátiro como homem, ressaltando seu corpo musculoso.
origem do rei momo
Tudo indica que a rechonchuda figura carnavalesca, o Rei Momo, tenha sido inspirada nesse personagem da Antiguidade clássica. Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio. Usando um gorro com guizos e segurando em uma mão uma máscara e na outra uma boneca, ele vivia rindo e tirando sarro dos outros deuses.
Segundo o Profº Cid Marcus Vasques :"Momo, em grego, tem relação com o verbo mokasthai, zombar, escarnecer, ridicularizar. A raiz que está por traz desse verbo é mou, que exprime uma idéia de desdém, de menoscabo, um trejeito feito com os lábios que lembra deboche, pouco caso; o objetivo é o de desqualificar o que é apresentado ou dito. Lato sensu, Momo acabou por personificar o sarcasmo."
Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas comemorações, principalmente as que envolviam sexo e bebida.
Na Grécia, registros históricos dão conta que os primeiros reis Momos de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a.C. Geralmente, o escolhido era alguém gordinho e extrovertido, provavelmente vem daí a inspiração para a folia brasileira. Já nas bacanais romanas, os participantes selecionavam um Rei Momo entre os soldados mais belos do exército.
queima do dios momo
Devido a sua natureza zombeteira, Momo não era muito popular: dizia-se que ele era responsável por semear a discórdia e a confusão. Por esta razão,
Momo sobreviveu no imaginário popular e o seu espírito de sátira e crítica social continuou a influenciar as festividades e o humor das pessoas comuns.
Quando os espanhóis conquistaram a América, trouxeram consigo muitas de suas tradições,
inclusive aquelas relacionadas a cultura pagã.
Na Espanha em 1553, o Rei Momo aparece sob a forma de um boneco que se queimava,
como forma de suavizar um costume antigo mais brutal, simbolizando a morte de Jesus Cristo propiciadora da sua ressurreição.
Durante o carnaval, a queima de Momo simboliza a purificação dos excessos do carnaval e o retorno a normalidade da Quaresma.
A figura de Momo, como símbolo de sátira e crítica, foi adotada no Carnaval de Cádiz, uma antiga cidade portuária no sudoeste da Espanha, como forma de zombar das autoridades e da sociedade em geral de uma forma relativamente inofensiva.
A queima de Momo a meia-noite da Quarta-feira de Cinzas marca o fim do carnaval e o início da Quaresma. Representa a purificação dos excessos do carnaval e o retorno a normalidade. Esta tradição perdura até hoje e Momo continua a ser parte integrante do carnaval de Cádiz.
A Queima do "Dios Momo" virou tradição no Carnaval de Cadiz e atualmente bonecos mais realistas são confeccionados a cada ano (um diferente do outro).
1839 - sociedade momus
A Sociedade Momus - A derrota de Napoleão em Waterloo e do Congresso de Viena abriu espaço ao prazer, onde diversas associações de carnaval floresceram na Renânia (região do oeste da Alemanha). Nessas folia escolhia-se "Príncipes do Carnaval" e estes usavam um CAPUZÃO, gorro ou
CHAPÉU DE TOLO e este tinha uma semelhança desconfortãvel com o bicorn napoleônico.
Assim, em 1839 foi fundada na cidade de Maastricht (Holanda) a Sociedade Momus, em homenagem ao deus grego da sátira, Durante os seus cem anos de existência, a Sociedade organizou os CAVALCADES no Carnaval, ou seja, desfiles com muitos cavalos.
Em 1872, a Sociedade lançou a regra: "loucura verdadeira, mas não além dos limites da decência". emoldurando a farra aos gritos de ALAAF.
11 (ONZE) - NÚMERO SIMBÓLICO DE CARNAVAL
Na Holanda, o Príncipe do CARNAVAL governa a cidade durante a folia momesca ao lado de um CONSELHO DE ONZE.
