cantinho da folia


Afinal o que era ENTRUDO? Nada mais era do que um costume, infeliz herança de outros tempos, mas tão arraigados no ânimo do povo, que se tornava difícil convecê-lo de que era coisa que precisava ser totalmente abolida.

"Era no tempo em que ao carnaval se chamava entrudo, o tempo em que em vez das máscaras brilhavam os limões de cheiro, as caçarolas d água, os banhos..." (Um dia de Entrudo, por Machado de Assis). ,

No Entrudo molhavam-se quantos andassem pelas ruas, invadiam-se casas para jogar água em alguém.

Não importava que fosse gente idosa ou doente, quando se aproximava o domingo que precedia a Quaresma todo mundo "entrudava".
A noite era fatal, eram incomodados com laranjinhas, seringas de água, limões de cheiro, bacias de água suja ou de outros líquidos menos cheirosos.

"O entrudo manifestava o clima de zombaria pública que regia o Carnaval e foi uma brincadeira muito comum até meados do século XIX. A sua manifestação mais tradicional era conhecida como MOLHADELAS, nelas as pessoas jogavam líquidos malcheirosos umas nas outras." (11)


origem do entrudo

Entrudo evoca a vertente religiosa desta festa de origem pagã que se comemora sempre numa terça-feira, 47 dias antes do domingo de Páscoa. Isto porque marcava a entrada para os 40 dias de jejum de preparação para a Páscoa, era quando as pessoas festejavam e cometiam os PECADO DA CARNE, que eram perdoados pela Igreja na quaresma.

O "Entrudo" era um tipo de brincadeira de carnaval, possivelmente trazido pelos portugueses da Índia. Sendo a principal manifestação do Carnaval do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX Provém da palavra latina INTROITUS, que significa entradacomeço, ou seja entrada na Quaresma, período que tem início no dia seguinte, na chamada quarta-feira de Cinzas. Historicamente o Entrudo já foi chamado de "Entroydo" (século XIII), "Entruido" (século XIV) e "Emtrudo" (século XV). O Entrudo possivelmente foi trazido pelos portugueses da Índia. A brincadeira chega ao Carnaval do Rio de Janeiro no século XIX.

A festa chegou a Portugal nos séculos XV e XVI, recebendo o nome de ENTRUDO, que significava introdução à Quaresma, através de uma brincadeira agressiva (o mundo pelo avesso). Em Portugal, na capital, a brincadeira eram "pegadinhas", como untar as maçanetas com óleos fedidos, untavam as escadas para escorregarem, serviam sopas apimentadas, etc. Já no interior do país a folia tinha o costume de CHARIVARI (ou shivaree ou chivaree) faziam uma serenatas de forma brincalhona e discordante, frequentemente com batendo as panelas entre si formando música ruidosa e áspera. - CONTINUAÇÃO AQUI


por outro lado ...
Segundo Felipe Ferreira (1) : "Muitos dos deboches feitos pelos aldeões portugueses durante o Carnaval lembram uma certa bruncadeira relatada já no século XVII, que costumava acontecer no final da Quaresma e se chamava SERRAÇÃO DA VELHA, que Priore(5) escreve "A cerimônia caricata de serrar a velha realizava-se durante a Quaresma. Os dias, variavam, vindo até o sábado de Aleluia: Um grupo de foliõos serrava uma tábua, aos gritos estridentes e prantos intermináveis, fingindo serrar uma velha que, representada, ou não por algum dos vadios da banda, lamentava-se num berreiro ensurdecedor: Serra a velha! Serra a velha! E a velha gritando, gritando...".   CONTINUAÇÃO AQUI



entrudo chega ao Brasil

O Carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial e uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o ENTRUDO.   O entrudo, brincadeira praticada no período do carnaval, foi trazido para o Brasil pelos colonos portugueses no séculos XVII, por Quaresma, através de uma brincadeira agressiva, onde fazia-se esferas de cera bem finas, injetadas no interior água-de-cheiro, em que divertidamente atiravam entre si.

