Troças Carnavalescas de Olinda

Troça Carnavalesca de Olinda são grupos de menor porte (pequenas agremiações), que desfilam nas ruas das cidades durante o Carnaval tocando marchinhas, percurssão e frevo.


origem e história das troças

Em um tempo em que havia muitos grupos carnavalescos improvisados, surgem as primeiras troças carnavalescas no final do século XIX e no começo do século XX, na cidade de Olinda, no Pernambuco. Tocando frevo e marchinhas com instrumentos de sopro e percussivos, as troças carnavalescas resistem até hoje, principalmente em Olinda, no Pernambuco. Vale ressaltar que uma TROÇA CARNAVALESCA MISTA significa quando homens e mulheres participam juntos do desfile, diferentemente do termo TROÇAS CARNAVALESCAS, que não permitem mulheres no cordão, devido a tradição de outrora - onde tinham papéis mais rígidos para homens e mulheres.

Desde 1910, elas mantêm viva a tradição e contribuem com irreverência, alegria e criatividade para animar a folia nas ladeiras de Olinda.

Em 1910 desfilava pela primeira vez a Troça Carnavalesca BONEQUINHO, dissidentes da Praia dos Milagres e Praia dos Quatro Coqueiros, mas não sobreviveu ao tempo, desfilando até 1944. No mesmo ano "composta por jovens moradores da Cidade Alta, surgiu a Troça Carnavalesca Mista Papudinho, que saía da Rua do Bonfim e só participou de dois carnavais, encerrando suas atividades em 1911. (2).

Em 1911 desfilou pela primeira vez a BENGALINHA, troça carnavalesca dedicada ao público infantil, que teve origem dos alunos do professor Marcolino Botelho. "O nome Bengalinha nasceu do hábito que tinha o severo professor, de bater com a bengala nos alunos que não respondiam certo às suas perguntas." (2) A troça saia da Rua Amparo (Olinda) e quando passavam em frente da casa do professor tiravam os chapéus e faziam um cumprimento. Não desfilou 5 anos (não consecutivos).


Troça Elefante de Olinda desfilando no Carnaval
Crédito: Arquivo Público de Olinda

Em 1914 desfilou OS PESCADORES pela primeira vez, fundado por Pulu (Apolinário Gomes da Silva), da Praia dos Quatro Coqueiros - porém desfilou em Olinda até o Carnaval 1923 - ficando três anos sem desfilar nesse período.

Em 1920, os CAÇADORES desfilou pela primeira vez nos Quatro Cantos de Olinda, posteriormente passando a desfilar no Guadalupe e na Estrada de Paulista. As fantasias da troça era composto por espingarda e bornal, mudando ano a ano, apenas as cores. Os Caçadores desfilou até 1931.


Cariri Olindense

A troça carnavalesca mista Cariri Olindense, fundada em 15 de fevereiro 1921, pelos amigos: Augusto Canuto de Santana, Cosmo Botão, Jacinto Martinho, Isnar Colombo e Eugênio Cravina.

O Cariri Olindense desfila até hoje, abrindo o Carnaval de Olinda - sempre às 4h da madrugada do domingo de Carnaval. Por isso leva a "chave simbólica" que abre o Carnaval de Olinda, criada em 1921, e entregue pelo Homem da Meia-Noite.

O nome Cariri foi uma homenagem ao velho "Cariri", apelido de um antigo vendedor do Mercado de São José, no Recife. Assim é representado com seu chapéu de couro e longa barba, montado num jumento.


Cariri Olindense no Carnaval em Olinda PE
Crédito: Cariri Olindense - site oficial

DESTEMIDOS, a troça carnavalesca mista nasceu em 1922, na Floresta - Estrada de Paulista. Tendo seu maior rival a troça Caçadores, levava no estandarte o símbolo do Lobo (chamado de os Lobos da Floresta). Desfilou pela última vez no Carnaval de 1946, em Olinda.

Fundada em 1925, o PRATO MISTERIOSO era uma Troça Carnavalesca que se destacou pela sua orquestra. Seu rival era o PÃO DA TARDE (criada em 1943, na Ilha do Maruim. A Pão da Tarde nasceu de uma dissidência da Prato Misterioso e tinha como grande sonho desbancar seu principal concorrente, mas nunca conseguiu.


Donzelinhos dos Milagres

Formado em 1932, por rapazes do bairro dos Milagrescom fantasias inspiradas em roupas infantis da época. "Não era permitida a participação de mulheres Antes do seu desfile, às 7h da manhã, era servido um sarapatel com muita bebida."