Há várias teorias que explicam o número de participantes desse conselho,
a mais curiosa, é a que diz que o número 11 é maldito e ultrapassa o 10 (dos Dez Mandamentos).
Todo ano, o Conselho se reúne pela primeira vez no dia 11 de novembro(11/11), marcando a data da abertura do período carnavalesco.
momo na trajetória do carnaval brasileiro ...
EVOHÉ ou EVOÉ é uma evocação do Carnaval,
ou seja, assim como as bacantes que gritavam em hora a Dionisio nas Bacanais,
os foliões do carnaval gritam Evohé para o Rei Momo, continuação aqui.
1910 - personificação do rei momo
Em 1910, o ator, cantor e compositor Benjamin de Oliveira, o PALHAÇO NEGRO, personificou o Rei Momo pela primeira vez na cidade brasileira do Rio de Janeiro, no Circo Spineli no bairro de São Cristóvão.
O primeiro soberano momesco brasileiro de cor negra, o mineiro Benjamin, popularmente conhecido como Benjamin de Oliveira, sendo seu nome de batismo era Benjamim Chaves (*11/06/1870 +03/05/1954).
Seu filho, Paulo Benjamin de Oliveira entrou para a história do samba como "Paulo da Portela".
Salientamos que os Periódicos antigos retratam no nome Benjamin com "N", já os livros de carnavais atuais com "M".
Mesmo por personificar o Rei Momo, Benjamim de Oliveira é ainda considerado o primeiro REI MOMO NEGRO do Brasil. Já o primeiro Rei Momo Negro eleito pelo povo é : CONTINUAÇÃO AQUI.
1933 - REI MOMO I e ÚNICO
No Carnaval de 1933, da cidade do Rio de Janeiro (Brasil), o Momo surge quando o cronista carnavalesco Palamenta (Edgard Pilar Drumond) juntamente com Vasco Lima , jornalista do Jornal A Noite, criaram um boneco de papel colorido, em sua barriga havia uma imensa fivela dourada e era brilhante a sua coroa de lata, tinha o rosto pintado com um sorriso largo.
Chamado de REI MOMO I e ÚNICO - primeiro e único - criado pelo artista Hipólito Colomb.
No ano seguinte, os jornalistas do "A Noite" Edgard Pilar Drumond (Palamenta), Raimundo Magalhães Junior (fundador da Escola de Samba Rosa Magalhães hoje Imperatriz Leopoldinense), Anísio Mora (Fritz) e Vasco Lima, se reuniram para escolher um rei momo que fosse parecido com o "Rei Momo I, o Único" de papelão.
Foi eleito um Rei Momo alegre, falante e bonachão, o cronista do Jornal Moraes Cardoso, que foi coroado pelo Carnaval Carioca de 1934 até 1948. Apó seu falecimento a a escolha do rei do Carnaval foi feita por entidades carnavalescas e jornalísticas.
entrada triunfal no carnaval carioca
Um fato interessante que revolucionou o Carnaval do Rio de Janeiro em 1933 - Uma entrada triunfal de Momo na cidade. Nos anos seguintes, o cerimonial ao Rei Momo virou tradição nos carnavais brasileiros.
(12) ... Tudo começou na noite do sábado magro, dia 18 de fevereiro de 1933, na Praça Mauá onde foi aconteceu a cerimônia em que foi entregue o seeptro da folia ao Rei Momo (por CIDADÃO CARIOCA), em obediência ao seu reinado de oito dias sobre a cidade do Rio de Janeiro.
Logo após a a recepção festiva na Praça Mauá foi realizado um CORTEJO saindo seguindo atrás do carro de SUA MAGESTADE, pela Av Rio Branco.
Formando um cortejo de carros enfeitados, ao som de bandas convidadas de músicas, choros e clarins. Participaram do cortejo todos os clubes da Federação com grupos fantasiados, além das tradicionais comissões de frente com tamborins, cuicas, chocalhos, guizos e reco-recos ANUNCIANDO A ENTRADA DO GRANDE REI DA TROÇA E ALEGRIA na cidade carioca. Tudo ministrado com fogos de bengala.