Os LIMÔES-DE-CHEIRO ou as LARANJINHAS erm vendidos em tabuleiros, onde eram injetados no interior a água pura ao melhor perfume (do mais simples ao mais enfeitado). Já os CASEIROS, fabricados em casa, continham substâncias mau cheirosas ou xixi (urina humana). Havia também os CARTUCHOS com pó de goma ou farinha ou gesso. E as famosas "Batalhas de Xiringas", que eram BISNAGAS ou seringas (algumas de latas), completadas com ãgua pura ou água-de-cheiro, onde eram atiravadas nas pessoas que circulavam pelas ruas e avenidas. O Entrudo foi se tornando violento e a folia momesca foi perdendo sua alegria.

O Entrudo aportou no Brasil por duas rotas : a primeira, partindo da África de onde os negros, junto com seus cantos e suas danças, contrabandearam incosncientemente a semente do carnaval; e por outra a Européia trazida de Portugal.


entrudo na corte

Como era o ENTRUDO NA CORTE? Eram a somatória de todas as lembranças clássicas de saturnálias, frebruálias, florais, festas orgiáticas assírias, festas medo-persas, festas babilônicas, pois reviviam fragmentos do carnaval.

Imperadores e ministros jogavam ovos podres e talos de hortaliças, emporcalhando fardõs e sujando sedas.

Conforme o livro "Sketches of Portugal life, manners, custume and chracter" lançado em Londres em 1826, o sissudo D.Pedro II acabou dentro de um tanque durante um entrudo.





OBRA DE ARTE : Augustus Earle - Cena de Carnaval - 1822

cronologia do entrudo.

O Entrudo é uma festa popular de origem portuguesa que foi trazida para o Brasil durante a colonização. Com o passar do tempo, essa festa evoluiu e se transformou no Carnaval brasileiro, uma das maiores festas populares do mundo. Diz Luiz da Câmara Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro: "Pelo norte, centro e sul do Brasil o movimento era geral. Água, farinha do reino, gomas ensopavam os transeuntes - águas molhando famílias inteiras em plena batalha".

Século XVII - O Entrudo é introduzido no Brasil pelos colonizadores portugueses. Era uma festa popular que consistia em jogar água, farinha e limão nas pessoas. Era uma forma de aliviar o estresse do trabalho escravo e celebrar o início da Quaresma.

Século XIX - O Entrudo começa a se transformar em uma festa mais organizada, com a participação de músicos e dançarinos. Surgem os primeiros blocos carnavalescos, compostos por pessoas fantasiadas que desfilavam pelas ruas. Diz Luiz da Câmara Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro: "entrudo brutal e alegre viveu até meados do Século XIX.

1871 - O Comercial, jornal da cidade de Feira de Santana (Bahia, Brasil), condenava o entrudo feirense em 1871: "O divertimento do entrudo passou nesta vila sem lamentar-se desgraça alguma, graças ao desuso e que vai caindo esse péssimo brinquedo" (9).

1891 - O entrudo permaneceu, entretanto, até 1891, ano em que os jornais locais dão conta das primeiras manifestações carnavalescas.


fantasias do entrudo




ABADÁ

C A R E T A S
Em outros carnavais, onde imperava o ENTRUDO, os foliões fantasiados ou mascarados grotescamente eram chamados de CARETAS. Não há evidências, mas os moradores da cidade brasileira de Salvador, afirmam que esse nome originou na Bahia. que pessoas brincavam pelas ruas e ladeiras na Bahia, envoltos em cobertas de taco, que na época, eram chamadas de ESTEIRAS DE CATOLÉ. Alguns eram chamados de CARETAS AVULSOS. Quem usavam esses estilos de fantasia, eram chamados de CARETAS.
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ESTEIRAS DE CATOLÉ



ovos perfumados (Ovi Odoferi)

No Carnaval de Veneza, transformou-se uma tendência as mulheres jogarem ovos com água cor-de-rosa (enche-se de água com pétalas florais ou perfumes) e jogava-se nos rapazes que passavam frente as suas casas, assim flertando-os (paquerando-os). Os homens mascarados circulavam a cidade enquanto as mulheres jogavam estes ovos perfumados na frente de suas casas.

Não demorou muito para virar moda carnavalesca no Brasil. Os comerciantes lucravam nessa época porque vendiam tipos diferentes de ovos perfumados, distinguindo-os em cores e perfumes.