"Durante 25 anos, os Donzelinhos só deixaram de se apresentar por duas vezes: em 1943, por causa da convocação de participantes para a Segunda Guerra Mundial e, em 1956, quando um dos membros da troça foi assassinado. Sua última apresentação ocorreu no Carnaval de 1957." (2)


Carnaval 1940 em Olinda, no Pernambuco - Troça Donzelinhos dos Milages
Crédito: Olinda de Antigamente

Em 1933 desfila a BOLINHA DE OURO, troça carnavalesca mista com crianças ruas batucando em latas velhas. Com mais de sessenta participantes e um estandarte vinho e dourado, saindo da Rua do Guadalupe (nr 167), desfilou até o Carnaval de 1935, devido a problemas financeiros, Tinha como rival a troça ABANADORES e Severino Parafuso.

Em 1934, desfila o PAVÃO DE OURO no bairro do Farol, mudando-se para a Ilha do Maruim (anos 40). Desfilou até o Carnaval de Olinda de 1950.

A VERDE LINHO, fundada em 1938 Rua dos Tocos e formada por vendedores ambulantes. No início, saía pelas ruas com uma batucada, mas depois passou a desfilar com orquesta de frevo e com fantasias simples e criativas. O seu último Carnaval foi de 1966. (2)

A troça carnavalesca mista ESTRELINHA desfila com o público infantil e, apenas em dois anos 1945 e 1946. (2)

Faustino (porta-bandeira do Clube Vassourinhas) fundou o MISTA COMBATE que desfilou próximo à sede do Clube. A troça carnavalesca de pequeno porte foi a primeira agremiação a divulgar suas promoções pichando o chão de ruas e avenidas da cidade, (2)

Pitombeiras dos Quatro Cantos

Fundada em em 17 de fevereiro 1947, a troça carnavalesca mista Pitombeira dos Quatro Cantos é um ícone do Carnaval da cidade de Olinda, no Pernambuco.

A troça carnavalesca curgiu de uma brincadeira entre amigos que moravam entre a Rua do Amparo e os Quatro Cantos em Olinda, que saíram pelas ruas com os dorsos nús, empunhando galhos de pitombeira (árvore frutífera da pitomba).

De 1947 até 1949, os folióes que acompanhavam a Troça Carnavalesta mista (homens e mulheres) não usavam fantasias. Mas foi à partir de 1950, que os foliões passaram a desfilar fantasiados - vestidos de palhaços sem máscaras. Posteriormente foi definido as cores para as fantasias: o amarelo e o preto.

A Pitombeira passou a usar Estandarte em 1953: "com um losango, contendo no centro um trecho da rua Prudente de Morais, nos Quatro Cantos, em Olinda". (2) CONTINUAÇÃO AQUI


Pitombeiras no Carnaval de Olinda 1970
Crédito: Maria e Álvaro Dias

Elefante de Olinda

A troça carnavalesca mista Elefante de Olinda foi fundada em 12 de fevereiro de 1952, por um grupo de amigos (Alrivelto Lopes, Caio Gomes, Elcio Siqueira, Marcone Felizola Walter Damasceno, Claudio Nigro e Expedito) que saíram da Rua do Bonfim em direção aos Quatro Cantos em Olinda, carregando um ELEFANTE (feito de massa de modelar).

Em 1953, foi confeccionado o primeiro ESTANDARTE, para desfilar no Carnaval de Olinda no mesmo ano. Desfilaram com uniformes eram emprestados pelo Bonfim Atlético Clube (que não existe mais). Assim, desfilaram com as cores do frevo.

As cores tradicionais do Elefante de Olinda é VERMELHO e BRANCO. Em 2020, acrescentaram o AZUL para comemoração ao reconhecimento de Patrimônio Vivo de Pernambuco (em 04 de dezembro de 2020).

A troça carnavalesca mista Elefante de Olinda, nunca deixou de desfilar no Carnaval de Olinda, com exceção dos dois carnavais na pandemia mundial de COVID-19, em 2021 e 2022, CONTINUAÇÃO AQUI


Elefante no Carnaval 1979 em Olinda PE
Crédito: Acervo do Bloco Elefante

A troça carnavalesca mista REMADORES arrastou os foliões apenas em duas folias momescas: 1948 e 1949.