A chegada ao Cassino Beira-Mar por volta da meia-noite, "ANUNCIADA POR ESTRONDOSA GIRANDOLA DE FOGUETES E PELO BARULHO DAS SIRENES misturados as MÚSUCAS E CLARINS, ENTOANDO A MARCHA TRIUNFAL DE MOMO.
Na porta do Cassino um Mestre de Cerimônia (vestido trajes) guiando o Rei Momo no salão. A corte formou uma guarda de honra com as famosas trombetas, indicando que alí aconteceria a FESTA DA COROAÇÃO organizado pela Casa dos Artistas.
O Mestre de Cerimônia que colocou a Corôa Simbólica gritando CIDADÃO CARIOCA que saudava a ascensão de Momo ao trono em cima de um palco, e encerrada com fogos de artifícios.
Na segunda-feira de carnaval, dia 20 de fevereiro de 1933, o Rei Momo participou da TARDE DAS NAÇÕES, das 17 as 20h, reunindo todas as representações diplomáticas estrangeiras.
No dia seguinte, terça (21) foi realizado um GRANDE BAILE onde o Rei Momo premiou como RAINHA DO CARNAVAL, a dama com a melhor fantasia de rainha cabendo o julgamento a um júri constituído por Jornalistas e membros do Conselho Consultivo do Turismo, organizado pela empresa Beira Mar Cassino.
Após esse baile, o Momo foi confiado ao CLUB VENCEDOR, onde festejaram a vitória com um grande Baile Carnavalesco Pomposo.
Na quarta-feira (22) o Rei Momo participou da TARDE DO TANGO, das 17 as 20h, evento especialmente organizado para a folia momesca no Cassino.
Também no Cassino, no dia 23 de fevereiro (qui), a "Sua Majestade" reinou triunfante na TARDE REGIONAL BRASILEIRA, das 17 as 20 horas.
A agenda momesca segue na sexta (24) na TARDE DA AMÉRICA, com a exibição de grandes atraçõs e danças americanas.
Depois de oito dias do reinado na folia momesca carioca.
1934 - treze filhos de momo
No Carnaval do Recife de 1934, no Pernambuco, havia um bloco inusitado, os TREZE FILHOS DE MOMO, que desfilava pelas ruas do Pernambuco, com enormes rostos da Majestade da folia momesca.
No Carnaval de 1934, em 03 de fevereiro, o Jornal A Noite anunciava : "Glória a Momo! Um dia de vibração para os foliões cariocas.
A entrada triumphal de excelso monarcha da Folia na cidade." (11)
1934 - primeiro rei momo carioca
O REI MOMO I e ÚNICO, Francisco de Moraes Cardoso reinou entre 1934 e 1948 com a Rainha do Carnaval das Atrizes, a vedete Mara Rúbia (*1918 +1991).
Segue registro fotográfico no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro 1946.
Em 31 de dezembro de 1948, o No Diário da Noite, anunciava o falecimento do primeiro Rei Momo Francisco de Moraes Cardoso (*1893 +1948):
"Este ano não teremos mais a figura bonancho desse impagável Rei que era incarnada com espírito sadio e
elegância ímpar por Francisco Morais Cardoso, um jornalista fino e sutil, que sabia como nenhum outro incarnar a pessoa augusta de S.M. .
Este ano, por mais que o queiram, não teremos esse reinado efêmero, mas delicioso vivido por esse monarca que tanto entrava num
salão aristocrático [...]" (10)
1934 - primeiro decreto do rei momo
Decreto publicado em 03 de fevereiro de 1934 (11):   "Sua Majestade, o Rei Momo I e Único acaba de baixar o seguinte decreto:
Eu, Momo I e Único, soberano absoluto da folia, defensor perpétuo da Troça e Imperador da Pandenga, usando os poderes que me assistem, decreto:
ARTIGO 1o - É expressamente proibido ser infeliz no período carnavalesco.