A origem dos OVI ODOFERI nasceu na IDADE MÉDIA, onde fantasiavam-se de Bobos (ou Tolos ou Loucos ou Festa dos Inocentes) saindo em bandos na festança se agrupando nas ruas, praças, confratarias, entregando-se a dança, e jogando ovos uns aos outros. Reparem na cabeça dos foliões, esse gorro era chamado CAPUZÃO.

Os tolos da corte foram autorizados a dizer muito o que queriam. A vida religiosa era alterada para vida pagã, o sagrado dava lugar ao profano. CONTINUAÇÃO AQUI



limões de cheiro

Em 1883, o Periódico Mequetrefe anunciava : "Inicialmente realizada para prover as necessidades das brincadeiras carnavalescas dentro das casas, a fabricação de limões-de-cheiro torna-se uma atividade bastante atraente para a camada mais devalidas da população que aproveitavam para lucrar alguns tostões com a verdadeira loucura entrudística que tomava conta da cidade."

Na figura Angelo Agostini retrata o Carnaval de 1884 que aconteceu na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.

E dentre uma história e outra, o CarnAxE vai lhe contar como se preparava esses limões perfumados, CONTINUAÇÃO AQUI


entrudo chocalheiro

"Com capuz de cores garridas e máscara com um nariz saliente feita de couro, latão ou madeira já fizeram soar os seus chocalhos não só de norte a sul de Portugal, mas também em Paris, no Carnaval de Nice, no Carnaval de Viareggio em Itália, na Alemanha, em Espanha, e até em Macau"(10).

A tradição secular dos Caretos de Pondence, conhecido como Entrudo Chocalheiro, foi declarado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO E, 2019, CONTINUAÇÃO AQUI



entrudo brasileiro

Em 1808, o Entrudo brasileiro é a herança fiel e completa do entrudo português, com suas alacridades absolutas, aquela que fazia Filinto Elísio, em 1808, chorar em Paris com saudades do bródio lusitano :

Viva meu Portugual
Viva a laranja
Que derriba o chapéu
Viva a seringa
De barro, pespegada
Na saresma do ginga ou carapuça
Da farfante saloia cavaleira
Viva a folha
Rasgando pela esquina
Que assusta a velha zorra !


o entrudo renasce com as bisnagas

As Bisnagas e SERINGAS eram sucesso no Carnaval do Rio de Janeiro de 1878, assim era sucesso e jornais e revistas aclamavam a boa-vinda. "Foi outrora bastantes influente para modificar ministérios e há de ser finalmente vencido pela bisnaga, que é uma nova edição do limão-de-cheiro.

É que a bisnaga conserva-se popula, em quanto o princez supôe-se aristocrata desde que se alista em alguma sociedade.

O Carnaval envelhece e o ENTRUDO RENASCE", assim retratava .... CONTINUAÇÃO AQUI


relato de um entrudo

O Jornal Correio Mercantil descrevia o Entrudo do Carnaval da Bahia em 1844 (3) : "Que pelo tempo do Carnaval hajam diferentes folgazes, hajam forças e bailes mascarados como na Itália, como em Paris. Ainda bem que são divertimentos, são passa tempos que podem ter graça e realmente causar muito prazer, mas que receio, que gosto pode haver em molharem-se e emporcalharem-se uns aos outros?
Coisa mais desagradável, mais bárbara e indecente dos homens, aliás bem educados e honestos, todos sujos e furiosos, lutando com todo o mundo; e senhoras da mesma ordem desgrenhadas, como fúrias, com roupas pegadas no corpo e gotejando águas e mil porcarias.
Há raro o combate de Entrudo que, começando por LIMAS-DE-CHEIRO, não acabe em lama, em tisna, em toda laia de porcaria: assim como de maravilha, passará um Entrudo (...). Impossível me parece, que a atual geração se obstenha das barbaridades, e porcarias desses dias de devassidão e de loucura."




entrudo familiar e popular


obra de arte : Entrudo (FAMILIAR) - Márcio Mello

Para o historiador Felipe Ferreira (1), o Carnaval do Rio de Janeiro, no início do século XIX, se organizava em torno de dois tipos de entrudos :

ENTRUDO POPULAR - grosseiro e característico das ruas da cidade

ENTRUDO FAMILIAR - mais delicado e familiar, que tinha lugar dentro das casas senhoriais.

