NEGRO TIPO A

" A mídia transforma um Preto Tipo A num neguinho. A adoção de traços polêmicos no rap torna pública a transformação ocorrida na postura do negro. O negro jovem constrói seu próprio estereótipo; e sua música assume a tensão como alternativa discursiva, negando duplamente a cordialidade construída pelo mito da democracia racial. O manifesto exige uma indenização pela exploração da mão-de-obra escrava, com vista à aplicação em ações afirmativas como a construção de universidades voltadas para pesquisas das questões étnicas; de uma imprensa de mesma orientação; e um banco que gerasse e gerisse recursos para sua sustentação.
Defende a instalação do “Poder Negro” contrapondo-se às ações integracionistas do negro na sociedade estruturada e regida por brancos, "Poder Branco". Privilegia a busca da africanidade, destacando a importância da experiência da conquista de independência dos países africanos. O conflito étnico não foi resolvido, mas a obscuridade do mito da democracia racial não encontrou acolhida naquela sociedade. A tensão do enfrentamento não foi assimilada no Brasil. O modelo de negro bem-sucedido entre nós ainda mantém vínculos estreitos com o integracionismo. Se adequa ao mundo que lhe é imposto pela ideologia do branqueamento, que sustenta a imagem do negro manemolente; sorridente. Era tarefa dos negros lutar por uma adequação material e reconstruir sua identidade. A discussão das questões raciais alcançaram um alto grau de elaboração em nosso país, porém restrita a militantes ou à intelectualidade. Enquanto população, o negro continua situado no hall da miséria. Poucos ascenderam socialmente; destes, a mínima parte discute ou pratica a Negritude." Texto: Nelson Maca Gonçalves

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