ARTIGO 2o - Todos os meus súbitos ficam obrigados a se portar como autênticos foliões, sob a pena de incorrer no delito de alta
traição.
ARTIGO 3o - Concedo plena anistia a todos os tristes, melancólicos, macamb&uuacute;sios, e sorumbáticos, sob
sob a condiçã de não recaleitarem. convertendo-se toralmente ao riso, a pandenga e a troça.
ARTIGO 4o - Ficam exilados, até quarta-feira de cinzas, o Bom senso, o Preconceito, a Austeridade e outros inimigos declarados da minha orientação
política nitidamente galhoteira.
ARTIGO 5o - Concedo moratória a todos os devedores, quer sejam as dividas externas (prestações, etc.), quer sejam internas.
ARTIGO 6o - A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, passar&aaacute; a ser capital do meu reino no período carnavalesco.
PARÁGRAFO ÚNICO - Não se revogam as disposições em contrário.
" (11)
Leis e decretos federais e municipais oficiais brasileiros envolvendo o Concurso do Rei Momo foram efetivados ao longo dos anos e pode-se considerar entre os mais importantes são:
LEI 802, de 26 de dezembro de 1985, dispõe sobre as normas brasileiras dos concursos para a eleição do Rei Momo I e Único e da Rainha e Princesas do Carnaval e dá outras providências.
O pagamento do Concurso é fundamentado como base na LEI 8.666/93 de 21 de junho de 1993. Tem outras leis e projetos de leis, alguns em andamento, mas vale frisar as principais.
O mais famoso Concurso do Rei Momo do Brasil é o do Carnaval do Rio de Janeiro e os requisitos essenciais e indispensáveis para a inscrição é: ser gordinho,
ser residente e domiciliado no Município, ter no mínimo 18 anos e no máximo 55 anos,
ter concluído o ensino fundamental e não ser Servidor Público Municipal, Estadual ou Federal.
1935 - cidadão momo
O Presidente Joáo Canali e outros dirigentes do Cordáo Os Laranjas decidiram criar o Cidadão Momo, representando o Monarca da Folia no Carnaval do Rio de Janeiro (RJ, Brasil) de 1935.
A iniciativa da CRIAÇÃO do CIDADÃO MOMO foi de destronar o Rei Momo, assim o Cordão Os Laranjas envia um ultimato ao Rei Momo:
"Rei Momo (onde estiver). Chegou a hora das reinvicações da cuíca, do pandeiro, do tamborim e do ganzá. " (9)
"Teus olhos azuis, cabelos louros, tez nívea e rosada, nunca foram símbolo da nossa nacionalidade.
Para felicidade geral da nação e o sossego do povo retira-te, porque a gente da minha terra quer que eu fique.
- Momo Cidadão." (9)
O primeiro Cidadão Momo escolhido foi o cantor e compositor Sylvio Caldas. E no dia 28 de fevereiro 1935, Sylvio Caldas
com camisa de malandro e lenço no pescoço "desembarcava de um trem suburbano na Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ, Brasil),
e alí estavam: o Cordão Os Laranjas e seu presidente João Canalli, além de Flávio Costa (presidente da Uniáo das Escolas de Samba), o Cordão Carnavalesco As Tangerinas e sambistas.
Partiu daí, um numeroso cortejo passando pela Av. Rio Branco (epicentro do carnaval) seguindo à Praça Onze de Julho, considerada na época o tradicional reduto do samba, para receber a chave da cidade d o Cidadáo Momo.
Depois da cerimônia, Silvio Caldas continuou o cortejo sambando no alto de um carro". (2)
1935 - espírito do carnaval
Muito se falava em "Espírito do Carnaval" nas folia de outrora, mas afinal o que é isso?