Em 1950 desfilou na Cidade Alta, a TURMA DO PIJAMA (apenas com homens) fantasiados de pijamas listrados e tamanco. (2) Em razão de inúmeros conflitos provocados pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas entre seus membros, a agremiação teve vida curta. (2)

E 1957, foi fundada a DONA SINHÁ, composta por foliões autênticos de Olinda que participavam do Carnaval usando máscaras. Um dos integrantes lembrava fisicamente Dona Sinhá, o que inspirou o nome da troça. Seus desfiles mais marcantes aconteceram em 1957 e 1959. Começou com um estandarte improvisado, sendo posteriormente substituído por outro nas cores vermelha e amarela, confeccionado pelos próprios dirigentes do grupo.


Carnaval 1970 em Olinda, no Pernambuco - Troça Carnavalesca Mista Hiper Porca
Crédito: Olinda de Antigamente

No ano de 1960, a GIRAFA o bairro do Guadalupe, com cerca de cinquenta integrantes e uma grande alegoria de girafa, acompanhada por uma orquestra de frevo. Seu último desfile foi em 1965.

CHEGUEI AGORA desfilou em 1960 formada por ex-integrantes do Clube Toureiros de Santo Amaro, do Recife, que se desligaram por desentendimentos, desfilando até 1965. A troça carnavalesca mista venceu com o enredo Carnaval Antigo no Recife. Em Olinda, estreou na Rua Manoel Borba.

TIMBU desfilou em 1960, inicialmente no bairro do Jatobá e depois na Avenida Joaquim Nabuco, 148, Estrada de Paulista. Era composta por moradores locais, adultos e crianças. Foi criada por antigos membros do extinto Penarol Futebol Clube e encerrou suas atividades em 1964.

Ceroula

Fundada em 1962 por dissidentes da Turma do Pijama a Ceroula desfila somente com homens, no sábado e na terça-feira de Carnaval, pelas ruas da Cidade Alta. A fantasia é composta por camisa de malha, chapéu de palha, sandálias e ceroula. Não desfilou apenas no Carnaval de 1965 por ser impedida pela censura imposta pela Ditadura.


Ceroula no Carnaval de Olinda PE
Crédito: Olinda de Antigamente


PASSANDO A VASSOURA desfilou de 1960 à 1963, na Rua das Belas Artes, formado por ex-integrantes do Clube Lenhadores.

CACHORRO DO FAROL desfilou em 1963 usando máscaras de cachorros.

PAVãO MISTERIOSO desfilou pela primeira vez no Carnaval 1974, à partir da Avenida Presidente Kennedy, chegou a tornar-se um clube de segunda categoria e foi campeã do carnaval do Recife em 1981.

A BURRA teve sua estréia no Carnaval de 1974 no bairro do Rosário, e desde então, desfila na segunda-feira de Carnaval.

CACHORRãO desfilou pela primeira vez à partir da Ladeira do Varadouro em 1970. Desde então a troça carnavalesca mista é open bar.

BARCA FURADA desfila desde 1970 na Cidade Alta formado por amigos que gostavam de futebol.

JOHN TRAVOLTA, troça carnavalesca infantil que desfilou pela primeira vez em 1979, tendo o ponto de partida o bairro do Guadalupe.

BARBA PAPA desfila desde 1980 com um boneco gigante (3,5 metros) criado por Julião dos Bonecos. "A agremiação reúne entre 100 e 120 integrantes, acompanhados por cerca de 50 músicos, alguns oriundos da Escola de Samba Preto Velho." (2)

TARADOS DA SÉ foi fundado em 11 de novembro de 1987, mas desfilou pela primeira vez em 1988. (2)


Pitombeiras dos 4 Cantos - Carnaval de Olinda
Crédito: Mapa Cultural de Pernambuco

Já em 1993, nasceu a troça carnavalesca mista MULHER NA VARA, fruto de uma situação inusitada: durante o Carnaval, uma jovem caiu e ficou impossibilitada de andar. Dois rapazes improvisaram uma forma de levá-la, utilizando um pedaço de madeira. à medida que avançavam, os foliões gritavam “olha a mulher na vara!”, o que acabou nomeando a nova troça. Hoje, desfilam com uma vara de cinco metros e uma orquestra de frevo.


A MULHER DO DIA, fundada em 13 de dezembro de 1967 com o objetivo de “acabar com a solidão de tantos carnavais do Homem da Meia-Noite”. O clube Homem da Meia-Noite, entre 1932 e 1936, foi uma troça de alegoria mista. A Mulher do Dia é representada por uma calunga gigante, e suas cores são azul (simbolizando Iemanjá) e amarelo (em homenagem a Ogum). Para artistas locais, sua boneca é considerada a “Mona Lisa” de Olinda.