Com o intuito de CIVILIZAR esses festejos, considerados grosseiros e ligados ao passado colonial, a "Elite Carioca" importaria o carnaval parisiense (Paris, Franç), com seus bals masqués em teatros e salões.

Para se chegar aos bailes, organizavam-se cortejos de carruagens. Estes acabavam por se deparar com as brincadeiras populares que não tinham desaparecido. Oresultado desse encontro entre os diferentes grupos carnavalescos seria a hierarquização das vias urbanas. As modificações por que passaria a festa traduziriam, dessemodo, não somente a tensão e a oposição entre as classes sociais, mas também sua abertura ao diálogo. O moderno carnaval brasileiro é, portanto, um casamento entreas tradições populares e o modelo estrangeiro, tomando posse do espaço público e se transformando na festa de toda uma cidade, de toda uma população. O entrudo popular era visto com maus olhos pela elite, pois era considerada uma festa imoral e indecente. No período imperial, surgiu na sociedade o desejo de "arrumar" o ambiente do carnaval.


Por volta de 1800 havia uma separaço entre Entrudo (anárquico) e o Carnaval (Organizado, uma festa para descontraçãoo das elites). Os nobres e a elite passaram condenavam o ENTRUDO POPULAR e até mesmo o ENTRUDO FAMILIAR,considerando-o também uma prática incoviniente e bárbara. Mas em 1855 que o Carnaval ganha força as ruas, onde os artistas e intectuais defilam fantasiadas em carros alegóricos (corsos) e começaram a organizar um NOVO CARNAVAL inspirado nos carnavais da Europa (Paris, Nice e Veneza) e passaram a fazer bailes mascarados e os passeios das carruagens (Corsos).


mania de seringá-la para o flerte

O Entrudo que estava perdendo populariedade no carnaval, ganha força com o surgimento das bisnagas/seringas na brincadeira. E os jornais da época anuciaram "Volta do Entrudo", que ele estava ganhando notoriedade entre os folióes novamente.


bisnagas de entrudo eram alugadas

Em 1886 as binasgas de entrudo poderiam ser alugadas em grandes lojas de magazines conforme notícia do Jornal Libertador da cidade de Fortaleza, no Ceará em 04 de fevereiro.



entrudo retratado por debret

Jean-Baptiste Debret eternizou em seus trabalhos a brincadeira do Entrudo, e relatou: "Vi, certo Carnaval em que alguns grupos de negros mascarados e fantasiados de velhos europeus imitavam-lhes os gestos... eram escoltados por alguns músicos, também de cor e igualmente fantasiados." (7)



o entrudo retratado pelos periódicos





um dia de entrudo

No Entrudo os foliões jogavam umas contra as outras limões contendo água de cheiro ou misturas mau-cheirosas ou até urina. Jogavam-se goma, gesso, pó-de-mico e polvilho. Uma tremenda fuleragem (bagunça). Das sacadas das residências jogavam seringas com água ou mesmo bacias com grande proporção de água.



o entrudo em quadrinhos



imprenssões de um entrudo




surge os primeiros sinais de censura aos festejos

Represália ao Entruto: No início da era Cristã, começaram a surgir os primeiros sinais de censura aos festejos mundanos na medida em que a Igreja Católica se solidificava, onde determinava que esses festejos só deveriam ser realizados antes da Quaresma. Entrudo passou a ser reprimido com ordens policiais, mesmo assim, as "laranjinhas" e gamelas com água continuavam existindo. Foi exatamente neste período que o Carnaval começou a se originar de forma diferente.

Na segunda metade do século XIX, o jornal Diário da Bahia e a Igreja Católica criticavam e pediam providências ãs autoridades policiais contra o Entrudo. Quando se aproximava o domingo anterior ã Quaresma, todo mundo "entrudava". Apareciam pelas ruas em forma de bandos os "Caretas" envoltos em cobertas, esteiras de catolé, folhas de árvores e abadás - uma espécie de camisa de manga curta bastante folgada, atingindo a curva dos joelhos, que os negros usavam.