O períodico (revista ilustrativa) O Malho de 21 de fevereiro de 1935 caricaturava o rei momo carregando o espírito do Carnaval em uma enorme garrafa,
pois o estafadíssimo precisaria ter uma dose de cumplicidade e alegria inqualificável, para reinar em todos os dias da folia momesca.
Para a igreja na época, o espírito do carnaval era o da "despedida da carne".
No Brasil o Carnaval é uma grande manifestação popular que demonstra todo o espírito brasileiro em sua ampla diversidade.
Em 2024 a definição do espírito do carnaval feita pelo Jornal A Gazeta, cai bem para as reflexóes atuais: "Escolha sua fantasia e procure o significado
dela para vocé. Aproveite esse momento para se conhecer melhor. Liberte-se e curta o seu carnaval com intensidade!" (16)
1935 - segundo momo brasileiro
Coroado no dia 16 de fevereiro de 1935, Tosca (Eugênio de Almeida) foi o primeiro Rei Momo do Carnaval de Santos, litoral sul de São Paulo, e foi considerado o segundo do Brasil.
Recebeu o cetro real das mãos de Zezinho Baccarat, proprietário da Rádio Atlântica em uma grande Cerimônia na Praia do Gonzaga, na cidade cidade de Santos, litoral sul de São Paulo.
1936 - momo gigante
O Carnaval de 1936 em São Paulo foi decorado por um rei momo gigante. Com 18 metros de altura do escultor Ferri foi instalado
na Praça Antonio Prado, no início da Avenida São João.
1949 - ave momo: cuicas, pandeiros e tamborins
As cidades brasileiras se preparam com entusiasmos para a grande folia momesca. Jornais e Revistas refletem os preparativos para a exaltação a Sua Majestade: Ave Momo!
O Rio de Janeiro é o berço do Carnaval do Brasil em 1949 (como é até hoje).
Jornal A Noite resgatado na Série Memória Nacional traz áudios exclusivos da Rádio Nacional no EBC Brasil do Rio de Janeiro durante a cobertura da festa,
SEE+
momo, eleito pelo povo
Abre alas ao guardião da folia, onde o reinado prevalece na folia momesca. Rei Momo é a figura máxima no carnaval
baiano que vai levar aos quatros cantos da cidade, a paz, a diversão e muita alegria. O percursso começa na Cerimônia
de Abertura Oficial do Carnaval, onde o Prefeito na presença da Rainha do Carnaval, entrega da chave da cidade ao Rei Momo,
que antes era representado por uma pessoa selecionada pelas características predominantes e preferencialmente acima de 100 kg.
O Rei Momo é o Rei do Carnaval e é eleito através de um concurso onde se
escolhe o homem que melhor se encaixe nas características: humor, desembaraço, simpatia e espírito carnavalesco, entre os canditados.
Como Momo, deus da gozação que traz na mão um bastão ,
símbolo da loucura, o Rei Momo carrega o cetro e a coroa, e comanda a devassidão e o divertimento.
Recebe também a chave da cidade a fim de abrí-la, simbolicamente para as festividades do carnaval.
O peso mínimo de 120 quilos é uma exigência vem sendo abandonada nos últimos anos, considerando-se os problemas de saúde causados pela obesidade.
Por exemplo, no Carnaval de Salvador (Bahia, Brasil) em 2008, foi selecioná-lo um Rei Momo "magro", com o projeto "Personagem da História Viva de Salvador".
Salientando que outrora a cerimônia oficial de abertura do Carnaval de Salvador era uma iniciativa das entidades
negras da Bahia. Já no Carnaval do Rio de Janeiro de 2004 foi eleito um Rei Momo de 85 quilos, Wagner Monteiro, previlegiando seu poder
de comunicação, sua irreverência e samba no pé.
Foto da Capa do LP Carnaval do Rio pela Copacabana Discos
sob as bençãos de momo, tudo é permitido ...