MENINO DA TARDE (1975), do bairro do Guadalupe, apresenta-se no sábado com uma vibrante orquestra. O primeiro boneco foi feito pelo artesão Julião; o segundo, por Silvio do Amaro Branco. (2)


- Abanadores - Severino Parafuso
- A Burra - desde 1974 - bairro do Rosário
- A Mãe é Minha - desde 2001 - Caixa d´Água
- A Porca - desde 1962
- Bacalhau do Batata - desde 1965 - Alto da Sé
- Bandida Organizada - desde 11/11/1987
- Barba Papa - desde 1980
- Barca Furada - desde 1979 - Cidade Alta
- Bengalinha (infantil) - desde 1911 - Rua do Amparo
- Bolinha de Ouro - de 1933 à 1935 - Sobrado dos Arcos
- Bonequinho - de 1910 à 1944 - Praias dos Milagres
- Caçadores - de 1920 à 1931 - Guadalupe
- Cachorrão - desde 1970 - Ladeira do Varadouro
- Cachorro do Farol - desde 1963 - Amaro Branco
- Cachorro do Homem do Miúdo - 1910
- Cariri Olindense - desde 15/02/1921 - Guadalupe
- Ceroula - desde 1962 - Varadouro
- Cheguei Agora - de 1960 à 1964 - Jatobá
- Combate - desde 1945 - Guadalupe
- Destemidos - de 1922 à 1946 - Paulista
- Dona Sinhá - desde 1957
- Donzelinhos dos Milagres - de 1932 à 1957 (não é mista)
- É Só Querer - desde 1985


Mulher do Dia, Homem da Meia Noite e o Menino da Tarde no Carnaval 2005 de Olinda
Crédito: Sky Scraper City

- Estrelinha - de 1945 à 1946 - Guadalupe
- Eu Acho é Pouco - desde 1976
- Girafa 1960 - desde 1965 - Guadalupe
- Grito da Véia - desde 2004 - Pátio de Santa Cruz (Recife)
- HipoPorca - desde 1970
- John Travolta - desde 1979 - Guadalupe
- Menino da Tarde - desde 1975 - Guadalupe
- Menino de Rio Doce - desde 1982 - Rio Doce
- Mista Combate - próximo ao Clube Vassourinhas
- Mulher na Vara - desde 1993 - Cidade Alta
- Pão da Tarde - desde 1943, na Ilha do Maruim
- Palula me Conhece - desde 2020 - Paço Alfandega (Recife)
- Papudinho - de 1910 à 1911 - Rua do Bonfim
- Passando a Vassoura - de 1960 à 1963 - Rua das Belas Artes


- Pavão de Ouro - de 1934 à 1950 - Farol depois Ilha do Maruim
- Pavão Misterioso - desde 1974 - Av. Presidente Kennedy
- Pescadores - de 1914 à 1923 - Praia dos Quatro Coqueiros
- Pijama desde 1950 - Cidade Alta
- Pitombeira dos Quatro Cantos - desde 17/02/1947 - Rua do Amparo
- Prato Misterioso - desde 1925
- Quem Fala de Nós Não Sabe o Que Diz - desde 1953
- Remadores - de 1948 à 1949
- Se Eu Flopar Me Beija - desde 2016 - Praça do Carmo
- Tarados da Sé - desde 1987 - Alto da Sé
- Timbú - 1960
- Tô Chegando Agora
- Trinca de Ás - desde 1985 - Ladeira da Misericórdia
- Verde Linho - 1938 à 1966 - Rua dos Tocos

Troça Carnavalesca
Misturadas entre clubes, afoxés, caboclinhos, maracatus, bonecos gigantes - uma das marcas registradas do Carnaval olindense, escolas de samba e muito frevo, novas troças continuam sendo criadas a cada ano. CONTINUAÇÃO AQUI



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
(2) MAPA CULTURAL DE PERNAMBUCO - Troça Carnavalesca Pitombeira dos 4 Cantos, Recife, por Lúcia Gaspar (Fundação Joaquim Nabuco), 27/11/2006
- CARIRI OLINDENSE - site oficial - caririolindense.org.br
- FUNDAJ - Troças Carnavalescas - basilio.fundaj.gov.br
- OLINDA DE ANTIGAMENTE - redes sociais oficiais (Instagram e Facebook)
- PREFEITURA Municipal de Olinda, Pernambuco
- IMAGENS - os créditos estão referenciados nas fotos


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