No Entrudo, molhava-se quantos andassem pelas ruas, invadia-se casas para molhar pessoas e não se importava que fosse gente doente ou idosa

Em 1883 e 1884, a Câmara Municipal de São Paulo publicou uma nota em diversos jornais da cidade absolutamente PROIBINDO O JOGO DO ENTRUDO por ser perigoso e por ser prejudicial a saúde pública. Em 1876, o Gazeta de Notícias anunciava: "O Carnaval no Rio da Prata não é carnaval, é Entrudo. Em Monteviéu, por exemplo, o jogo de água, dos ovos e de muitos outros objetos toma proporçõs assustadoras e tão assustadoras que há uma hora da tarde dos tres dias de carnaval o povo é avisado por um tiro da peça para evitar que saia a rua. A cidade fica então em perfeito estado de sítio." (8)

"Em Buenos Aires sucede quais a mesma coisa. Este ano, porém o Presidente da Comissão Municipal dirigiu-se a população em um manifesto, pedindo-lhe de auxiliar a autoridade o empenho de acabar com o ENTRUDO substituindo-o pelos prazeres licitos do Carnaval, evitando que o menor desgosto venha pertubar, nem mesmo momentaneamente, o regozijo e a harmonia que devem reinar na mais celebrada das suas festas populares." (8)



Já no Rio de Janeiro no Carnaval de 1853, o fiscal da Freguesia da Candelária declarou a proibição do Entrudo proporcionando uma pena de quatro a doze mil réis; e não e se nã teria de dois a oito dias de prisão. Se fosse Escravo seria preso por oito dias, caso o seu senhor não desse cem acoites. (6)


edital de censura a folia

Edital na íntegra de 1867: "O Dr. Antonio Rodrigues da Cunha, cavaleiro das ordens de Cristo, Imperial a Rosa e Real Conceição da Vila Viçosa, 2º Delegado da Polícia da Corte, por S.Majestade o Imperador que Deus guarde: Faço saber aos que o presente edital virem que se acha em execução a seguinte postura:

Tít. 8.2 - Fica proibido o jogo do entrudo dentro do município; qualquer pessoa que o jogar incorrerá na pena de 4$ e12$, e não tendo com que satisfazer sofrerá oito dias de cadeia caso seu senhor não o mande castigar no calabouço com cem açoites, devendo uns e outros infratores ser conduzidos pelas rondas policiais a presença do juiz, para os julgar &aagrave; vista das partes e testemunhas que presenciarem a infração.

As laranjas do entrudo que forem encontradas pelas ruas ou estradas serão inutilizadas pelos encarregados das rondas.

Aos fiscais com seus guardas também fica pertecendo a execução da postura. E bem assim fica proibido das 20 horas da noite até 4 horas da manhã, andarem indivíduos pelas ruas da cidade com máscaras, sendo os infratores presos e punidos com a pena de desobediência.

E para que chegue a notícia de todos, mandei publicar o presente edital.
Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 1867.
E eu, Joaquim Xavier de Melo, escrivão de polícia, o subscrevi."



o entrudo chega ao fim



o carnaval começa a se originar de forma diferente

Por volta de 1800 havia uma separaço entre Entrudo (anárquico) e o Carnaval (Organizado, uma festa para descontração das elites). Os nobres e a elite passaram condenavam o ENTRUDO POPULAR e até mesmo o ENTRUDO FAMILIAR, considerando-o também uma prática incoviniente e bárbara. Mas em 1855 que o Carnaval ganha força as ruas, onde os artistas e intectuais defilam fantasiadas em carros alegóricos (corsos) e começaram a organizar um NOVO CARNAVAL inspirado nos carnavais da Europa (Paris, Nice e Veneza) e passaram a fazer bailes mascarados e os passeios das carruagens (Corsos).



Entrudo das Cores na Índia

O Holi Festival ou Festival das Cores é realizado atualmente entre fevereiro e março no norte da Índia, celebrando o início da Primavera, onde as pessoas atiram tintas e pós coloridos umas as outras, com muita bebida, comida e música, como forma de simbolizar a vitória do Bem (Primavera) contra o Mal (Inverno). Essa brincadeira se assemelha ao Entrudo de outrora. O Festival Hindú também conhecido como Dhulheti, Dhulandi ou Dhulendi, CONTINUAÇÃO AQUI.