Com muita alegria, a folia se esconde por trás das máscaras e tudo é permitido. Pulando, brincando, beijando, desfilando e se misturando a farça momesca, não se limitando a ser feliz. Sob reinado da folia, eis as majestades dos carnavais brasileiros:
RIO DE JANEIRO
REIS
1949 - Gustavo Mattos
1950 - Jaime de Moraes
1951 - Nelson Nobre
1952 - Nelson Nobre
1951 - continuação aqui
RIO DE JANEIRO
RAINHAS
2006 - Ana Paula Evangelista
2005 - Ana Paula Evangelista
2004 - Priscila Hirle Mendes
2002 - Patrícia Chélida
2001 - continuação aqui
SALVADOR
REIS
1959 - Milton Ferreira da Silva
1960 - Milton Ferreira da Silva
1961 - Milton Ferreira da Silva
1962 - Milton Ferreira da Silva
1963 - continuação aqui
SALVADOR
RAINHAS
1960 - Almaisa Maria Bastos
1961 - Arlete Vieira
1962 - Dinalva Almeida
1963 - Sonia Vieira
1964 - continuação aqui
quem foi o primeiro rei momo negro?
Quem foi o Primeiro REI NEGRO brasileiro? Por sua personificação de Rei Momo foi BENJAMIM DE OLIVEIRA
em 1910, no Rio de Janeiro, confira aqui.
1949 - Lelé ou Rei Negro - ADÃO ALVES DE OLIVEIRA (*1925 +2013) reinou de 1949 a 1952 em Areal da Baronesa (atual Cidade Baixa), na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Seu reinado começou em uma brincadeira em fevereiro de 1949, para beber de gr&aça nos comerciantes.
Com uma fantasia improvisada e uma coroa de papelão desfilou pelas ruas e avenidas de Areal. De uma brincadeira virou Rei Momo Oficial de Areal da Baronesapor 22 anos.
Já em São Paulo o primeiro negro foi empossado somente em 1981 e 1982: o compositor HENRIQUE FELIPE DA COSTA, (*11/01/1908 + 11/06/1984)
conhecido como "Henricão", pelos seus quase dois metros de altura.
O primeiro Rei Momo Negro de São Paulo concorreu representando o Bloco Mocidade Zona Leste.
No Carnaval de 1962 na cidade de Brasília (DF) o primeiro rei negro Jonas do Rosário, com seus 120 quilos de alegria,
tomou posse na capital brasileira.
1950 - um reinado na memória santista
Um reinado na memória da cidade de Santos, litoral sul de São Paulo: "Duas coroas feitas de latão e pedrarias, anéis de ouro, faixas com o título que ostentou durante 47 anos,
inúmeros troféus, estatuetas e placas, além de álbuns de fotos e recortes de jornais.
Homenagens não faltam entre as relíquias guardadas por Waldemar Esteves da Cunha (Santos *09/08/1920 +08/04/2013) , protético que, entre 1950 e 1991, encarnou a figura do Rei Momo do Carnaval de Santos (litoral sul de São Paulo, Brasil) - atualmente, aos 85 anos, ele é o mais antigo e quem mais tempo exerceu o reinado em todo o País (6).
Em 1991, Waldemar passou o posto para Dráuzio da Cruz, do Império do Samba, mas a pedidos do então prefeito Beto Mansur, fez sua última aparição como Rei Momo em 2000, nos desfiles das escolas de samba da Cidade (6)".
1957 - rei momo vira tema de grandes bailes carnavalescos
1962 - cada carnaval, uma nova roupa
Durante o Carnaval de 1962, da cidade de Santos - São Paulo,
com a Rainha Assunta Lancelotti e o Chanceler Bandeira Júnior apresentava a nova roupa do Rei Momo. Ritual este que acontecia a cada ano.
1963 - convenção nacional de rei momos
A primeira Convenção Nacional de Rei Momos foi realizada na cidade de Santos, litoral sul de São Paulo em 1963.
