XIRINGAS CARNAVALESCAS
As Bisnagas carnavalescas, antigamente chamadas de Xiringas, Siringas ou Seringas, eram usadas durante a brincadeira no Carnaval brasileiro, onde espiravam água uns nos outros. Colocava-se dentro água comum ou perfumada (misturava-se água e perfume para render).
No Carnaval do Rio de Janeiro de 1878, onde os jornais e revistas aclamavam a boa-vinda:
"Foi outrora bastantes influente para modificar ministérios e há de ser finalmente
vencido pela bisnaga, que é uma nova edição do limão-de-cheiro."(2)
"É que a bisnaga conserva-se popular, em quanto o princez supôe-se aristocrata desde que se alista em alguma sociedade.
As bisnagas plástica eram enchidas com água ou perfume."(2)
Crédito: Illustrada de 1859, nr-171 por Biblioteca Nacional Brasileira
Crédito: Illustrada de 1859, nr-171 por Biblioteca Nacional Brasileira
"[...] o Carnaval vem erguer a máscara. Debaixo da máscara desaparecem os políticos e perante a bisnaga,
todos são iguais. " (2)
"[...] O Carnaval teve seus dias de Triumpho entre nós, pares entretanto, destinado a cerder
o passo ao velho ENTRUDO. Foi outrora bastante influente para modificar e há se ser finalmente vencido pela BISNAGA, que
é uma nova edição do limão-de-cheiro.(1)
É que a bisnaga conserva-se popular, em quanto o princez suppõe aristocrata desede que se alista em alguma sociedade.
O carnaval envelhece e o entrudo resnasce.
O carnaval esteve até triste; o entrudo é alegre [...]" (1)
"Alegoria Carnavalesca dos Carnavais Flumineses
Tão cheios de muito espírito (de vinho), também se apanham tantas molharelas..." (6)
xiringas, uma folia à parte
As xiringas (ou seringas) e bisnagas d´água foram sucesso no
Carnaval do Rio de Janeiro (Brasil) de 1818, e um dos ilustres periódicos, o Illustrada (1), retratou e publicou: "Nada vimos senão seringas e bisnagas de toda qualidade e sexo... Quanto ao espírito... coitado!"
Crédito: Capa da Illustrada de 1878, anno3, nr-104 por Biblioteca Nacional Brasileira
Em 1823, Debret retrata as xiringas
"[...] Jean-Baptiste Debret, que o eternizou em desenhos, registrando até a bisnaga, apetrecho indispensável na brincadeira, se assim se podia chamar.
A brutalidade do Entrudo não conhecia limites [...]" (4) - CONTINUAÇÃO AQUI
Pintura retrata o Carnaval de 1823, por Jean Baptiste Debret
Crédito: site oficial do pintor
repressão às xiringas / seringas
Nem a repressão ao ENTRUDO conseguiu segurar as seringas d´água no Carnaval do Rio de Janeiro (RJ - Brasil) de 1883.
A tentativa dos policiais virou notícias de periódicos e jornais. Tamanho o auê, que virou capa do famoso e prestigiado Illustrada (3), que anunciava : "Sr.Ex.o Chefe de Polícia, compreendo que seu famoso edital proibindo o Entrudo foi considerado uma simples cartola e tratado com todo desrespeito e devida desconsideração."
Crédito: Capa da Illustrada de 11/02/1883, anno8, nr-332 por Biblioteca Nacional Brasileira
mania de seringá-la para o flerte
O Entrudo que estava perdendo populariedade no carnaval, ganha força com o surgimento das bisnagas/seringas na brincadeira. E os jornais da época anuciaram "Volta do Entrudo", que ele estava ganhando notoriedade entre os folióes novamente.
Crédito: O Malho RJ 21/02/1903, nr-23 pg-6 ano-2 por Biblioteca Nacional Brasileira
E a mania de seringar e fletar persiste no Carnaval, observem que mesmo 23 anos depois da
publicação acima, os periódicos publicam a existência da mania na folia.
Crédito: Revista Para-Todos de fevereiro 1929, nr-531, pg-16 por Biblioteca Nacional Brasileira
bisnagas de entrudo eram alugadas
Em 1886 as binasgas de entrudo poderiam ser alugadas em grandes lojas de magazines conforme notícia do Jornal Libertador da cidade de Fortaleza, no Ceará em 04 de fevereiro.
O Libertador de Fortaleza CE - 04/02/1886
bisnagas são retratadas em crônicas e periódicos
Crédito: A Paródia, 1900, nr-6, pg-42 por Biblioteca Nacional Brasileira
proibição do entrudo - não pode xiringar
O Entrudo foi alvo de repressão e tentativas de proibição no Brasil surgiram à partir do século
XIX, especialmente por volta da década de 1840, por ser considerado violento, popular e rude.
A polícia e as elites preferiam um carnaval mais "civilizado", inspirado nos moldes europeus,
e foram responsáveis por campanhas na imprensa e pelo incentivo de bailes e sociedades carnavalescas para substituí-lo.