Entrudo das Cores no Peru

Atualmente no Carnaval de Moyobambino, na cidade de Moyobamba, no Peru, resgata a tradição carnavalesca o que mais parece com um entrudo das cores, onde uns jogam nos outros pó colorido e água, mesmo que não utilizam esse slogan ou considerem um entrudo. No Carnaval de Moyobambino os bonecos gigantes se misturam aos cabeçudos em um grande desfile carnavalesco puxados por Bandinhas, ao meio de índios e culturas folclóricas locais, CONTINUAÇÃO AQUI.



zé pereira

No Brasil, surgiu uma brincadeira carnavalesca chamada o ZÉ PEREIRA, onde grupos percorriam as ruas tocando bumbos, zabumbas e, CONTINUAÇÃO AQUI.


nas páginas da história
E têm-têm muito mais trajetória histórica carnavalesca, desfrute das pinceladas do ENTRUDO, passeando entre os CHARIVARIS e os CARETOS jogando água com BISNAGAS (Avó do LANÇA-PERFUME) ou atirando LIMÕES PERFUMADOS. Pulando na história para o ZÉ PEREIRAS acompanhado pelos GIGANTONES, dos CABEÇUDOS, dos BONECOS GIGANTES DE OLINDA, e dos BONECOS DE MÃO, entre BATALHAS DE CONFETTI, grandes em grandes BAILES regados a CONFETES e SERPENTINAS.



BIBLIOGRAFIA
- Pesquisadora Lilian Crisitina Marcon
(1) FERREIRA, Felipe - O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, Edição Ediouro 2004
(2) SCHWARCZ, Lilia Moritz - Livro As Barbas do Imperador, D.Pedro II, um monarca nos trópicos, Editora Companhia das Letras
(3) Correio Mercantil, Bahia, 12 de março 1844, ano 1844, edição 57
(5) PRIORE, Mary del Priore - SEE+
(6) BARRETO, Luiz Antonio - Um Novo Entendimento do Folclore e Outras Abordagens Culturais, Sociedade Editorial de Sergipe, 1994
(7) DEBRET, Jean Baptiste -Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, T. I, pag. 220, 1836)
(8) Gazeta de Noticias, 29 de fevereiro 1876, ano II, nr60
(9) O Comercial, fevereiro 1871
(10) Escapada Rural Portugal, Entrudo Chocalheiro, 09/02/2023
(11) Biblioteca Prof. Lydio Machado Bandeira de Mello, Origem do Carnaval 2000
- AGOSTINI, Angelo - As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora, pag. 67 - Editora Senado Federal
- ASSIS, Machado - Livro Um dia de Entrudo
- Biblioteca Nacional, BN Digital
- CASCUDO, Luís da Câmara - Antologia do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro: Ediouro, Terra Brasilis
- COSTA, Haroldo - 100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro
- DEBRET, Jean Baptiste - Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, T. I, pag. 220, 1836
- TEIXEIRA, Cid (Cid José Teixeira Cavalcante) - Antologia por Cid Teixeira
- Gazeta de Noticias, 01 de fevereiro 1876, ano II
- Gazeta de Noticias, 29 de fevereiro 1876, ano II
- Libertador, Fortaleza, 04 de fevereiro de 1886
- Periódico A Paródia, Lisboa PT, nr6, 21 fevereiro 1900
- Periódico O Mequetrefe, 1879, ed-159
- Periódico O Mequetrefe, 1886, 10 de março
- Periódico O BESOURO, Rio de Janeiro, fevereiro 1848
- Periódico O MOSQUITO, Rio de Janeiro, 05 fevereiro 1875, n282, pag2, ano7
- Periódico O MOSQUITO, Rio de Janeiro, fevereiro 1877
- Periódico O MALHO, Rio de Janeiro, 21 fevereiro 1903, n23, pag.-6, ano2
- Revista Illustrada, RJ, ano4, nr152, pag 7, fev 1879, Angelo Agostini
- Revista Illustrada, RJ, ano5, nr195, pag 4, fev 1880, Angelo Agostini
- Revista Illustrada, RJ, ano9, nr373, pag 4, fev 1884, Angelo Agostini
- Revista Quadrinhos do Z&eaxute; Pereira
- Revista Vida Artistica, Lisboa Portugal, nr 42, pg5, 02/03/1912


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