Waldemar Esteves da Cunha, Rei Momo de Santos, conduziu os trabalhos junto ao Momo de Salvador (BA), São Vicente (SP), São Luís (MA),
Guanabara (RJ), Niterói (RJ), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG). Promovido pelo Conselho Municipal de Turismo, o Presidente interino Jorge Bechara recepcionou os Rei Momos na Ilha das Palmas (SP),
"O que se discutiu aqui tem uma importância enorme, relevante, porque o Carnaval é a coisa mais séria deste país,
Afinal, palavra de Rei não volta atrás, disse Waldemar Esteves da Cunha (Momo de Santos SP)," (13)
A II Convenção Nacional dos Rei Momos foi realizada em 1966 novamente na cidade de Santos,
onde participaram também os Momos do Pará e do Rio Grande do Norte.
1970 - momo entre vinil, lp e discos
Sua Majestade entre capas de LP e Vinil, discos fonográficos antigos. Abram Alas para as músicas carnavalescas.
Têm muito mais discos, confira logo aqui.
1973 - rei momo em quadrinhos
Em Fevereiro de 1973 a Walt Disney Brasil lançou a história em quadrinhos UM PAULISTA NA CORTE DO REI MOMO, uma aventura do primo paulista do Zé Carioca no Carnaval do Rio de Janeiro, na Revista em Quadrinhos ZÉ CARIOCA, com texto de Ivan Saidenberg.
Já para o Carnaval de 1977, foi o texto O ROUBO DA COROA DO REI. (15)
Revista em Quadrinhos por Plano Crítico (15)
1976 - a chave da cidade
É tradição entregar a chave da cidade simbólica ao Rei Momo na Cerimônia de Abertura do Carnaval. Antigamente, no Carnaval do Rio de Janeiro, a chave da solenidadede era feita papelão ou isopor.
E somente à partir do Carnaval carioca de 1976, é que foi confeccionado uma chave definitiva de madeira, coberta de lantejoulas com aproximadamente 2m,
idealizada e criada por Candonga (José Geraldo de Jesus) , que ficou o guardador oficial da Chave da Cidade até a sua morte, onde passou-se a guarda da chave para suas filhas, CONTINUAÇÃO AQUI
rei momo na micareta
A realeza da Micareta recebe coroas, cetro, chave da cidade e faixas geralmente na quinta-feira em cerimônia.
Conforme as leis da folia que o regem as majestades da folia decretam o estado permanente de alegria no município Feira de Santana, na Bahia.
Além do Rei Momo também é coroada a "Rainha da Micareta", a "1ªPrincesa" e a "2ª Princesa", que irão representar a alegria e toda a beleza dos feirenses nos quatro dias de folia.
Dono das chaves da cidade, o Monarca feirense têm os padrões exigidos : ser simpático, ter humor contagiante, gostar da Micareta e ter peso acima de 100kg, considerado ideal para a majestade, CONTINUAÇÃO AQUI
Enorme Rei Momo montado em uma das primeiras Micareta de Feira
que rei é esse?
Sem reinado e sem coroa, sem castelo, sem criados, nem librés, onde seu mandato apenas gira em torno da folia.
Toquem os tambores! É o Rei Momo, o guardião da folia! Sua Majestade, do alto da eleição, está
pronto para a folia, com muito humor, desembaraço, simpatia e espírito carnavalesco, que são características básicas para um "gordinho" se tornar Rei Momo.
Espiando a multidão multicolorida e eletrizada que se esbalda no carnaval, quem pode imaginar que esta farra começou
com um formato totalmente diferente, antes mesmo da era cristã ?
Entregai-vos todos, com loucura na satisfação de gozar a maior festa popular do ano, aos prazeres desses dias felizes do império de Momo! Ao riso! a alegria inebriante!",
CONTINUAÇÃO AQUI
foto divulgação
2002 - o rei da rua
Irreverente e criativo, em 2002, o cantor e compositor Durval Lelys, que na época era vocalista da Banda Asa de Águia (atualmente segue carreira solo)
desenvolveu o personagem REI DA RUA, a majestade do Reino da Folia.