Mas nem mesmo presos, os foliões deixaram de XIRINGAR ÁGUA nos policiais.
Crédito: O Mequetrefe, ano-8, nr-265 de 08/02/1882 por Biblioteca Nacional Brasileira
Com a proibição, quem continuava a brincar de jogar água e limões de cheiro no Carnaval, era preso.
o entrudo morre para dar espaço ao carnaval de rua
Ilustração de Angelo Agostini publicada na Revista Ilustrada, de fevereiro de 1881
morre as xiringas, mas as binasgas sobrevivem
Com o passar dos anos, o Entrudo foi abolido e o Carnaval foi se modificando.
As tradicionais XIRINGAS d´água carnavalescas foram extintas com o Entrudo, mas as BISNAGAS, meios escassas, acabou sobrevivendo na folia momesca.
Nos anos 80, são menores.
Nos anos 90, as Bisnagas ficaram um pouco mais compridas do que as da década anterior, ganhando espaço entre as crianças, nos Bailes de Salão Carnavalescos.
Nos final dos anos 90, abandonaram as bisnagas e passaram a usar PISTOLAS D´ÁGUA comercializadas de todos tipos, formas e tamanhos.
A brincadeira ganhou as ruas em alguns blocos e agremiações, principalmente no Carnaval de Salvador, na Bahia.
Com o tempo, surgiram as famosas GUERRAS D´ÁGUA (principalmente no interior de São Paulo), uma nova versão da antiga brincadeira dos bailes infantis carnavalescos.
Surge o LANÇA-ÁGUA. Desde então, a cada ano ficam mais potentes, eficientes e diversificadas e a brincadeira perdura até os dias de hoje.
Foto do acervo de Lilian Cristina Marcon
Xiringas foram extintas com o Entrudo, mas reviveram em Bisnagas, que ganha o gosto do folião carnavalesco e passaram a serem fabricadas mais compridas.
As Bisnagas perdem força no Carnaval e são substituídas pelas Pistolas D´Água.
As Pistolas ficam mais potentes e dirversificadas e surgem os Lança Água.
pistolas d´água são proibidas na Bahia
O Governo do Estado da Bahia regulamentou em 2023, a Lei 14.584 (02/06) que proíbe o uso de pistolas de água durante o Carnaval e Festas de Rua no Estado.
"A proibição visou garantir a segurança e o bem-estar de todas as pessoas, coibindo práticas de misoginia e machismo, isto porque, durante o desfile de Blocos e Agremiações carnavalescas, foliões estavam espirrando água, nas partes íntimas das mulheres.
A Segurança Pública passou a fazer o recolhimento dos artefatos durante o Carnaval e Festas em todo Estado da Bahia.
O uso de Pistolas D´Água no Carnaval continua liberado nos demais Estados brasileiros, pois não tiveram ocorrências desse gênero, além de que são geralmente utilizados por foliões mirins (público infantil).
Bloco As Muquiranas no Carnaval de Salvador 2010
Crédito: As Muquiranas / divulgação
Crédito: Mequetrefe de 1876, nr-61 pg-5 por Biblioteca Nacional Brasileira
Entre as páginas da história, desfrute das pinceladas carnavalescas do
ENTRUDO, e passei entre os
CHARIVARIS e os CARETOS e CARETAS.
Pulando de páginas para história dos ZÉ PEREIRAS acompanhado pelos
GIGANTONES, dos CABEÇUDOS, dos BONECOS GIGANTES DE OLINDA,
e dos BONECOS DE MÃO.
No alto da página tem os BAILES regados a
CONFETES, SERPENTINAS e muito
LANÇA-PERFUMES, em uma grande BATALHA DE CONFETTIS.
BIBLIOGRAFIA
(1) Periódico Illustrada, ano 3, nr 104, 09 de março 1878
(2) Periódico Illustrada, ano 3, nr 103, 03 de março 1878
(3) Periódico Illustrada, ano 8, nr 332, 03 de fevereiro 1833
(4) Carnaval: dos ticumbís, cucumbís, entrudo e sociedade carnavalescas aos dias atuais, pg56
(5) Periódico Illustrada, ano 3, nr 104, 09 de março 1878
(6) Periódico Illustrada, nr 171, fevereiro 1959
- AGOSTINI, Angelo - As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora, pag. 67 - Editora Senado Federal>
- Biblioteca Nacional Brasileira, Hemeroteca Brasileira e BN Digital
- Bisnagas 2016, Foto Bloco As Muquiranas, Carnaval de Salvador
- Libertador, Fortaleza, 04 de fevereiro de 1886
- Periódico Illustrada - edição fevereiro 1881
- Periódico Mequetrefe - nr-61 1876
- Periódico Mequetrefe - ano 8, nr265, 08 de fevereiro 1882
- Periódico O Mosquito - edição fevereiro 1877
- Periódico O Malho - RJ 21 de fevereiro 1903, nr23, pg6, ano-2
- Periódico Para-Todos - fevereiro 1929, nr531, pg16
- IMAGENS, Créditos de images descritos nas fotos, pinturas e ilustrações