O objetivo do personagem era manter viva a magia e a fantasia que fazem parte do Carnaval baiano,
envolvendo as pessoas na maior festa de rua do mundo.
Tamanho o sucesso do personagem que ficou que Durval Lelys ficou popularmente conhecido como o REI DA FOLIA ganhando notoriedade até hoje.
2005 - rei momo e máscara
Em 2005, foi instalada no Jardim do Cáster, a estátua "O Rei Momo e Máscara" de José Rodrigues,
em homenagem da cidade de Ovar (Portugal) para aos foliões portugueses.
2008 - um rei momo bem magrinho
Em um concurso de candidatos gordinhos, um rei momo bem magrinho Clarindo Silva (*16/03/1942), 1,70 metro de altura e 58 quilos,
tomou posse no Carnaval de 2008 na cidade de Salvador, Bahia.
Isso no meio de uma uma polêmica com direito até cancelamento da eleiçção e cassação do Título.
A Federação dos Clubes Carnavalescos da Bahia alterou as regras do Concurso onde não precisaria
ter mais de 120kg, anulando assim a tradição. A escolha passou a ser feita através da análise da "personalidade baiana". Neste caso, Clarindo Silva era jornalista, compositor, poeta e escritor, possuia o título de Doutor Honoris Causa pela Universite Libre des Sciences de L Homme de Paris e também a Comenda da Cultura e das Artes pela Universidade das Américas, dentre outros.
Essa regra se manteve em 2009 dando a Coroa de Momo ao cantor Gerônimo (Gerônimo Santana Duarte *26/06/1953) e em 2010 ao cantor Pepeu Gomes (Pedro Anibal de Oliveira Gomes *07/02/1952). Somente em 2011, que o Carnaval de Salvador, na Bahia, teve novamente Reis Momos reconchudos.
2012 - reinado no maracatu
No Recife, em Pernambuco, durante o Carnaval de 2012, avistava-se a Rainha do Maracatu ao lado do Rei Momo, bonecos infláveis com 8 metros de altura que reinava imponentes na folia momesca.
Personagens da artista Joana Lira e que também estavam presentes ao lado do HOMEM DA MEIA-NOITE, em tapumes e armações na cenografia da Praça Marco Zero.
2022 - reinado carnavalesco brasileiro
Mostrando a Corte Real atual da Folia momesca brasileira no Carnaval mais famoso do mundo, o do Rio de Janeiro abrimos alas para o Rei Momo Wilson Dias da Costa Neto, para a Rainha Thaiana Rodrigues Pinheiro, a Primeira Princesa Luara Neto Lino e a Segunda Princesa Deisiane Conceição de Jesus, reinando na folia momesca carioca de 2022.
Dando continuidade no reinado, descubra aqui quais foram as cortes anteriores e posteriores.
momo em charges
no final do carnaval ...
A Majestade se despede da folia, sai da fantasia e volta a realidade, e assim, começa seu ano.
Mas, acaba o Carnaval aqui e começa a folia lá ... CONTINUAÇÃO AQUI
BIBLIOGRAFIA
- Pesquisadora Lilian Crisitina Marcon
- A Noite (RJ), fevereiro 1913
- A Noite Ilustrada (RJ), 14/03/1934, pg-4
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- Fotos e Figuras a referência se encontram-se nas mesmas
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- Fundação Arquivo e Memória de Santos, FundaSantos - SEE+
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(12) A Noite (RJ), 20/12/1932, adaptação: Onde começarã a Jornada Triumphal de Mômo
(13) O Cruzeiro ed.21, 02/03/1963 // Memória Santista
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(15) Zé Carioca, Walt Disney, Revista em Quadrinhos Brasil, 1973 e 1977 // por Plano Critico.com, Zé Carioca e os seus muitos carnavais, 27/02/2022
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